O CryptoID esteve presente ao CIAB Febraban 2015 e fez uma entrevista exclusiva com Gustavo Fosse, diretor Setorial de Tecnologia Bancária da FEBRABAN com o foco na identificação digital
A edição comemorativa pelos 25 anos reuniu este ano no CIAB, entre os dias 15 e 18 de junho, mais de 2 mil congressistas e cerca de 17 mil visitantes em São Paulo confirmando seu título do maior evento de Automação Bancária da América Latina.
Foram apresentados por 200 palestrantes, 60 painéis com trilhas sobre: TI, Telecom, Segurança da Informação, Meios de Pagamentos, Seguros e Bancos: Internacionais, de Investimento, Comerciais e Financeiras.
Além dessas trilhas temáticas, durante o evento também foram abordados temas como novas tecnologias, comportamentos e oportunidades de negócios; experiência do usuário como diferencial nos negócios; computação cognitiva; marketing 3.0; big data, analytics, mobilidade, internet das coisas e cloud computing.
Gustavo Fosse nos concedeu uma entrevista, que transcrevemos a seguir, sobre as novidades tecnológicas em torno da identificação digital.
CryptoID – Gustavo, durante a visitação à feira desse ano, percebemos muitas soluções de autenticação e assinatura como uso de biometria e assinatura manuscrita em dispositivos móveis. Em sua opinião quais são as apostas para o próximo biênio em relação a identificação digital para transações financeiras?
Gustavo Fosse – A Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancaria 2014 que apurou que em 2014 as despesas e investimentos em tecnologia realizados pelos bancos brasileiros foram de R$ 21,5 bilhões que nos coloca em paridade com países como Estados Unidos e França. E isso, reforça a preocupação dos bancos brasileiros com a prestação de serviço e com a experiência do cliente para oferecer mais eficiência e comodidade em seus canais de atendimento.
Dentro dessa estratégia, sim, os bancos estão apostando fortemente na identificação digital por biometria, mas não há um padrão definido. Cada banco tem estratégia própria em relação ao padrão de biometria para autenticação e assinatura de transações. Seja fingerprint ou biometria da palma da mão, além de outras tecnologias de identificação digital dos clientes.
O Banco Central vem trabalhando na regulamentação de padrões de identificação digital, assinatura eletrônica e validade do documento eletrônico e nós da FEBRABAN estamos colaborando. Quando sair essa regulamentação do BACEN vamos ter uma revolução na forma de tratar dos documentos eletrônicos assim como aconteceu com a revolução da compensação digital onde nós proporcionamos ao cliente mais agilidade e praticidade na compensação de cheques e nós bancos, ganharemos eficiência operacional. Todo mundo sai ganhando.
Quando tivermos a validade do documento digital vai ser uma revolução na forma do atendimento ao cliente, com eficiência operacional e rentabilidade do consumo de infraestrutura.
CryptoID – O que essa regulamentação do BACEN terá a mais que a MP 2200/02 que já trata de assinatura digital e padrões de documentos eletrônicos no âmbito da ICP-Brasil?
Gustavo Fosse – Na realidade, serão regulamentados os padrões mínimos. Por exemplo: definição imagem, de megapixels, padrões de cores etc. Hoje não existe um padrão para o documento eletrônico ou digitalizado e então não temos definições claras de quais documentos físicos podem ser descartados.
O que buscamos é que os documentos já nasçam digitais para termos mais agilidade nos processos, melhoria de atendimento e para pouparmos o meio ambiente. O fluxo com documentos digitais gera uma resposta mais rápida, por isso, a importância de termos a definição dos padrões o quanto antes.
Mas, existem ainda alguns trâmites que precisamos fazer que envolve, por exemplo, a justiça e a polícia federal. Os padrões definidos em conjunto com a polícia federal têm por objetivo avaliar se conseguiremos analisar fraudes com os padrões definidos. Portanto, existem outros setores, e não só os bancos, trabalhando nessa padronização junto ao BACEN. São realizadas reuniões, inclusive com a FEBRABRAN, para sugerirmos o que cada instituição entende como melhor e mais seguro. Sempre com foco no conforto e na conveniência dos clientes.
