Por Ralf Germer
Já não é mais novidade que o ano de 2020 foi fundamental para a consolidação do e-commerce no país.
Com o isolamento social em decorrência da pandemia do novo coronavírus, o varejo digital se tornou o principal meio de compra de produtos e serviços entre os brasileiros.
Para se ter uma ideia, o comércio eletrônico cresceu 56,8% de janeiro a agosto, em comparação com o mesmo período de 2019, e o número de transações efetuadas saltou de R$ 63,4 bilhões para R$ 105, 6 bilhões nos primeiros seis meses do ano, segundo o Movimento Compre & Confie, empresa de segurança digital para compras na web.
Apesar das incertezas sobre a expansão da Covid-19, a aprovação e liberação das vacinas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o afrouxamento da quarentena, analistas indicam que as plataformas virtuais devem se consolidar em 2021.
De acordo com expectativas da Ebit/Nielsen, que aponta a reputação das lojas e traz dados para o mercado online, as vendas do e-commerce no Brasil devem subir 26%. Se as pessoas pretendem manter o hábito de comprar pela internet, marcas que não estiverem presentes no mundo digital, dificilmente conseguirão sobreviver.
Uma pesquisa realizada pela Nuvemshop, plataforma que atende 70 mil lojas online de pequenas e médias empresas na América Latina, aponta que mais de 10 milhões de brasileiros compraram pela primeira vez na internet durante a quarentena.
A entrada de novos usuários e os bons resultados obtidos pelos negócios formaram um cenário de fraudes mais criativas e elaboradas para o consumidor ficar de olho, devido a forma como a sociedade vem interagindo com os serviços financeiros e o comércio. A consultoria Javelin Strategy & Research, indica que os golpes têm se tornado cada vez mais sofisticados pelos criminosos.
Conforme um levantamento da Kaspersky, empresa de tecnologia que produz softwares de segurança para a internet, cerca de 360 mil novos arquivos maliciosos foram lançados todos os dias em 2020 pelos hackers e o crescimento no número de incidentes foi de 5,2% em relação ao ano anterior. Além do aplicativo de mensagens WhatsApp, que costuma ser um dos principais meios de distribuição de links perigosos, fazendo com que os usuários acreditem em ofertas tentadoras e compartilhem dados do cartão de crédito, por exemplo, golpes com boletos falsos continuam na mira dos estelionatários.
Acompanhando as tendências do mercado, indivíduos mal-intencionados criam uma página de produto idêntica à de um grande varejista, porém com outro domínio. Sem perceber a diferença e acreditando estar realizando a compra em uma empresa confiável, usuários fazem o pedido e em seguida, recebem por e-mail um boleto fraudado. É preciso ficar atento aos detalhes e se certificar de que o nome do beneficiário e o CNPJ estão no nome da loja ou da processadora de pagamentos utilizada pelo e-commerce. Também é necessário evitar, ao máximo, “varejistas” com a intenção de finalizar a compra em apps de conversa.
Recém-lançado, o Pix, plataforma de pagamento instantâneos do Banco Central do Brasil (Bacen) também foi alvo de golpistas: no período inicial de cadastro de chaves, trapaceiros desenvolveram páginas de registros de bancos para roubar dados dos clientes. Ou seja, assim que novos mecanismos de pagamentos digitais são divulgados ao público, nascem fraudes inéditas.
E é por isso que enquanto as instituições financeiras encontram formas de monitorarem e identificarem as artimanhas em tempo real, nós temos a obrigação de redobrar os cuidados na internet e de nos assegurarmos que estamos em ambiente seguro.
A nova dinâmica do ecossistema bancário do país visa proporcionar aos brasileiros cada vez mais confiança em relação ao uso dos e-commerces e a transparência do ecossistema digital. Com a ajuda de tecnologias de ponta e de empresas do setor que já estão de olho nas mais modernas engenharias sociais, acredito que 2021 será marcado por uma transformação digital ainda maior. Que juntos possamos fazer uso dos serviços que têm proporcionado cada vez mais agilidade na hora de movimentarmos o nosso dinheiro e realizar compras com tranquilidade sem sair de casa. Vamos?
*Ralf Germer é CEO e cofundador da PagBrasil, fintech brasileira líder no processamento de pagamentos para e-commerce ao redor do mundo.
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