A Universidade de Ciência e Tecnologia da China está testando uma nova versão do sistema — o Jiuzhang 4.0
Redação Crypto ID
Em abril de 2025, a China anunciou um feito que parecia desafiar as leis da física clássica: o supercomputador quântico fotônico Jiuzhang realizou em apenas 4 minutos um cálculo que levaria 2,6 bilhões de anos para ser resolvido pelo melhor supercomputador convencional do planeta. A notícia correu o mundo, estampando manchetes como a do The Guardian, que destacou em sua capa:
“China’s Jiuzhang bends time: 2.6 billion years in 4 minutes — quantum supremacy is no longer theoretical” (25 de abril de 2025)
The Guardian
Seis meses depois, voltamos a falar sobre o Jiuzhang não apenas pela magnitude do feito, mas pelas atualizações que começam a surgir e pelas implicações que continuam se desdobrando.
Em outubro de 2025, o portal Quantum Zeitgeist revelou que a equipe da Universidade de Ciência e Tecnologia da China está testando uma nova versão do sistema — o Jiuzhang 4.0 — com 1024 estados comprimidos, ampliando ainda mais a vantagem quântica sobre sistemas clássicos. Universidade de Ciência e Tecnologia da China (USTC).
Como o Jiuzhang Funciona?

O Jiuzhang utiliza um algoritmo chamado amostragem de bósons gaussianos, considerado extremamente difícil de ser executado por computadores clássicos. Esse algoritmo calcula a distribuição de saídas de um circuito óptico linear com múltiplas entradas e saídas.
Na prática, o Jiuzhang envia fótons por uma rede de circuitos ópticos guiados por espelhos. Ao se moverem, os fótons encontram divisores de feixe que os enviam simultaneamente por diferentes caminhos. Durante essas viagens, os fótons são divididos, fundidos e interferem uns nos outros — tudo conforme as leis da mecânica quântica.
Os fótons que emergem na outra extremidade do circuito fornecem um cálculo quântico: qubits que representam a distribuição de saídas. Esse processo, que levou apenas alguns minutos no Jiuzhang, exigiria mais de meio bilhão de anos nos supercomputadores clássicos mais avançados.
E o Que Isso Tem a Ver com Grafos?
A relevância para a teoria dos grafos é direta. Muitos problemas computacionais complexos — como encontrar caminhos mínimos, detectar comunidades em redes ou otimizar fluxos — podem ser modelados como grafos. A estrutura de interferência dos fótons no Jiuzhang é, em essência, uma rede de conexões que pode ser interpretada como um grafo quântico.
Os pesquisadores da USTC afirmam que o Jiuzhang pode ser adaptado para realizar cálculos úteis em grafos, aprendizado de máquina e química quântica. Isso abre caminho para resolver problemas que envolvem grandes redes — como redes sociais, sistemas de transporte, cadeias logísticas e até estruturas moleculares — com uma velocidade e precisão antes inimagináveis.
Supremacia Quântica: Tecnologia ou Estratégia?
O termo “supremacia quântica” define o ponto em que um computador quântico realiza tarefas impossíveis para máquinas clássicas. Mas o que está em jogo vai além da inovação. Trata-se de uma disputa por soberania tecnológica, com implicações diretas na segurança digital, na criptografia global e no domínio de setores estratégicos como farmacologia, energia e defesa.
Como destacou o MyElectricSparks em abril:
“A China não quer apenas desenvolver tecnologia de ponta. Quer moldar o futuro antes que o Ocidente aprenda a reagir.”
MyElectricSparks
Jiuzhang na Retrospectiva de 2025
Se fôssemos listar os marcos tecnológicos do ano, Jiuzhang certamente estaria entre os três principais. Não apenas pelo feito computacional, mas pelo que ele representa: uma mudança de paradigma. A velocidade da inovação deixou de ser linear. Passou a ser quântica.
O Que Esperar de 2026?
Para o próximo ano, especialistas apontam três frentes de avanço:
- Integração com redes quânticas: conectando supercomputadores em sistemas distribuídos.
- Aplicações em criptografia pós-quântica: com impacto direto na segurança de dados.
- Simulações biológicas em tempo real: acelerando descobertas médicas e genéticas.
A China já sinalizou que pretende lançar uma versão comercial do Jiuzhang voltada para centros de pesquisa internacionais, o que pode redefinir o equilíbrio de poder na ciência aplicada.
Por Que Isso Importa?
Imagine que um problema matemático levaria bilhões de anos para ser resolvido por qualquer computador atual. Agora, imagine que uma máquina consegue fazer isso em minutos. Isso significa que tarefas antes impossíveis — como simular o comportamento de uma molécula complexa ou prever o impacto de uma mutação genética — passam a ser viáveis. E quem domina essa tecnologia, domina o futuro da ciência, da economia e da segurança global.
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