O combate ao uso de criptoativos no financiamento do terrorismo requer uma abordagem coordenada e multilateral
O uso de criptoativos e da inteligência artificial para os mais diversos fins, já é uma realidade. Em 2021, o mercado global de criptomoedas atingiu um valor de mercado superior a 1 trilhão de dólares, crescimento que não passou despercebido por criminosos e grupos terroristas, que enxergam nas transações anônimas uma oportunidade para financiar suas operações sem deixar rastros.
Relatório recente da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) destaca que o uso de criptomoedas por grupos terroristas está em ascensão, principalmente devido à dificuldade de rastreamento e à facilidade de movimentação de grandes somas de dinheiro através das fronteiras.
Além disso, a Financial Action Task Force (FATF) tem alertado para o crescente uso de criptoativos em esquemas de lavagem de dinheiro e financiamento de terrorismo, pressionando governos e instituições financeiras a aprimorarem suas capacidades de monitoramento e regulação.
Para fazer frente a esses desafios, os especialistas em combate e Prevenção à Lavagem de Dinheiro, ao Financiamento do Terrorismo e Proliferação de Armas de Destruição em Massa (PLD-FTP) acreditam que a Inteligência Artificial tem um grande potencial, conforme declaração do presidente do Banco Central, em evento sobre o tema organizado pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
Essas são discussões que serão abordadas na sexta edição do Congresso Internacional do IPLD (Instituto de Prevenção à Lavagem de Dinheiro), que acontece nos dias 28 e 29 de maio e vai reunir dezenas de especialistas e autoridades dos setores público e privado.
Os criptoativos no Financiamento do Terrorismo – transações anônimas e ameaças globais:
Para discutir esse tema, explorando os riscos e desafios associados às transações anônimas com criptoativos e as ameaças globais no financiamento do terrorismo, a programação do 6º Congresso Internacional do IPLD conta com o painel ‘Os criptoativos no Financiamento do Terrorismo – transações anônimas e ameaças globais’, que acontece dia 29 de maio, às 14h, de forma online.
Com o crescimento exponencial das criptomoedas e outras formas de criptoativos, a comunidade internacional enfrenta novos desafios na prevenção do financiamento de atividades ilícitas. As transações anônimas, possibilitadas por tecnologias de blockchain e criptografia avançada, criam um cenário ideal para que organizações terroristas movimentem fundos sem a supervisão das autoridades tradicionais.
Durante o evento, Togzhan Kassenova, Especialista em Política Nuclear e Prevenção de Crimes Financeiros da SUNY-Albany University/USA; Jorge Lasmar, Professor Permanente do Departamento de Relações Internacionais da PUC-Minas; Renata Mancini, Conselheira da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABcripto) e Emilia Campos, Consultora Jurídica para Mercados Disruptivos, explorarão os desdobramentos da temática dentro do universo de PLD-FTP.
É importante mencionar que os criptoativos não devem ser destacados como um meio de financiamento ao terrorismo, pois, essencialmente, eles não são. Esse será um dos pontos levantados por Renata Mancini, Conselheira da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABcripto) durante o painel.
O combate ao uso de criptoativos no financiamento do terrorismo requer uma abordagem coordenada e multilateral. A cooperação entre agências internacionais, como a Interpol e a Europol, e a harmonização das regulamentações entre diferentes jurisdições são cruciais. Em 2023, a FATF lançou uma iniciativa global para promover a colaboração entre países na implementação de padrões internacionais de regulação de criptoativos.
As transações de criptomoedas podem ser altamente anônimas, especialmente quando os usuários empregam serviços de “mixing” ou “tumbling”. Estes serviços fragmentam e misturam as moedas, tornando quase impossível rastrear a origem e o destino final dos fundos.
Entendendo a relevância e complexidade desse universo, em 2020, a União Europeia introduziu o Regulamento de Mercados de Criptoativos (MiCA), visando reforçar a transparência e a supervisão das transações de criptomoedas.
Previsto para entrar em vigor em 2024, o regulamento exige que as plataformas de negociação de criptomoedas implementem procedimentos rigorosos de KYC (Conheça seu Cliente) e relatórios de transações suspeitas.
Inteligência artificial na PLD-FTP:
Complementando esse debate, o evento apresentará ainda o painel ‘Inteligência Artificial na prevenção de fraudes, Lavagem de Dinheiro e Financiamento do Terrorismo’, que abordará os conceitos em torno da inteligência artificial, explorando seus benefícios reais na prevenção de fraudes, lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, buscando uma compreensão do seu potencial e limitação na detecção e prevenção de atividades ilícitas. Esse painel será no dia 29 de maio, às 16h20h, vai reunir especialistas de compliance e dados de instituições financeiras.
6ª edição do Congresso do IPLD:
O 6o Congresso Internacional do IPLD (Instituto de Prevenção e Combate à Lavagem de Dinheiro) acontece nos dias 28 e 29 de maio, contemplando temas relacionados à Prevenção e Lavagem de Dinheiro, ao Financiamento do Terrorismo e Proliferação de Armas de Destruição em Massa (PLD-FTP), integridade e ESG. Serão 10 painéis, com transmissão on-line e gratuita, reunindo as principais autoridades e especialistas dos setores público e privado.
As vagas para o evento seguem disponíveis até 24 de maio.
Principais informações:
6º Congresso Internacional do IPLD
Data: 28 e 29 de maio de 2024, das 08h30 às 17h30
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