O assunto central do Febraban Tech deste ano deve seguir girando em torno da IA e seus possíveis impactos na economia e no mercado financeiro
Por Fábio Rosato e Rafael Flexa
Fábio Rosato e Rafael Flexa, respectivamente, diretores executivo e de negócios da Sensedia, multinacional brasileira especializada em APIs, que atuou como consultora de confiança na implementação do Open Finance Brasil.
Evento carimbado no calendário anual das principais empresas do segmento financeiro e de tecnologia, a Febraban Tech 2024 se aproxima, prometendo trazer discussões bem relevantes não só para o universo dos bancos, fintechs, insurtechs e seguradoras, como para o nosso dia a dia.
Realizada de 25 a 27 de junho, no Transamerica Expo Center, na cidade de São Paulo, o assunto central do evento deste ano deve seguir girando em torno da Inteligência Artificial e seus possíveis impactos na economia e no mercado financeiro.
Porém, a considerar os últimos encontros e conferências do ramo, promovidos ao longo dos últimos meses em diferentes partes do mundo, outros quatro assuntos em alta no segmento também prometem dominar as rodas de conversas de painelistas, expositores e participantes.
São eles: a diferenciação na experiência do cliente; a inovação acelerada pela tecnologia; a nova linha de personalização de produtos e serviços; e ofertas integradas de ecossistemas.
A seguir, trazemos um resumo de cada um deles, com exemplos de casos de uso já em andamento.
1 – Diferenciação na experiência do cliente
Segundo relatório produzido pela própria Febraban, a experiência do cliente é prioridade para 83% dos bancos em 2024.
Diante desse contexto, as APIs (interfaces de programação de aplicações, em tradução literal) se tornam a base para integrar diferentes canais, como aplicativos, internet banking e caixas eletrônicos em agências físicas, que forneçam serviços e produtos com o mesmo nível de eficiência, acessibilidade, conveniência e segurança.
Lembrando que isso cabe tanto para instituições financeiras como para empresas da chamada “cross industry” (ou seja, indústria transversal, como as varejistas), que oferecem serviços financeiros durante a jornada de compra, eventualmente como uma carteira digital, ou outros serviços financeiros que impulsionem um movimento na direção de um SuperApp.
Outro exemplo prático que cabe aqui são as integrações de omnicanalidade entre experiências digitais e físicas, personalizadas para aprimorar a jornada dos clientes, onde, quando e como eles quiserem.
2- Inovação acelerada pela tecnologia
Uma das maiores consumidoras de tecnologia como estratégia de negócios para ganhos de agilidade e competitividade, a indústria financeira caminha sempre na vanguarda quando o assunto é inovação.
Porém, além da Inteligência Artificial, que vem se consolidando como uma solução cada vez mais imperativa aos negócios do futuro, outras tendências tecnológicas em ascensão são a migração dos sistemas para a nuvem, a representação de um ativo físico por meios digitais através dos processos de blockchain e tokenização e a garantia da segurança das informações.
Na prática, enquanto as soluções de nuvem, blockchain e tokenização visam modernizar os sistemas, tornando-os cada vez mais ágeis, flexíveis, escaláveis, conectados e distribuídos, as soluções de segurança têm como premissa garantir a proteção de dados sensíveis contra roubos e vazamentos, bem como o cumprimento da legislação aplicada ao setor, a exemplo da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais).
3- Personalização de produtos e serviços
Impulsionado pela implementação do Open Finance – sistema de abertura de dados, que abrange serviços financeiros e de seguros –, o compartilhamento de dados com o ecossistema de negócios abre as portas para a composição de produtos e serviços a um nível de customização e foco no cliente nunca vistos antes.
Com base nos dados coletados, bancos, cooperativas de créditos, fintechs, seguradoras e demais empresas do setor conseguem mapear perfis, hábitos e comportamentos de seus consumidores, a fim de expandir seu portfólio e oferecer produtos e serviços sob medida para suas necessidades.
Um exemplo disso é o PFM (sigla em inglês para Gerenciador Financeiro Pessoal), solução que ajuda os consumidores a gerenciarem suas finanças pessoais de forma eficaz, e está intimamente ligada às melhores práticas previstas pela agenda ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) no que tange o auxílio à educação financeira e uso do dinheiro de forma responsável.
Isso porque, ao permitir uma visão unificada de despesas, agregação de contas e cartões de crédito, extrato unificado com transações categorizadas, termômetro de gastos e insights financeiros, por exemplo, o PFM possibilita que os clientes busquem a principalidade, ou seja, uma experiência multibancarizada dentro do aplicativo do seu banco principal, por meio do qual agora é possível fazer uma gestão completa de suas finanças pessoais de maneira mais otimizada, e por meio de um dashboard financeiro em 360°.
4- Ofertas integradas de ecossistemas
Além de prover serviços e experiências cada vez mais personalizados, o mercado financeiro está seguindo uma linha de plataformização, cujo objetivo é oferecer o “core” de seu negócio com capacidade de ser plugado em experiências digitais de parceiros, por meio da oferta de serviços de créditos, investimentos, seguros e até previdência, por exemplo.
Assim, através de uma estratégia baseada em APIs, as empresas do setor estão adotando um posicionamento de plataforma, oferecendo serviços de BaaS (Banking-as-a-Service) e aproveitando novos modelos de negócio impulsionados pelo Open Banking.
Ainda debaixo desse guarda-chuva de novos serviços oferecidos, o ITP (sigla para Iniciador de Transação de Pagamento) também se apresenta como um novo meio de transação, que possibilita instituições de pagamento (IP), credenciadoras, gateways de pagamento, e-commerces, marketplaces e apps de delivery a executarem operações financeiras em nome do cliente, a partir do seu consentimento.
O que vai proporcionar aos clientes fazerem pagamentos inteligentes, tal qual a programação automática da cobrança de débitos via PIX para diversos serviços do dia a dia, como contas de luz, água e streamings.
Lembrando que a função do ITP é somente estabelecer a conexão entre o pagador (no caso o usuário) e a instituição provedora da conta do cliente. O dinheiro não passa pelo iniciador de pagamentos no caminho entre a conta pagadora e a conta recebedora.
Uma verdadeira revolução que caminha para a construção de um mercado financeiro cada vez mais aberto, inovador e marcado por discussões que prometem render muito assunto, além de conexões inteligentes.
FEBRABAN TECH 2024 começa na próxima terça-feira, dia 25 de Junho