Unir o reconhecimento facial à Inteligência Artificial
Já pensou se você tivesse em mãos a previsibilidade de consumo dos seus clientes, com base nos rastros que eles deixam nos meios digitais? Com a chegada da Inteligência Artificial (ou IA) na vida das pessoas e empresas, isso já é facilmente aplicável, também, ao setor supermercadista.
Por Felipe Rosa
Utilizando essa tecnologia, é possível coletar inúmeras informações e fazer uma análise preditiva para encontrar padrões de comportamento dos consumidores. Na prática, isso quer dizer antecipar acontecimentos futuros – fundamentando-se no passado e sem perder de vista as tendências – com o objetivo de evitar possíveis impactos e aproveitar novas oportunidades de negócios.
Uma boa forma de começar é analisar os produtos e as suas combinações para traçar um comparativo em relação aos perfis de quem os consome e, assim, fazer novas sugestões do que cada um pode gostar. Por exemplo, para as pessoas que compram vinhos, por que não sugerir e alavancar as vendas de queijos com uma promoção direcionada? Não é só o perfil do usuário, mas um pacote de produtos que podem ser consumidos em conjunto, algo que só a IA é capaz de identificar. Dessa forma, o supermercadista oferece novas experiências de compra aos seus clientes, por meio de ofertas personalizadas – e não apenas por panfletos generalistas, disponíveis a todos que entram nas lojas.
Outra mudança proporcionada pela Inteligência Artificial está em um importante processo para o setor, o de comparação de preços com a concorrência, que, no modelo tradicional, mostra-se pouco funcional. Deslocar um (ou mais) funcionários para checar produtos in loco, munidos de planilhas de papel, pode não ser mais tão estratégico. É bem mais interessante colocar a tecnologia para trabalhar para você, estabelecendo uma comparação de valores online e em tempo real. A precificação dinâmica com IA é uma aliada para ajudar os supermercadistas a executarem melhor a sua gestão de preços.
Assim como já vemos na Uber, por exemplo, em que no horário de pico os valores das corridas sobem, as empresas supermercadistas passam a contar com essa mesma capacidade para alterar o valor dos seus produtos, de acordo com a demanda ou variações. Por exemplo, no início do dia, em que a seção de FLV (frutas, legumes e verduras) está fresquinha pode-se cobrar mais caro do que no final do dia, em que já se perdeu um pouco a qualidade das mercadorias.
Tudo isso, combinado às etiquetas eletrônicas, será capaz de mudar completamente a prática da precificação. Com apenas um clique, o gestor consegue alterar o preço dos itens em todas as suas lojas, apenas no e-commerce ou em ambos – por um tempo determinado ou apenas em dias escolhidos, enfim, da maneira que julgar melhor para o seu negócio. Além disso, a tecnologia pode ser parametrizada para fazer isso sozinha, seguindo regras estipuladas para cada uma das situações, que podem ser influenciadas por diversos fatores, como os padrões dos produtos, o fluxo de pessoas na loja e até temperatura e clima – por isso, falamos de uma precificação dinâmica.
Outra possibilidade é unir o reconhecimento facial à Inteligência Artificial para a análise dessas imagens em um banco de dados. No Amazon Go, por exemplo, inaugurado no início deste ano – em Seattle, o cliente não precisa passar por caixas ou atendentes – para isso, todo o ambiente é monitorado por um sistema de muitas câmeras e QR Codes. Todas essas imagens e dados podem ser analisados pela Inteligência Artificial, para entender o padrão de comportamento dos consumidores, definir quem está na loja naquele momento e apoiar o gestor na melhor precificação dos seus produtos ou, até mesmo, para fazer uma promoção relâmpago que seja de interesse daquelas pessoas.
O poder de gestão
Indo um passo adiante, além das dores mais comuns do supermercadista, com a IA começa-se a ter em mãos oportunidades de negócios, que, até então, passavam despercebidas. Trata-se de um grande volume de dados analisado e cruzado com inúmeras informações para achar padrões, que o ser humano não conseguiria fazer sozinho. Com isso, formam-se as tendências do que está por vir, com base em diversas variáveis, como o clima, dias da semana, sazonalidade, demandas, fatores econômicos, entre outras. A grande virada está em não esperar mais que algo afete o seu negócio para, só então, tomar uma atitude. É parar de olhar para a sua operação pelo retrovisor e passar a antever as possibilidades, mirando em melhores resultados.
A jornada da transformação digital do varejo caminha em direção a uma gestão preditiva e, quanto antes você iniciar este processo, mais competitivo será no mercado. O segmento supermercadista brasileiro fechou 2017 com faturamento de R$ 353,2 bilhões (segundo a 41ª Pesquisa Ranking ABRAS) – um crescimento de 4,3% em relação ao ano passado – e a expectativa é aumentar 3% em 2018.
O momento é de recuperação e, certamente, quem colocar a inovação em prática sairá à frente. O uso da tecnologia vem para potencializar o consumo, trazer maior assertividade nas decisões do dia a dia e gerar melhores experiências de compra para os clientes. E você, já pensou nos passos da sua transformação digital?
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