André Salem explica como a blockchain transforma cadeias produtivas com mais transparência e sustentabilidade

Blockchain vem ganhando espaço como muito mais do que a base para criptomoedas, ela começa a se consolidar como uma infraestrutura de confiança para cadeias produtivas, capaz de transformar a forma como marcas, fornecedores e consumidores interagem.
Na moda, no couro, na agricultura ou em outros setores, seu potencial está em criar um ecossistema onde transparência, rastreabilidade e prestação de contas automatizada se traduzem em ganhos de eficiência, reputação e impacto ambiental positivo.
Nesta entrevista ao Crypto ID, André Salem, fundador da Fair Fashion, detalha como a tecnologia tem sido aplicada por marcas como Riachuelo e Arezzo&Co., os desafios de implementar soluções em escala, a importância do alinhamento cultural entre parceiros e o papel de ferramentas como o Passaporte Digital do Produto e a Calculadora de Carbono. Ele também compartilha como vê o futuro da blockchain combinada à inteligência artificial e outros recursos para construir cadeias mais éticas e sustentáveis.
Leia entrevista completa!
Crypto ID: A Fair Fashion tem sido aplicada com sucesso por marcas como Riachuelo e Arezzo&Co. Quais foram os principais desafios enfrentados na implementação dessas soluções em escala?
André Salem: Implementar soluções baseadas em blockchain em larga escala exige superar três desafios principais: integração com sistemas legados, engajamento de todos os elos da cadeia produtiva e padronização de dados confiáveis.
No caso de grandes marcas como Riachuelo e Arezzo&Co, o desafio foi estruturar processos que envolvem múltiplos fornecedores e fábricas, garantindo a consistência das informações do campo até o ponto de venda. Também foi necessário investir em capacitação e na simplificação da experiência do usuário, para que a tecnologia funcionasse de forma fluida e acessível a todos os envolvidos.
Crypto ID: No caso da coleção rastreável da Riachuelo com algodão agroecológico, como a Blockforce garantiu a integridade dos dados desde o cultivo até o varejo? Quais aprendizados esse projeto trouxe?
André Salem: A integridade foi garantida por meio de uma integração híbrida de blockchain com registros validados em campo como laudos, certificados e dados de georreferenciamento. Cada etapa, do cultivo à confecção, era registrada com assinaturas digitais e protocolos de checagem.
O principal aprendizado foi a importância de alinhar processos e cultura com os parceiros da cadeia. Também ficou claro que o consumidor valoriza mais do que nunca transparência com propósito, especialmente quando associada a práticas sustentáveis como o uso de algodão agroecológico.
Crypto ID: A plataforma oferece uma calculadora de carbono baseada em IA. Como essa ferramenta tem sido utilizada pelas empresas para tomar decisões mais sustentáveis?
André Salem: A calculadora de carbono permite que as empresas realizem inventário completo de gases efeito estufa de forma rápida e simples, com dados primários direto da cadeia, uma vez que a empresa já utiliza a base da rastreabilidade na cadeia de fornecedores. Isso facilita principalmente o cálculo do Escopo 3, o mais complexo e responsável pela maior parte das emissões das companhias.
Além disso, a ferramenta permite que a empresa possa avançar e calcular a pegada de carbono específica de cada produto ou lote produzido.
Crypto ID: O Passaporte Digital do Produto (DPP) é uma inovação que conecta dados de origem, produção e sustentabilidade. Como o consumidor tem reagido a essa transparência? Há dados sobre engajamento?
André Salem: A recepção tem sido extremamente positiva. Consumidores estão cada vez mais atentos à origem e ao impacto dos produtos que consomem. Em projetos realizados com a Fair Fashion em especial dois pilotos com coleções de menor volume registramos resultados satisfatórios, com milhares de usuários únicos acessando os QR Codes nas lojas físicas.
Também observamos aumento no tempo de permanência nas páginas de produto e melhor engajamento nas redes sociais. Esses dados indicam que a transparência fortalece a confiança do consumidor na marca.
No entanto, com base nesses projetos pilotos, ainda não é possível afirmar com segurança que esse tipo de iniciativa influencia diretamente decisões de compra. Apesar dos sinais positivos, ainda não temos números suficientes para sustentar essa correlação de forma conclusiva.
Crypto ID: Durante o Blockchain.RIO 2025, quais soluções novas ou aprimoradas a Blockforce apresentou? Há alguma funcionalidade que não represente um salto tecnológico em relação ao que já vinha sendo oferecido?
André Salem: Durante o Blockchain.RIO 2025, apresentamos a Blockforce como uma plataforma única que integra blockchain, rastreabilidade avançada e inteligência artificial em módulos totalmente flexíveis. Empresas agora podem contratar nossas soluções DPP (Passaporte Digital de Produto), Rastreabiliade, Calculadora GEE, Compliance 360 e Assistente de Relatórios ESG de forma modular, adequando a implementação ao seu grau de maturidade ESG e setor de atuação. Esse conjunto permite a qualquer segmento evoluir em sustentabilidade, transparência e eficiência, escolhendo exatamente as funcionalidades e integrações que melhor atendem suas necessidades de negócio.
Crypto ID: Como a Blockforce adapta sua tecnologia para diferentes setores além da moda, como o couro ou a agricultura? Há planos de expansão para outros segmentos?
André Salem: O esforço inicial é de compreender os desafios dos nosso clientes e, a partir das metas desenhadas em conjunto, ajustamos a nossa arquitetura de rastreabiliade respeitando o processo de maturidade ESG do cliente e do setor que ele está inserido.
Crypto ID: A empresa atua com um framework proprietário de blockchain. Quais são os diferenciais dessa arquitetura em termos de segurança, escalabilidade e governança de dados?
André Salem: Nosso framework proprietário foi desenhado para equilibrar descentralização com eficiência operacional, algo essencial em ambientes corporativos. Os principais diferenciais incluem alta escalabilidade, com capacidade de processar milhares de registros por segundo; governança personalizada, permitindo definir níveis de acesso e permissão por perfil ou parceiro da cadeia; e segurança reforçada, com uso de criptografia de ponta e smart contracts auditáveis. Isso permite que grandes marcas adotem a blockchain com confiança, controle e flexibilidade.
Crypto ID: Na sua visão, como a blockchain pode contribuir para a construção de cadeias produtivas mais éticas e com menor impacto ambiental nos próximos anos?
André Salem: A blockchain tem o potencial de se tornar uma infraestrutura de confiança entre agentes de uma cadeia, incentivando comportamentos mais responsáveis por meio da transparência, rastreabilidade e prestação de contas automatizada. Ao permitir que todos vejam e verifiquem quem fez o quê, quando e como, a tecnologia cria um novo padrão de ética produtiva, onde práticas predatórias ou ilegais são facilmente expostas.
Combinada a IA, sensores e finanças descentralizadas, a blockchain poderá também recompensar produtores sustentáveis com acesso a crédito, visibilidade e preferência de mercado, criando um ciclo virtuoso de impacto positivo.
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