Bancos debatem temas como segurança e resiliência da moeda digital, que terá início do piloto com a participação dos bancos do país neste mês
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos), participante ativa das discussões em torno do Real Digital desde o início do projeto junto ao Banco Central, formou um grupo de trabalho técnico para contribuir com o regulador para o início do desenvolvimento do projeto-piloto que começará nos próximos dias. O grupo conta com a participação de 20 bancos associados.
Nesse fórum, as instituições financeiras promovem o debate técnico sobre segurança, privacidade, resiliência, interoperabilidade e escalabilidade da moeda digital.
Também fomentam a troca entre as instituições de avaliações sobre o futuro desta iniciativa, já antecipando discussões como possibilidades de negócios, papéis e responsabilidades dos envolvidos no processo.
Além disso, a Febraban assinou Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o BC para a criação de um protótipo com infraestrutura de tecnologia distribuída para a realização de experimentos, testes e outras medidas necessárias para validar o projeto.
“A Febraban está colaborando com o regulador nos testes do Real Digital e ainda com seus bancos associados escolhidos para participarem dos testes que começam agora. O Real Digital e a economia tokenizada trarão muita inovação para as operações financeiras”, avalia Carolina Sansão, diretora-adjunta de Inovação, Tecnologia e Cibersegurança da Febraban.
O calendário de testes para implementação do projeto-piloto do Real Digital foi anunciado em março pelo BC e batizado de Piloto RD.
O regulador recebeu 36 propostas de interesse na participação piloto, entre candidaturas individuais e consórcios de entidades, totalizando mais de 100 instituições de diversos segmentos financeiros. Foram selecionados 14 interessados, entre associados da Febraban, no qual se incluem os maiores bancos do país.
O objetivo é concluir a parte de testes até dezembro deste ano. Resolvidas as questões principais de segurança, de funcionamento da infraestrutura e de privacidade das informações, será a vez de expandir a participação da população. A estimativa do Banco Central é lançar uma moeda digital até o fim de 2024.
O Real Digital é uma CBDC (moeda digital emitida por um Banco Central, na sigla em inglês). O projeto vai permitir, por exemplo, que o cliente possa pedir ao seu banco a geração de um token (ativo digital) de um depósito bancário, de qualquer valor. Esse token poderá ter valor parcial ou integral do montante que o cliente tenha na instituição financeira.
Com isso, o cliente poderá pegar esse token e fazer transações financeiras fora do horário comercial e nos finais de semana para aquisição de produtos e serviços disponíveis para este nicho, como por exemplo, comprar um título público, diversificar os próprios investimentos, entre outros.
Na fase inicial, o real digital deverá ter mais aplicabilidade para a pessoa jurídica, não sendo utilizado em larga escala por pessoas físicas. Este mercado ainda vai se desenvolver.
Está sendo construída a infraestrutura que permita a tokenização desses depósitos e a partir daí, o cliente terá um leque de oportunidades para outros produtos e serviços no sistema financeiro.
O projeto estará embasado em uma plataforma de blockchain – uma inovação em tecnologia da informação que, usando criptografia, permite criar registros, sem controle centralizado, encadeados e dependentes entre si (não há como alterar um registro sem modificar todas a cadeia de informações). Essa capacidade possibilita operações mais eficientes e seguras no sistema bancário.
A evolução do piloto RD abrirá um portal para outras transações mais complexas e comercialização através da rede blockchain, com os contratos inteligentes, no qual todos os detalhes do acordo e a sequência de passos são registrados.
Assim, o negócio somente se concretizará e de forma automática, se as condições inseridas no contrato forem cumpridas entre as partes, sem a necessidade de intermediários não financeiros garantindo o processo.
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