Apesar de número alto, apenas um quarto das companhias entrevistadas têm programas de Inteligência Artificial
Enquanto 84% de líderes globais acreditam que a Inteligência Artificial Responsável (IAR) deve ser uma das prioridades da alta gestão, apenas 25% destes têm programas maduros da tecnologia — é o que mostra um estudo elaborado pelo Boston Consulting Group em parceria com o MIT Sloan Management Review (MIT SMR).
O relatório é baseado em uma pesquisa global com mais de mil executivos de 22 setores e 96 países, líderes em organizações que faturam mais de US$ 100 milhões anualmente. O documento conta, ainda, com análises e insights coletados em um painel internacional com mais de 25 especialistas em IA.
Ainda não tão popular na mídia e nos negócios, o termo “Inteligência Artificial Responsável” é definido pelo MIT SMR e BCG como “uma estrutura com princípios, políticas, ferramentas e processos para garantir que os sistemas de IA sejam desenvolvidos e operados a serviço do bem, para as pessoas e sociedade, enquanto ainda possibilitam um impacto de negócios transformador”.
O relatório, realizado para avaliar o grau em que as organizações abordam o IAR, mostra que quase um quarto dos entrevistados relatou que sua empresa sofreu com alguma falha de inteligência artificial — desde meros lapsos técnicos até questões de maior potencial, como vazamento de dados.
Apesar da clara necessidade de uma inteligência artificial responsável, menos de um quarto das organizações ouvidas pelo BCG contam com um programa implementado, que busque abordar os riscos da tecnologia e o impacto nas pessoas de forma proativa.
“Estamos avançando na discussão, mas ainda é um tema pouco maduro nas organizações, especialmente no Brasil. É importante que os líderes de tecnologia abordem IA não apenas com a lente de impacto no negócio, mas também considerando o reflexo da IA nas pessoas e na sociedade, sendo sensíveis aos vieses dos sistemas que levem a decisões tendenciosas e comportamentos prejudiciais. Líderes em tecnologia precisarão cada vez mais ter foco na responsabilidade corporativa, garantindo o uso responsável de IA”, afirma Alexandre Montoro, diretor executivo e sócio do BCG.
Segundo Elizabeth M. Renieris, pesquisadora do Instituto de Ética de Oxford em AI, editora convidada do MIT SMR e coautora do relatório, apesar de a pesquisa revelar uma lacuna importante entre a expectativa e a realidade, há também oportunidades para que as organizações ganhem destaque na aplicação de uma IA responsável.
“Ao adotar uma visão mais ampla de suas partes interessadas e ver a IAR como uma expressão de sua cultura e valores corporativos mais profundos, as organizações ficam mais bem equipadas para garantir que seus sistemas de IA promovam o bem-estar individual e social”, explica.
Iniciativas de IA Responsável são menos prioritárias
A adoção corporativa de inteligência artificial tem sido rápida e abrangente em organizações de todos os setores. O relatório de 2019 do MIT SMR e do BCG sobre IA e estratégia de negócios descobriu que 90% das empresas pesquisadas investiram na tecnologia.
Já a adoção da IAR, por outro lado, foi limitada, com pouco mais da metade dos entrevistados da pesquisa de 2022 (52%) relatando que suas organizações têm um programa IAR em vigor. Destes, a maioria (79%) relata que a implementação do programa é limitada em escala e escopo.
Mais da metade dos entrevistados citou a falta de experiência e talento em IAR (54%), e a falta de treinamento ou conhecimento entre os membros da equipe (53%) como os principais desafios que limitam a capacidade de sua organização de implementar novas iniciativas.
A pesquisa mostra, ainda, que 16% dos entrevistados adotaram uma abordagem mais estratégica para a IAR, investindo o tempo e os recursos necessários para criar programas abrangentes de responsabilidade.
Esses líderes têm características distintas em comparação com os 84% restantes da pesquisa, e são menos propensos a experimentar falhas de IA do que as demais organizações.
Sobre a MIT Sloan Management Review
Na MIT Sloan Management Review (MIT SMR), exploramos como a liderança e a gestão estão se transformando em um mundo disruptivo. Ajudamos líderes ponderados a capturar as oportunidades emocionantes — e enfrentar os desafios — criadas à medida que as forças tecnológicas, sociais e ambientais remodelam a forma como as organizações operam, competem e criam valor.
Sobre o Boston Consulting Group
O Boston Consulting Group atua em parceria com lideranças empresariais e sociais para ajudá-las a enfrentar seus desafios mais importantes e capturar as melhores oportunidades. Fundado em 1963, o BCG é pioneiro em estratégia de negócios.
Trabalhamos lado a lado com nossos clientes por meio de uma abordagem transformadora que abrange os interesses das partes envolvidas — capacitando organizações para crescer, construir vantagens competitivas mais sustentáveis e gerar impacto positivo na sociedade.
Nossas equipes globais são pautadas pela diversidade e têm profundo conhecimento técnico-funcional em diferentes indústrias, além de múltiplas perspectivas que estimulam a mudança. O BCG oferece soluções por meio de consultoria estratégica de ponta, aliada à tecnologia e design, assim como corporate e digital ventures.
Adotamos um modelo de trabalho colaborativo único em toda a empresa e em todos os níveis da organização dos clientes, impulsionados pelo objetivo de ajudá-los a prosperar para tornar o mundo um lugar melhor.
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