O INPE fornece imagens das áreas inundadas através de seus satélites próprios e dos satélites e constelações
Equipes do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), Dataprev e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) se reuniram no último final de semana para estabelecer estratégias para garantir o pagamento do Auxílio Reconstrução, medida do Governo Federal que busca amparar as famílias vítimas das enchentes. O pagamento do auxílio será efetuado em parcela única, no valor de R$ 5,1 mil, às famílias gaúchas.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) é o órgão responsável por fornecer a mancha, ou seja, as imagens das áreas inundadas, capazes de auxiliar na identificação de todos os bairros e pessoas atingidas pelas enchentes, através de seus satélites próprios e dos satélites e constelações disponibilizados através da adesão a Carta Internacional Espaço e Grandes Desastres.
“O Brasil participa de uma instituição chamada Carta Internacional Espaço e Grandes Desastres, que tem 270 satélites monitorando várias áreas do planeta. Todas as vezes que têm desastres naturais, a gente direciona as imagens para aquela área. E, com isso, a gente tem uma maior precisão de qual é a mancha, qual é a área que foi inundada no Rio Grande do Sul, para possibilitar esse cruzamento por dados da Dataprev, e ser eficaz no atendimento às pessoas e às famílias que têm o direito ao auxílio”, informou a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos.
A Dataprev, empresa pública vinculada ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), disponibilizou, em uma semana, um sistema que permite às prefeituras listarem as ruas afetadas e o cadastro das famílias que ficaram desabrigadas ou estão desalojadas.
A partir dos dados coletados, cruza as informações do INPE, com as ruas, os endereços e nomes das pessoas que estão requerendo o benefício. No menor tempo possível, faz a conferência com outras bases e processa os dados, para definir com a melhor qualidade possível as pessoas que efetivamente têm direito.
A mancha
A magnitude e a extensão dos danos causados pelos eventos climáticos extremos são imensuráveis, assim como são as consequências devastadoras que eles trazem para as comunidades locais. É fundamental unir esforços para oferecer assistência e suporte às pessoas afetadas, visando mitigar os danos e promover a recuperação das áreas atingidas.
O Governo Federal tem trabalhado de forma coletiva e contínua e busca agregar os conhecimentos e trabalhos locais. Por isso, foi solicitado ao Governo do RS a base de informações com a qual trabalha, assim como aos municípios a indicação das ruas afetadas e as informações sobre os níveis dos terrenos nas cidades.
Imagens de satélites:
A dimensão da enchente histórica que atingiu o estado Rio Grande do Sul foi registrada pelo Inpe em uma única imagem. O satélite brasileiro Amazonia 1 capturou, no início do mês, uma área equivalente a 57% do território gaúcho. A foto mostra a inundação nas principais bacias hidrográficas atingidas pelas chuvas extremas.
“Em um evento de enchente de grande escala, como é este, o satélite é uma ferramenta essencial porque permite visualizar o global”, explica o pesquisador Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do INPE, Laércio Namikawa. “As imagens de larga escala permitem observar onde estão os maiores danos, permitindo uma resposta mais ordenada do que uma baseada em visão local”, complementa
O pesquisador é o responsável pelas aquisições de imagens e ponto focal da Carta Internacional Espaço e Grandes Desastres (Disasters Chapter), uma iniciativa que reúne 17 agências espaciais. A colaboração internacional permite que, a partir do registro de um desastre de grande escala, os satélites integrantes da iniciativa sejam direcionados para adquirir imagens que auxiliem nas medidas de resposta a desastres.
A ativação para o desastre no Rio Grande do Sul adquiriu mais de 800 imagens e mais de 60 mapas estão disponíveis. O conjunto de imagens providas por satélite permite verificar a extensão dos danos em áreas plantadas, áreas industriais e residenciais.
O Amazonia 1 está equipado com a câmera de visão larga (sensor WFI) e fica em órbita baixa a cerca de 700 km de distância da Terra. Desenvolvido pelo Brasil para monitorar o desmatamento na Amazônia, o equipamento consegue ‘ver’ uma área de 800km de largura.
O sensor desenvolvido no Brasil sob demanda do Inpe está instalado no CBERS 4 e CBERS 4A, além do Amazonia 1. De acordo com o satélite, a resolução espacial da câmera pode variar entre 55 e 64 metros.
De acordo com Namikawa, câmera com essa capacidade é única no mundo. A frequência de aquisição de imagens varia de três a cinco dias, de acordo com o satélite. CBERS 4 e Amazonia 1 registram imagens do Brasil a cada três dias e CBERS 4A a cada cinco dias.
O estado do Rio Grande do Sul tem como área total mais de 281 mil km² e a imagem registrou cerca de 160 mil km². A imagem registrada capturou área de cerca de 400 km de largura, da região de Santa Maria até o litoral gaúcho, e 400 km de altura, abrangendo o Noroeste, acima de Passo Fundo, até a Lagoa dos Patos. A imagem mostra a inundação das principais bacias atingidas pelas cheias, como Jacuí, Caí e Taquari, além dos rios Pardo, dos Sinos e o Guaíba.
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