A identificação digital no Brasil conta com tecnologia que combina criptografia, blockchain e assinaturas
Por Leandro Roosevelt

Abrir uma conta bancária, contratar um serviço ou até mesmo fazer uma compra online ainda significa, para a maioria das pessoas, encarar uma longa sequência de etapas de validação.
É preciso preencher formulários, enviar documentos, confirmar e reconfirmar identidades — um processo repetitivo que consome tempo e paciência.
Para as empresas, a consequência é igualmente negativa: mais atrito na experiência do cliente, maior risco de abandono e um desafio constante de equilibrar segurança e usabilidade.
Mas um novo capítulo começa a se desenhar nesse cenário: o das identificações digitais por meio das ID wallets, ou carteiras de identidade digital. Diferente das carteiras eletrônicas que usamos para guardar criptomoedas ou saldos bancários, essas carteiras armazenam credenciais verificáveis de identidade — documentos e informações pessoais validadas, que podem ser apresentadas de forma seletiva e segura em ambientes digitais.
Imagine poder guardar, em um único espaço, todos os seus documentos oficiais — como RG, CNH, carteira de trabalho ou título de eleitor — e decidir exatamente o que mostrar em cada situação. Essa é a proposta das carteiras de identidade digital: colocar o usuário no controle dos próprios dados.
Diversos países já estão adotando a tecnologia. O Estado da Califórnia iniciou projetos-piloto de plataformas de identidade digital, buscando ampliar o acesso seguro a serviços públicos em todo o estado. Na Ásia, o Laos lançou um novo sistema de identidade digital com apoio do Vietnã, visando simplificar o acesso a serviços públicos essenciais. A Nova Zelândia apresentou um aplicativo móvel de identidade digital, que facilita o processo de verificação tanto para cidadãos quanto para visitantes.
No Brasil, as identidades digitais, assim como CNHs e outros documentos de identificação, estão sendo disponibilizadas à população. De acordo com dados da Agência Brasil, já são 20 milhões de brasileiros com a Carteira de Identidade Nacional (CIN) em mãos. Esse documento possui tanto a versão física quanto digital, ambas com os mesmos valores legais. A expectativa é atingir cerca de 130 milhões de cidadãos até 2026.
A tecnologia por trás dessa inovação combina criptografia, blockchain e assinaturas digitais para garantir que cada informação compartilhada seja legítima e segura. Em vez de senhas, podem ser usadas chaves de acesso (tokens) geradas no dispositivo do próprio usuário. E a autenticação biométrica — como o reconhecimento facial ou digital — adiciona uma camada extra de proteção.
Esse modelo também resolve um problema recorrente do ambiente online: o excesso de exposição de dados. Hoje, quando precisamos provar nossa idade para acessar um serviço, enviamos todo o RG. Com a ID Wallet, basta compartilhar apenas o atributo “maior de 18 anos”, sem revelar número do documento, data de nascimento ou foto. Essa mudança de paradigma não apenas protege o usuário, mas reduz os riscos de vazamentos e fraudes.
Ao mesmo tempo, as empresas se beneficiam com processos mais rápidos e confiáveis. A possibilidade de emitir e validar identificações digitais na nuvem elimina redundâncias, reduz custos e aumenta a transparência nas interações. Trata-se de uma evolução que favorece tanto a segurança quanto a experiência do usuário — algo essencial em uma economia cada vez mais digital e interconectada.
Embora essa tecnologia ainda seja pouco conhecida pelo público em geral, ela representa o que há de mais avançado em proteção de dados e autenticação digital. Grandes plataformas, como o Microsoft Entra Verified ID, já demonstram o potencial desse modelo ao combinar praticidade com altos padrões de segurança.
O avanço das ID Wallets também abre uma discussão necessária sobre o papel da identidade no ambiente digital. Em um mundo onde quase todas as nossas interações passam por algum tipo de validação, garantir que essa identificação seja confiável, rápida e sob controle do próprio usuário é um passo essencial rumo à soberania digital.
O futuro das identificações não estará em mais formulários ou em senhas cada vez mais complexas, mas em sistemas inteligentes, descentralizados e focados na privacidade. E, assim como aconteceu com as carteiras físicas, que um dia guardaram nossos documentos em papel, as carteiras digitais tendem a se tornar o espaço natural da nossa identidade — um espaço seguro, verificável e, sobretudo, controlado por quem realmente importa: o próprio cidadão.
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