Um dos principais destaques foi a discussão sobre o impacto devastador das fraudes na economia global e brasileira
Por Carlos Vieira
O 1º Foro Internacional Antifraude, realizado na cidade de Brasília, foi um marco na luta contra as fraudes, reunindo um diversificado conjunto de stakeholders dos setores público e privado. Esta iniciativa liderada por Antenor Madruga, conselheiro independente na Febraban e membro da International Academy of Financial Litigators, e organizada pelo Ties Group, um Think Tank dedicado a promover o debate entre os setores público e privado, demonstrou a importância crucial da união de esforços no enfrentamento a essa questão crítica.
A conferência abordou uma ampla gama de tópicos, desde o combate à fraude no comércio eletrônico até a prevenção de fraudes no esporte e no mercado de apostas, refletindo a complexidade e a variedade de frentes na luta contra atividades ilícitas.
Representantes de peso, como o MPF, COAF, BACEN, ANATEL, AGU e PF, discutiram estratégias de prevenção, detecção e repressão a fraudes, salientando a necessidade de uma colaboração intensa entre diferentes setores.
Um dos principais destaques foi a discussão sobre o impacto devastador das fraudes na economia global e brasileira, com números alarmantes que ressaltam a urgência de ações efetivas.
Estima-se que cerca de R$300 bilhões são perdidos para golpes apenas no Brasil (GASA – Global Anti-Scam Alliance), além de 1 milhão de celulares roubados e aproximadamente 1.8 milhão de registros de estelionatos. A colaboração entre agências como a ANATEL e o Banco Central foi citada como um exemplo do potencial de sinergias interagências para melhorar a eficácia do combate à fraude.
Outro ponto essencial foi o foco na importância da tecnologia e da inovação, incluindo o papel da inteligência artificial e a integração de bases de dados, como meios para fortalecer as defesas contra fraudes. Bancos de dados como o DICT e a Resolução Conjunta Nº 6 despertaram interesse significativo durante o evento, uma vez que permitem uma colaboração rápida e ação em conjunto.
A necessidade de regulamentação adequada para acompanhar os avanços tecnológicos também foi uma preocupação comum, assim como a conexão entre fraude e crime organizado, que adiciona uma camada de complexidade ao desafio.
Um dos principais debates foi marcado pela afirmação: “Os fraudadores andam na velocidade da luz e nós andamos na velocidade da Lei… Precisamos criar mecanismos e leis que permitam agirmos de forma eficiente e em conjunto, ou continuaremos a correr em uma corrida injusta”.
Outro tema destacado foi o poder do compartilhamento de bases de dados no combate à fraude, particularmente através de iniciativas como a Resolução Conjunta e o DICT.
Estas ferramentas não são apenas instrumentos de prevenção; elas representam a vanguarda na luta contra atividades ilícitas, facilitando uma abordagem proativa e coordenada.
A integração de bases de dados, como demonstrado pelo DICT no sistema de pagamentos instantâneos Pix, abre novas avenidas para a detecção rápida e a prevenção eficaz de fraudes.
Este movimento rumo à transparência e cooperação intersetorial não apenas aumenta a eficácia das medidas antifraude, mas também promove um ambiente de negócios mais seguro e confiável.
Ao facilitar o acesso e a análise de dados compartilhados, instituições financeiras, reguladores e empresas de tecnologia podem unir forças de maneira sem precedentes, gerando insights valiosos para a prevenção de fraudes.
A sinergia entre PLD e Antifraude destaca a importância de uma abordagem unificada, onde o compartilhamento de dados não só melhora a eficiência operacional, mas também aumenta a eficácia na identificação de riscos e na prevenção de crimes financeiros.
O evento concluiu com um consenso sobre a necessidade de estratégias nacionais robustas, combinando esforços de prevenção e combate, além de um compromisso com a troca de informações e práticas de governança transparente, além de elevar a conscientização sobre a magnitude do problema das fraudes, mas também reforçou a ideia de que o sucesso no combate a essas atividades requer um esforço conjunto, engajando múltiplos atores em uma estratégia integrada e colaborativa.
A expectativa gerada em torno da próxima edição do foro em 2025 reflete o sucesso do evento em promover um diálogo produtivo e estabelecer as bases para futuras ações coordenadas contra a fraude.
Por Carlos Vieira é Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Topaz
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