Vou começar esse texto deixando claro que existe uma confusão natural em um processo tão disruptivo quanto o Open Banking, onde nesse início muitos entendem os bancos digitais como sendo seguidores do conceito Open Banking e apesar de em alguns aspectos os dois estarem bem próximos e até podemos considerar um o estágio inicial para o outro, na essência são propostas completamente distintas.
Por Eder Souza
Existem diversos bancos digitais já em operação no mundo e inclusive alguns aqui mesmo no Brasil e esses são fortemente usuários da tecnologia e levam seus serviços aos clientes exclusivamente através de canais eletrônicos, como Internet Banking, Mobile Banking e ATMs. Os bancos digitais normalmente não contam com atendimento presencial ou agências físicas e tudo é resolvido através de aplicativos desenvolvidos para esse propósito.
Ainda sobre os bancos digitais, mesmo eles sendo grandes usuários da tecnologia, na maioria das vezes eles ainda não são adeptos do Open Banking, pois todos os aplicativos fornecidos aos clientes são desenvolvidos e mantidos pelas Instituições Financeiras e na maioria esmagadora das vezes, não é possível para um terceiro, desenvolver e integrar sua aplicação ao centro operacional da instituição.
Assim, mesmo esses bancos sendo grandes investidores de plataformas baseadas em APIs (Application Program Interfaces), essas APIs geralmente estão fechadas e só são disponibilizadas ao time interno.
Já o conceito de Open Banking prega um modelo completamente diferente, onde as Instituições Financeiras se concentram no seu serviço primário e oferecem interfaces baseadas em APIs, que possibilitam que outras empresas desenvolvam aplicações que tragam valor ao cliente final.
Nesta situação os bancos ficariam preocupados com o que realmente importa para eles e deixariam a necessidade de desenvolvimento de aplicações e até formatação de novas propostas de serviço para as empresas que estão mais próximas dos clientes.
Esse é um novo paradigma para o setor financeiro mundial e existem países que estão mais avançados no tema, principalmente os Europeus e enquanto alguns enxergam oportunidades, diversos acabam enxergando os riscos, pois em uma plataforma aberta seria mais fácil comparar os ônus e bônus e cada Instituição Financeira e assim o cliente teria uma capacidade maior para decidir qual banco está mais próximo das suas necessidades.
Em setembro de 2015, a pedido do governo Britânico, foi fundada o “The Open Baking Working Group” que é um grupo formado por bancos, fintechs e outros e tem como objetivo discutir e apresentar propostas para a criação de um framework destinado a padronizar as APIs e chamadas e assim oferecer ao mercado um modelo único para integração, permitindo que as empresas ganhem agilidade no entendimento e na publicação de aplicativos.
Outro movimento importante foi a criação do “Open Bank Project”, que é um projeto liderado pela TESOBE, uma empresa alemã e oferece mais de 130 endpoints RESTful contendo transações como extrato, pagamentos, metadatas e outros.
O propósito do “Open Bank Project” é entregar um barramento de serviço já preparado para suportar um projeto de Open Banking e como o licenciamento esta na modalidade open source, é possível modificar esse barramento para atender necessidades especificas das instituições financeiras que o utilizarão.
No site www.openbankproject.com é possível ter acesso ao repositório Git contendo o projeto a ser instalado e na seção Apps estão publicados os aplicativos que são compatíveis com a plataforma e estão prontos para ser integrados ao ambiente do Banco.
Concluindo, com a larga adoção do Open Banking por parte dos bancos, será possível ter aplicativos que permitirão configurar e operar diversas contas de bancos distintos e assim, o usuário poderá ter um único aplicativo e se relacionar com diversos bancos.
Também com uma integração direta no Sistema Operacional do dispositivo móvel, em um futuro próximo nem o aplicativo seja necessário, pois as funções financeiras já estão presentes no dispositivo.
As opções e oportunidade são muitas e essa discussão só está começando!
- Mestre em Engenharia de Software pelo IPT-SP, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV e especialização em Segurança da Informação pelo IBTA e bacharel em Ciências da Computação pela FAC-FITO.
- Professor do curso de Segurança da Informação do Instituto Brasileiro de Tecnologia Avançada e responsável pelo tema Criptografia e Certificação Digital.
- Atua há quinze anos na área de Tecnologia e Segurança da Informação e atualmente é Diretor Técnico na e-Safer Consultoria.
- Vivência no desenvolvimento de produtos e implantação de soluções de Segurança e Certificação Digital em empresas de grande porte.
- Eder é colunista e membro do conselho editorial do CryptoID.
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