As organizações acabam por facilitar as fraudes que lesam cidadãos de bem pelo uso de leitores biométricos obsoletos e inadequados
25 Abril 2023 | 16h14min
Uma decisão da Vara Criminal da comarca de São Miguel do Oeste condenou à prisão três pessoas atuantes em uma empresa do ramo de inspeção veicular.
Eles foram acusados de utilizar um molde de silicone da digital do engenheiro mecânico responsável pela assinatura eletrônica de documentos no sistema do Detran, para emitir certificados de segurança veicular e certificados de inspeção na ausência do profissional. Assim, o trio cometeu os crimes de inserção de dados falsos em sistema de informações e falsidade ideológica.
O dono da empresa foi condenado a quatro anos, nove meses e 20 dias de reclusão.
O engenheiro deve cumprir cinco anos, sete meses e 14 dias de reclusão. Ambos em regime semiaberto.
Já a secretária que acessava o sistema com a digital de silicone do colega recebeu a sentença de dois anos, cinco meses e 10 dias de reclusão em regime aberto, e teve direito à substituição da pena privativa de liberdade por duas restritivas de direitos: prestação de serviços à comunidade e pagamento de prestação pecuniária no valor de cinco salários mínimos.
De acordo com a denúncia, com o consentimento do engenheiro mecânico, o proprietário da empresa mandou fazer um molde de silicone da digital do colaborador cadastrada no sistema do Detran para emitir os certificados de inspeção veicular, já que o funcionário não ficava em tempo integral naquele trabalho.
Com ordens do patrão, a secretária acessava o sistema de computador e liberava os documentos. Cabe recurso da decisão (Autos n. 5003110-71.2020.8.24.0067).
A responsabilidade das organizações
“Esse tipo de fraude acontece não porque a tecnologia biométrica seja vulnerável, mas por conta dos equipamentos usados para leitura da biometria que são ultrapassados. As empresas que possuem autenticações críticas principalmente empresas públicas que lidam com dados e interesses da população, devem adquirir equipamentos tecnicamente mais modernos que identificam, com precisão, a biometria digital, assim como, utilizar softwares que identificam o uso de leitores biométricos inadequados”, diz Regina Tupinambá cofundadora do portal Crypto ID.
Existem disponíveis no mercado brasileiro leitores biométricos que utilizam tecnologia capaz de ler com exatidão e rapidez dedos molhados, secos, suados, sujos, gordurosos, com poeira e até mesmo sujos de graxa. Esses leitores também identificam biometrias digitais falsas como, por exemplo, as de silicon utilizadas nesse caso. Esses leitores já são utilizados em vários países e não são mais caros uma vez que são produzidos em altíssima escala.
“As organizações, principalmente as públicas, facilitam as fraudes pelo uso de leitores biométricos obsoletos e inadequados que acabam por lesar cidadãos de bem,” diz Regina Tupinambá.
“Utilizar leitores biométricos de péssima qualidade é o mesmo que ter disponível uma super fechadura (a biometria digital) e colocar a chave em baixo do tapete“, finaliza a empresária.
Conheça alguns dos leitores mais modernos do mundo nesse link que é um white paper desenvolvido pelo Portal Crypto ID em conjunto com a HID, líder mundial em fabricação de hardware criptográficos e desenvolvedora de software de identificação biométrica. A HID Global é a fonte das identidades confiáveis das pessoas, lugares e coisas do mundo. Tornam possível que as pessoas realizem transações com segurança, trabalhem de forma produtiva e viajem livremente.
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