CryptoID – Você acha que os bancos de senhas serão extintos e substituídos por outras tecnologias?
Gustavo Fosse – Isso depende da estratégia de segurança de cada banco, o que eu vejo são combinações. Existem bancos que usam várias combinações para você sacar dinheiro no caixa, se você usa a senha e a biometria tem um limite maior de saque, só a biometria ou só a senha são outros limites. Mas eu acho que as senhas ainda vão durar um bom tempo, porque se você estiver acessando, por exemplo, de um desktop, eu não sei se você terá condições de capturar a biometria e no padrão exigido pelo banco.
Os bancos estão procurando dar para o cliente acesso a todos os canais na hora que ele quiser, do jeito que ele quiser, então se ele for entrar na central de atendimento por telefone, e seu banco tem por política pedir a senha para fazer uma transação, ver um saldo, ou qualquer outra coisa, como ele vai colocar biometria? O cliente terá que utilizar suas senhas e responder alguns desafios.
Alguns bancos aceitam a biometria do celular, o touchID outros não. Existe também a questão de que alguns modelos de smartphones não possuem a captura do touchID. Como a biometria necessita de um dispositivo e existem padrões mínimos para isso, na minha opinião, as senhas ainda vão durar muito tempo.
CryptoID – Você acha que os fornecedores de dispositivos terão condições de oferecer ao mercado dispositivos com a tecnologia que atenda os padrões dos bancos e com preços acessíveis?
Gustavo Fosse – Em 2014 nós chegamos a ter 50% de transações feitas pelo mobile. Um dos fatores do alto crescimento das transações no mobile foi justamente a penetração que o smartphones teve na sociedade brasileira. Em 2013 nos tínhamos 27% dos usuários de telefonia com smartphone e em 2014 esse numero subiu para 41% e a perspectiva é que esse numero dobre nos próximos 5 (cinco) anos, segundo o banco mundial.
Hoje em dia as pessoas deixam de suprir necessidades básicas para comprar algo que esteja em sua lista de desejo como um smartphone e o Brasil é um dos maiores consumidores de smartphones. A tecnologia no smartphone tende sim a baratear e com isso levará o banco a qualquer lugar.
CryptoID – E Biometria por voz? Existe algum banco usando?
Gustavo Fosse – Os bancos estão testando biometria por voz, por íris e biometria facial.
CryptoID – E sobre a certificação o digital?
Gustavo Fosse – Existem muitos bancos que usam, mas eu vejo a certificação digital mais para o mundo corporativo aplicada a troca de informações. Eu não vejo uma tecnologia substituindo a outra. Eu vejo as tecnologias se complementando. Tecnologias aplicadas a nichos específicos, mas sempre se complementando.
A certificação digital é muito importante na troca de informações entre os bancos. Hoje a COMP Digital é apoiada em cima de certificação digital e isso não tem substituição. É um instrumento muito seguro. Agora, para pessoas físicas, a biometria é mais fácil.
Nós temos ainda a tecnologia do QRCODE que vai ter muita utilidade em termo de segurança. Você pode criptografar um QRCODE.
CryptoID – E onde seria usado essa tecnologia?
Gustavo Fosse – O QRCODE pode ser usado para saque. Você autentica o QRCODE no seu celular e usa para sacar o dinheiro. Também é utilizado em documentos e para autorização de transações mesmo em computador.
Vocês do CryptoID estão convidados para irem a Brasília acompanharem alguns testes com o uso dessas novas tecnologias.
CryptoID – E nós iremos mesmo!
Bem, esse ano a feira nos surpreendeu pela quantidade de soluções apresentadas no âmbito da identificação digital para transações financeiras, principalmente, no espaço inovação além de outras empresas. Muita coisa sobre biometria, criptografia, identificação digital, assinatura em tablets e dispositivos móveis, leitores biométricos de fluxo sanguíneo, reconhecimento facial e muitas outras soluções que apresentaremos nas próximas semanas.
No mais, foi muito bom rever os amigos e conferir ao vivo a audiência do nosso portal! Muito bom mesmo ver que o CryptoID está presente em um dos principais segmentos econômicos da sociedade brasileira.
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