Estabelecimentos que desejam oferecer o Wi-fi podem responder civilmente em caso de delitos praticados por meio da sua rede
Ao oferecer wi-fi aos consumidores que frequentam um estabelecimento comercial, o proprietário deve sempre levar em conta dois aspectos na segurança da rede: o seu próprio e o de quem frequenta. Isso porque além do prejuízo à imagem, a empresa está sujeita a responder na justiça, civilmente, em caso de crimes ou ações danosas praticadas por usuários.
De acordo Fernando Neves, presidente AirTight – especialista em soluções de segurança para ambientes de rede sem fio –, o nível básico de segurança é impedir que o usuário seja hackeado, consiga acessar o provedor correto sem “ninguém” intermediando, hackeando ou observando o tráfego de dados. Ele destaca que o problema está, principalmente, quando os estabelecimentos usam um roteador doméstico para fornecer o wi-fi aos clientes.
Neves explica que a maioria das ameaças à segurança do usuário – como invasão, roubo de dados e instalação de vírus – acontece em redes públicas. Se a empresa usa um roteador doméstico, o índice chega a ser acima de 78%.
“Esse roteador não tem segurança suficiente para atender um ambiente público. Ele foi dimensionado para atender, no máximo, de 20 a 25 dispositivos. Uma rede de um restaurante, por exemplo, atende muito mais do que isso por dia. Acaba refletindo na segurança e na qualidade do wi-fi ofertado pelo local”, reforça.
Quanto ao risco de desrespeitar o Marco Civil da Internet, o especialista explica que o conjunto de normas define que, quando o estabelecimento fornece internet (gratuita ou paga) aos clientes que frequentam o local, ele é equiparado a um provedor, ainda que não seja.
“Significa que se for constatado um delito, crime ou ação danosa realizada dentro da rede dele, recai sobre o CNPJ da empresa ou o CPF do contratante do circuito, ou seja, de quem forneceu o acesso. Cabe a ele identificar quem fez o acesso e o crime, sob pena de, se não o fizer, a própria empresa responder à Justiça. Empresas maiores estão se precavendo, mas muita gente ainda não está ciente desse risco”.
Neves acredita que condicionar o uso livre da internet ao preenchimento de um formulário de cadastro pelo cliente é ineficaz, pois não há garantia de que os dados informados são reais e verdadeiros. O ideal, neste caso, seria oferecer ao usuário a possibilidade de usar o mesmo login, senha e dados de algum perfil já existente em rede social. Isso porque, caso necessário, é mais fácil de rastrear quando e onde um perfil foi criado, mesmo que seja falso. “É mais fácil de identificar, fazer a solicitar ao Facebook, por exemplo, de onde o perfil foi criado. Os indícios são mais fortes e plausíveis a serem seguidos”, comenta.
Uso de acordo com o perfil
Uma pesquisa da AirTight feita no início do ano nos EUA mostrou que 27,5% das lojas que oferecem rede sem fio para os clientes registraram um aumento significativo dos níveis de fidelidade. Além disso, 82% das empresas de varejo médias e grandes já instalaram wi-fi em suas lojas, enquanto 57% dos estabelecimentos oferecem conexões wi-fi tanto para clientes quanto para funcionários.
A empresa ainda não divulgou a pesquisa realizada em solo brasileiro, mas Neves acredita que ao longo de 2015 cerca de 17 mil estabelecimentos deverão adotar este tipo de serviço no País. Enquanto isso, o especialista aponta algumas diferenças no que é oferecido lá e aqui.
[blockquote style=”1″]No Brasil não temos o hábito de oferecer serviços extras, como wi-fi e estacionamento, que geralmente são pagos a parte. Nos Estados Unidos, é sempre planejado”, explica Fernando Neves.[/blockquote]
No caso da oferta de wi-fi, depende do segmento do estabelecimento. Se é um restaurante, o uso é durante o tempo de permanência – enquanto espera a comida ficar pronta ou enquanto a consome. Já em uma loja de roupas, a internet é mais usada para comparar preços ou trocar impressões com amigos.
“Com o sistema de wi-fi, o lojista pode ter informações sobre o seu público e ver o que fazer para melhorar seu atendimento. Já o usuário poderá ter um serviço mais personalizado em relação à experiência”, conclui.
Os riscos e as vantagens de oferecer wi-fi aos consumidores será um dos assuntos debatidos no VII Congresso Fecomercio de Crimes Eletrônicos. Clique aqui para saber mais sobre a programação, palestrantes e inscrições.
Fonte: FECOMÉRCIO/Por Jamille Niero