Com o surgimento do DREX, a moeda digital do BCB, cláusulas serão estabelecidas em seu Smart Contract para garantir a segurança de transações
Por Deivison Arthur
Com o surgimento do DREX, a moeda digital do BCB, diversas cláusulas serão estabelecidas em seu Smart Contract para garantir a segurança das transações. O artigo segue com um compilado de informações técnicas, sobre quais seriam as aplicabilidade do DREX.
Já sabemos que o CBDC (Central Bank Digital Currency) é uma representação tokenizada do dinheiro de um país. E que DREX será o nome da CBDC do Brasil.
Mas como seria o funcionamento mais detalhado do Drex?
Ramon Welmans Oliveira (CEA, graduando em economia pelo ibmec), recentemente detalhou de maneira mais técnica o funcionamento do DREx:
“Existem três formas de dinheiro em uma economia: as reservas bancárias, que são transacionadas apenas entre bancos centrais e bancos comerciais credenciados; os depósitos bancários, que são emitidos pelos bancos centrais com base nas reservas bancárias que possuem; e a moeda fiduciária, que é o dinheiro utilizado pelas pessoas no dia a dia.
O plano inicial do Drex é tokenizar as reservas bancárias e os depósitos bancários, chamados de Drex interbancário e Drex tokenizado. Embora isso não afete diretamente as pessoas físicas no curto prazo, o Drex atuará junto com as outras formas de dinheiro, como: M0 e M1, M2 (depósitos de curto prazo) e M3 (depósitos de longo prazo).
Isso levará a uma competição entre essas formas de dinheiro, sendo utilizado para o sistema de liquidação com contratos inteligentes. A CBDC poderá competir com os depósitos bancários comerciais na gestão do sistema de pagamentos, o que reduzirá os custos. Atualmente, o custo de gerir a oferta monetária de um país e as transações transfronteiriças é elevado.”
Ainda embora algumas das cláusulas do contrato do DREX (Real Digital) levantem preocupações, como o estorno de transações sem autorização do remetente e movimentos de saldo na carteira, é importante destacar que essas ações não são muito diferentes do que o governo já pode fazer com o dinheiro tradicional.
Por falar em carteiras… O uso de carteiras externas, como o “Metamask”, não será compatível com o DREX, pois essas carteiras não atendem aos requisitos de Know Your Customer (KYC) e Know Your Transaction (KYT) exigidos pelo Banco Central.
Essa situação abre um leque de oportunidades para empreendedores brasileiros desenvolverem carteiras que atendam a essas demandas específicas.
Uma das grandes vantagens do DREX será também a possibilidade de criação de instrumentos financeiros on-chain, como Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Letras do Tesouro Nacional (LTNs) e outros ativos semelhantes.
Essa nova abordagem permitirá a liquidação desses ativos por meio de um mercado secundário, trazendo maior liquidez e reduzindo a dependência exclusiva das instituições financeiras. Com isso, os ativos tornam-se mais acessíveis e móveis para os investidores.
Além disso, a introdução do DREX também trará a criação de novas profissões no mercado financeiro. Com a tokenização de ativos, teremos duas categorias: os ativos on-chain e os off-chain.
Ativos como Precatórios e Debêntures, que já existem em formato eletrônico, serão digitalizados. No entanto, será necessário contar com “agentes garantidores” para assegurar o cumprimento desses títulos, uma vez que os Tokens são representações digitais. Essa evolução abrirá novas oportunidades de trabalho em diversos setores da economia.
Outra consequência do DREX é a possibilidade de cobrança de impostos e empréstimos de maneira compulsória. Com essa moeda digital, o governo poderá cobrar impostos de forma mais eficiente e implementar empréstimos compulsórios quando necessário.
Com isso, diversas outras aplicações também poderão surgir ou evoluir como mencionado recentemente em publicação de Roberto C. Durscki (Diretor Sênior de Tokenização, Stablecoins e CBDC da Stellar):
- Padronizar o processo de reservas para stablecoins de reais (elas usarão Drex como reserva); Ou outros ativos digitais que tenham R$ na sua composição (stablecoins multi-currency ou “cesta de moedas”, fundos cambiais, NDFs)
- Habilitar acesso a produtos DeFi em R$ que usarão ativos do item 1 em redes abertas como Stellar, Ethereum, etc.
- Habilitar os próprios SFN/CVM/BACEN/B3 lançarem produtos DeFi-powered (como já se observa nos EUA com fundos de renda fixa com juros diários e negociação 24/7 como o FOBXX da Franklin Templeton emitido na Stellar)
- Melhorar a liquidez, precificação e acessibilidade a FX e remessas internacionais através de AMMs, LPs e DEFI entre DREX (ou DREX-powered stablecoins – item1) e outras CBDCs/Stablecoins por exemplo (DREX:USDC on Uniswap ou DREX:GYEN na Stellar DEX por exemplo)
- Automatizar o pagamento de contratos que são intermediados por orgãos oficiais e envolvem fluxo de reais em pelo menos uma das partes (vendas de imóveis, pagamento de heranças, cobrança de impostos, etc).”
Assim como uma série de oportunidades para empreendedores, a liquidez de ativos, a criação de novas profissões e a melhoria na cobrança de impostos e empréstimos compulsórios.
Bem assim chego ao fim de uma explicação mais detalhada e técnica sobre como funcionará o Drex. É importante estar ciente dessas mudanças e acompanhar bem de perto o desenvolvimento desse novo cenário financeiro.
Fonte: EB.TECH
Privacidade é desafio nos testes do Drex, adiado para maio de 2024
Atraso na primeira fase do Drex, prevista para terminar em maio de 2024