Nos últimos anos novas tecnologias aplicadas em sistemas de identificação e em identidade digital tem demonstrado seu potencial, oferecendo maior facilidade de uso e modelos econômicos mais acessíveis
Por Igor Rocha
O Brasil, que conta com uma infraestrutura robusta de identidade digital estabelecida pela ICP-Brasil, tem buscado um alinhamento com essas tecnologias. Iniciativas neste sentido já demostraram sua contribuição no aprimoramento do sistema nacional de certificação digital.
A implementação da biometria no processo de emissão do certificado digital aumentou a proteção contra fraudes e, mais recentemente, serviu de base para viabilizar a renovação dos certificados digitais por meios totalmente eletrônicos, dispensando a presença física do usuário.
A computação em nuvem viabilizou os certificados digitais remotos, oferecendo uma alternativa às mídias físicas (tokens e smartcards), proporcionando maior facilidade de uso e conveniência para os usuários.
A tecnologia móvel permitiu embarcar certificados digitais em smartphones bem como o uso de smartphones como chave de acesso para certificados armazenados em nuvem, abrindo espaço para a aplicação da certificação digital em dispositivos móveis.
Há ainda muito espaço para extrair benefícios destas tecnologias. A biometria associada a serviços de validação de identidade pode reduzir a dependência de documentos físicos. A infraestrutura em nuvem pode ser uma alternativa aos datacenters, reduzindo custos de implementação dos sistemas. Os smartphones podem contar com APP’s de identificação e assinatura digital e facilitar a integração com outras soluções. Isso para citar algumas possibilidades dentre muitas.
Adicionalmente, outras tecnologias estão sendo discutidas e avaliadas. Uma delas é o blockchain, que conta com um modelo bastante abrangente para sistemas de identificação, introduzindo um conceito de credencial digital que incorpora certificado digital, certificado de atributo e carimbo de tempo em uma mesma plataforma.
Os players do mercado de certificação digital já desenvolveram algum conhecimento em biometria, computação em nuvem e dispositivos móveis e levam certa vantagem com o blockchain, cuja a base técnica é a criptografia, o que favorece quem já atua no mercado.
Entretanto, a história mostra que este favorecimento não assegura a prosperidade dos players existentes. É preciso entender os novos modelos de negócio que surgem com a adoção dessas novas tecnologias e a forma com que elas são combinadas.
O cenário tecnológico para sistemas de identidade (ou identificação) digital é bastante favorável. O momento é muito mais de oportunidades do que de riscos, como destaquei em meu artigo anterior aqui na CryptoID. E uma parte dos players da ICP-Brasil está em uma posição favorável para aproveitar o que está por vir.
Como ocorre em outros mercados e com outras tecnologias, teremos players que buscarão as novas competências necessárias para adequar-se à evolução tecnológica e eventualmente participar ou mesmo liderar este processo. E também aqueles que permanecerão mais reativos, ocupando posições secundárias nos novos arranjos de negócio, à medida que eles surgem.
O mercado tem enorme potencial para crescer e crescerá. Cabe a cada um fazer a sua avaliação e assumir uma posição.
* Igor Rocha – Pioneiro no mercado de certificado digital e consultor independente.
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