O Hype Cycle da Gartner mostra como a inovação tecnológica, da IA às stablecoins, evolui do entusiasmo inicial à maturidade com valor real
Por Leandro Garcia

Quem trabalha com inovação provavelmente já ouviu falar do conceito Hype Cycle, criado em 1995 por Jackie Fenn, da consultoria Gartner, para representar as etapas típicas de adoção de tecnologias, desde o entusiasmo inicial até a maturidade real da aplicação com valor comprovado.
Esse ciclo ajuda a entender por que tantas ideias surgem com altas expectativas e muitas especulações, mas apenas algumas conseguem transformar de fato a sociedade e os negócios.
Basta observar fenômenos recentes, como a inteligência artificial generativa: depois de um início marcado por entusiasmo global, o debate agora se volta à necessidade de transformar expectativas em aplicações concretas, com foco em casos de uso que tragam valor tangível para organizações e consumidores.
Importante lembrar que o Hype Cycle não é uma previsão, mas uma lente de análise. Ele ajuda empresas, reguladores e até consumidores a diferenciarem o que é tendência passageira do que pode se consolidar em impacto real. Não por acaso, conceitos como a Everyday AI (“IA no dia a dia”) e a Digital Employee Experience (DEX) já aparecem em estágios avançados desse ciclo, sinalizando que, em menos de dois anos, devem alcançar adoção mais ampla. Podemos observar isso na agilidade com que a IA deixou de ser um recurso experimental e passou a fazer parte do cotidiano de empresas e pessoas.
Outras inovações que já percorreram esse caminho incluem impressão 3D, realidade virtual e blockchain: todas viveram fases de euforia seguidas por períodos de ajuste e questionamento sobre quais seriam seus usos de fato no dia a dia. O ponto central é que a curva não representa fracasso, mas amadurecimento. Quando a poeira baixa, os usos reais emergem, e é aí que ocorre a verdadeira transformação.
Em empresas como a Visa, é possível vivenciar esse processo em torno das stablecoins, um tipo de moeda digital projetada para manter valor estável. Na maioria dos casos, elas são lastreadas em moedas fiduciárias, como o dólar ou o euro, ou em commodities, como o ouro. Essa ancoragem as diferencia das criptomoedas tradicionais, que costumam apresentar forte volatilidade, possibilitando que as stablecoins sejam mais seguras e práticas para pagamentos e transações do dia a dia.
Em 2024, muito se especulou sobre o papel que elas poderiam ter nos meios de pagamento, mas a falta de dados consistentes dificultava separar ruído de realidade. Foi nesse contexto que Visa, em parceria com a empresa Allium, lançou o “Visa Onchain Analytics Dashboard”, uma ferramenta aberta que organiza dados de stablecoins em um só lugar. O objetivo é apoiar reguladores, bancos e empresas a enxergar onde existe atividade econômica concreta e onde ainda há lacunas de maturidade.
Esse é um exemplo de como organizações podem atuar de forma pragmática durante o ciclo de hype: em vez de alimentar altas expectativas, é possível criar instrumentos que tragam transparência e apoiem a evolução saudável do ecossistema. A análise onchain mostra que stablecoins têm potencial para suportar pagamentos de forma eficiente, mas esse caminho depende de dados, governança e clareza sobre valor real.
No fim, o Hype Cycle não deve ser visto como uma curva de decepção, mas como um mapa de maturidade tecnológica. Ele nos lembra que é natural superestimar o curto prazo e subestimar o longo prazo. Cabe a nós, líderes de inovação, criar condições para que ideias promissoras encontrem aplicações que gerem impacto real. É nessa travessia que a tecnologia deixa de ser promessa e se torna transformação.
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