“Pare e pense. Pode ser golpe”.
Por Adriano Volpini, diretor de Segurança Corporativa do Itaú Unibanco
Este é o mote da campanha de prevenção contra fraudes e golpes financeiros da Febraban.
O conceito principal por trás dele é que a informação é a melhor maneira de se prevenir.
Esse alerta ao público tem a ver com o fato de os criminosos muitas vezes usarem a chamada engenharia social para induzir a vítima a cair no golpe, criando uma trama tão bem-feita que faz com que as pessoas entreguem dados fundamentais para a realização do crime ou mesmo realizem pagamentos e transferências para contas de laranjas.
Para além da conscientização das pessoas, outras ações são realizadas pelos bancos para proteger seus clientes, e a tecnologia é uma aliada fundamental nesse sentido – seja por ajudar a proteger estes dados ou por nos fazer pensar uma última vez antes de realizarmos uma ação que pode nos prejudicar.
Em um contexto de digitalização acelerada das transações financeiras, muita gente ainda utiliza os cartões físicos como principal meio de pagamento. As compras com cartões de crédito, débito ou pré-pagos atingiram o recorde de R$ 3,7 trilhões em 2023, segundo a Abecs, associação representante do setor de meios eletrônicos de pagamento no Brasil.
Movimentando tal volume de recursos, golpistas não se cansam de tentar enganar o público. Um dos golpes, por exemplo, é pegar o cartão do consumidor para inserir na máquina e, então, devolver um outro sem que a vítima perceba. Assim, o criminoso fica com o cartão e com a senha da pessoa. Mas os avanços tecnológicos permitem que esta parte da nossa vida financeira seja também virtualizada.
Com as chamadas carteiras eletrônicas, por exemplo, é possível realizar compras no cartão apenas com um celular, sem necessidade de utilizar o cartão físico. Assim, em nenhum momento a pessoa se separa de seu meio de pagamento. Além disso, os dados do cartão não são armazenados ou compartilhados, e a tecnologia prescinde de conexão com a internet para funcionar.
Vale ressaltar, ainda, que R$ 830 bilhões daquele total movimentado no ano passado foram pela internet ou por apps, ou seja, quase sempre com a pessoa inserindo seus dados de cartão – e abrindo espaços para vulnerabilidades.
Aqui, mais uma vez, a tecnologia cumpre seu papel, com o surgimento dos cartões virtuais temporários. Resumidamente, é como se fosse gerado um novo número de cartão para cada compra online, preservando, assim, os dados do cartão físico. Desta forma, é altamente aconselhável que as pessoas optem pelo cartão virtual temporário sempre que comprarem pela internet.
Estas duas soluções ajudam a manter a privacidade de dados financeiros fundamentais das pessoas. E, tão importante quanto, são tecnologias muito fáceis de usar e disponíveis a um amplo público.
Encorajando a reflexão
O Pix caiu definitivamente no gosto do brasileiro. Em 2023, segundo dados compilados pela Febraban, foram realizadas quase 42 bilhões de transações usando essa tecnologia, o meio de pagamento mais utilizado no país.
E, claro, isso faz com que criminosos também foquem seus esforços nesta área. O Banco Central, por exemplo, mostra que 2,5 milhões de “golpes do Pix” foram registrados no país no ano passado. E é aqui que uma teoria premiada pode ajudar muito.
Em 2017, o economista Richard Thaler ganhou o Prêmio Nobel por causa de seu trabalho com os “nudges”.
Resumidamente, a ideia do acadêmico é de que seria possível fazer as pessoas adotarem determinados comportamentos benéficos para elas com a ajuda de um “empurrãozinho”, uma mensagem de SMS, por exemplo. Agora, imagine criar um alerta que faça as pessoas refletirem uma última vez antes de realizar um Pix. Pois esta é justamente uma das inovações que os bancos estão usando para proteger os clientes.
Alguns bancos, como o Itaú, disparam alertas antes de o cliente efetivar um pagamento via PIX. Caso você receba um desses alertas, pare e pense. Será que não se trata de um golpe? Somente prossiga se tiver certeza de que a operação é devida. Na dúvida, é sempre melhor não ir em frente.
Estas são algumas das armas frutos das constantes inovações que o sistema bancário tem realizado para proteger as pessoas contra golpes e fraudes. E se trata de um movimento constante, para sempre estarmos à altura dos desafios de segurança.
**Adriano Volpini é diretor de Segurança Corporativa do Itaú Unibanco
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