O encerramento da produção da Ford no país é um alerta para muitas empresas quanto à necessidade da adaptação e investimento nas mudanças tecnológicas, assunto que não é abordado com a importância que deveria no mundo corporativo.
Por Augusto Schmoisman
Em seu comunicado oficial, a própria montadora afirmou que o motivo desta reestruturação é o processo de mudança que a indústria automotiva tem vivido, impulsionado por novas e emergentes tecnologias em serviços conectados, eletrificação e veículos autônomos. Ou seja, de acordo com o novo cenário, está se repaginando.
Esse movimento estratégico rumo à transformação digital tem causado agitação no setor. Esta semana, a GM anunciou que investirá R$ 10 bilhões em inovação para a fabricação de veículos no Brasil, com wi-fi e assistente virtual, além de apresentar um projeto de um carro voador com o táxi aéreo autônomo. A Hyundai elevou a cotação de suas ações em quase 20% após anunciar que está em negociação com empresas para a produção de um modelo elétrico.
Enquanto isso, empresas líderes do mundo tecnológico, como Apple, Google e Amazon, são apenas alguns exemplos de companhias de tecnologia que também estão entrando no segmento automotivo. Todas enfrentarão ainda o potencial da Tesla Motors, que tem mostrado superioridade tecnológica no segmento de carros elétricos. O tempo dirá se o avanço das montadoras será suficiente para brigar com essas gigantes da tecnologia.
É interessante destacar que ao mesmo tempo em que Ford e Mercedes estão se organizando para dar um passo atrás em algumas operações, Elon Musk com sua companhia de carros tecnológicos se posiciona como o homem mais rico do mundo, com um modelo de negócios sob uma ótica diferente.
Essa situação é apenas “a ponta de um iceberg” que deverá impactar diversos tipos de negócio e que revela o quanto o futuro das empresas está em risco, caso não busquem se estruturar para acompanhar o avanço de novas tecnologias e acreditar na autonomia. A competição pela liderança tecnológica se tornará uma ameaça não somente no setor automotivo, mas em toda cadeia empresarial.
Grandes empresas, sejam elas nacionais ou internacionais, que estejam num cenário estagnado com uma falta crônica de recursos destinados ao desenvolvimento tecnológico estão fadadas a perder lugar para a concorrência. A mudança referente à inovação contínua precisa ser levada a sério e colocada em prática pois definirá as vencedoras.
Entendemos que os desafios são grandes, tornando necessário que líderes criem modelos de negócios diferentes e mais ágeis, além de planos estratégicos. E nessa busca por inovação e revolução tecnológica, a cybersegurança não pode ser esquecida, subestimar ataques cibernéticos é um grande erro.
É importante compreender que não existe segurança 100% eficaz, sempre surgirão novos métodos e é preciso estar em alerta neste terreno tão dinâmico. E lembrar que se há diretores de empresas que não estão enxergando e dando a devida importância ao cuidado com a informação, há outros, processando, analisando e estudando. E esses, provavelmente líderes de companhias digitais, podem ser grandes concorrentes de negócios nos mais diversos segmentos, inclusive no automotivo.
A mudança e o avanço tecnológico são inevitáveis, crescer é opcional.
Augusto Schmoisman é especialista em defesa cibernética corporativa, militar, aeroespacial e CEO da Citadel Brasil.
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