As wallets como uma consequência natural desse grande panorama de inovação pelo qual temos passado nos últimos anos
Por Gustavo Turquia
Chegou a vez das wallets! Aos poucos, mas em evolução constante, as carteiras digitais estão conquistando um espaço relevante no Brasil como meio de pagamento ágil, seguro, sem contato e com uma experiência simples e prática.
Um movimento que ganha força sobretudo nesse momento de pandemia, quando tanto o consumidor, em termos de comodidade e custo, quanto os empreendedores e credenciadores, que ampliam a aceitação oferecendo uma alternativa à tradicional maquininha, enxergam vantagens.
Estima-se que no Brasil já existam centenas de diferentes carteiras digitais, um número que avança em paralelo ao crescimento das fintechs e dos neobanks.
Mas nem todas são iguais. Algumas permitem o carregamento de fundos, outras não.
Muitas delas oferecem serviços bancários (ou financeiros) básicos, como transferência de dinheiro e pagamentos de contas, e surgem como um importante instrumento de bancarização da população brasileira, com potencial de alcançar as classes menos assistidas.
Para tentar clarear melhor as diferenças dos tipos de wallet, dividimos em três grandes categorias:
Pass-through wallets: são aquelas que não processam transações nem armazenam fundos, somente armazenam os dados da credencial de pagamento. Ou seja, atuam como um espelho do seu cartão. Normalmente são usadas com base no smartphone, pulseira ou outro dispositivo.
Staged digital wallets: não só capturam transações como permitem o carregamento de fundos. Permitem também as transações “back to back”, ou seja, aquelas que são feitas usando parte de um saldo disponível na carteira e parte de um saldo novo colocado para complementar o valor daquela transação. Essas wallets normalmente possuem um contrato de credenciamento para aceitação nos estabelecimentos comerciais.
Stored value digital wallets: para utilizá-las em uma transação é preciso fazer um pré carregamento de fundos, como se fosse um cartão pré-pago. Normalmente, não se faz um contrato de credenciamento de aceitação nem permitem transações “back to back”.
Se pensarmos que o Brasil possui 228 milhões de celulares, de acordo com dados da Anatel de novembro de 2020, vejo como um promissor caminho de inclusão digital no país.
Há uma convergência clara entre a evolução da digitalização na indústria de pagamentos e uma corrida por novos pontos de aceitação quando olhamos para o ecossistema como um todo.
Em uma primeira onda, vimos a democratização da maquininha nos pontos de vendas e o lançamento de soluções disruptivas baseadas em dispositivos móveis.
Em seguida, acompanhamos um interesse crescente pelos marketplaces, que abriu a possibilidade para conectar diversos parceiros dentro de um mesmo ecossistema e ampliar a aceitação de pagamentos digitais em estabelecimentos comerciais menores que não se viam prontos para criar a sua própria loja virtual.
Vejo, portanto, as wallets como uma consequência natural desse grande panorama de inovação pelo qual temos passado nos últimos anos, ou seja, uma terceira onda na evolução do mercado de aceitação brasileiro.
A cada dia, o consumidor está muito mais aberto e confortável em experimentar e colocar na sua rotina novos canais de compras e formas de pagamento.
O interesse cada vez maior pelo pagamento por aproximação, que está intimamente conectado com o uso de carteiras digitais, é um exemplo disso. Dados da Visa mostram que esse tipo de pagamento cresceu 5 vezes em 2020 em comparação com o ano anterior.
Existe, no entanto, um desafio grande pela frente em termos de aceitação. As wallets que estão ganhando mais escala acabam exercendo um papel de credenciador desses estabelecimentos comerciais no intuito de gerar relevância aos seus consumidores.
Nascem aqui três grandes oportunidades para acelerar essa escalabilidade:
1) Wallets fazendo parcerias com credenciadores para terem acesso a sua base de estabelecimentos comerciais e, em contrapartida, rotearem volume pelas redes dessas empresas.
2) Wallets estabelecendo conexão com as bandeiras de forma a possibilitar uma maior interoperabilidade das carteiras, com uso, por exemplo, de soluções de segurança, garantindo assim algo fundamental no setor: a confiança do usuário.
3) Carteiras digitais expandindo seu papel na indústria e se tornando emissores e credenciadores, percebendo assim o valor da aceitação de cartão como proposta complementar aos seus produtos.
A segurança das transações é um fator indispensável na equação financeira dos players desse mercado.
Sem uma estrutura robusta de soluções antifraude, tokenização – tecnologia que diminui a vulnerabilidade dos dados em transações digitais ao criptografar as informações de uma credencial – e protocolos de autenticação, a novidade pode ter um gosto amargo para o usuário.
Um ponto de atenção que a Visa sempre tratou como prioridade e, agora, estamos contribuindo e compartilhando essas experiências, produtos e tecnologias com esses players.
Além de entregarem benefícios para o consumidor final, como segurança, agilidade e comodidade, as carteiras digitais podem se transformar em grandes ferramentas de aquisição e fidelização de clientes, além de serem, às vezes, um facilitador de pagamento: podem, por exemplo, ser um canal de benefícios, como cashback, trocas e armazenamento de informação para ações de marketing.
O momento é bom, positivo para essas conversas. Já estamos vivendo ativamente essa nova frente de negócios com os principais players da indústria. Tem tudo para evoluir e continuar dando certo!
Leandro Garcia da Visa no Brasil escreve sobre a segurança dos pagamentos via WhatsApp