Escoar produtos, levar matéria-prima e gerar riqueza com eficiência em um país tão grande como o Brasil, onde os modais de transportes nem sempre se interligam ou estão em boas condições, é um verdadeiro desafio para os players que querem se manter no mercado.
Por André Scher *
Hoje a logística pode ser responsável por até 35% dos custos de produtos de uma empresa. A tributação, variável de cidade em cidade e de Estado em Estado também é um fator que influencia nas decisões logísticas do transporte de mercadorias pelas terras brasileiras. Então, garantir a eficiência de ponta a ponta do processo de logística é essencial para quem quer se destacar e ser competitivo.
Tendo em vista um cenário cada vez mais desafiador, a busca por ferramentas e meios para aumentar a performance e melhorar os resultados finais, inclusive os financeiros, é constante. E grandes aliadas para essa almejada eficiência são a Inteligência Artificial (AI) e a automação.
É possível que com os novos recursos tecnológicos o player consiga não apenas definir as melhores rotas, os melhores modais, mas também levar em consideração na hora do seu planejamento informações de fontes externas, como clima, fatores sociais (greves e manifestações), aumento de preços de combustíveis, entre outros.
Se no passado, esse tipo de tecnologia era mais restrito aos grandes players, hoje com o aumento da digitalização, a AI e a automação inteligente podem ser realidade para todo o tipo e tamanho de empresas de logística. Sempre se considerando a existência dos três elementos básicos para soluções de inteligência artificial: dados sobre o negócio, infraestrutura de computação e desenvolvimento dos algoritmos em si.
Dentro da logística a ciência de dados pode ser usada em diferentes propostas. Analisando o Sell-In (Venda do fabricante, da indústria para o canal distribuidor ou varejista) e o Sell-Out (passo seguinte da venda, a entrega ao cliente final) com AI, tantos as empresas de logística, como as empresas produtoras poderão encontrar pontos de melhoria para otimizar a cadeia de suprimento, poderão criar algoritmos de predição para avitarem atrasos, perdas e quebra futuras na cadeia de suprimento e ainda poderão criar recomendação de novas estratégias.
Considerando uma empresa produtora de medicamentos, por exemplo, monitorar apenas as vendas aos canais de distribuição (redes de farmácias) dará uma visão limitada dos problemas e oportunidades, mas monitorar a venda dos pontos ao consumidor final permitirá que o player se antecipe e veja a cadeia como um todo, prevê o quanto ele vai vender na ponta e em cada etapa.
Com essa informação organizada, é possível entender e preparar desde a venda para o distribuidor até a entrega do produto ao consumidor final. Trabalhando isso de maneira integrada e inteligente, oportunidades de negócios podem ser criadas; problemas na cadeia de suprimentos, previstos; entre outros fatores que incidem diretamente sobre a otimização da efetividade do empreendimento.
O Agronegócio é outro setor que pode ser muito beneficiado pelas novas tecnologias. O escoamento da safra ou recebimento de insumos é extremamente condicionado não apenas a condição das vias, mas, principalmente a fatores externos.
Existem plantações em nosso país nas quais se chegam apenas por estradas de terra. Além do tempo que se perde, dada a qualidade dessas estradas, se chover, por exemplo, a entrega ou retirada de produtos pode demorar dias ou até semanas, o que comprometeria a safra.
A aplicação da ciência de dados permite que quando se faz o planejamento da entrega, seja associado à rota a previsão do clima, problema social, como greve, manifestações indígenas.
Isso facilita a tomada de decisão para reagendamentos, novas rotas, novos modais e até mesmo o horário de partida e chegada dos caminhões ao campo. Tudo visando o melhor custo e a SLA (Acordo de Nível de Serviço) da entrega.
Em empresas de logísticas propriamente ditas, a automação pode ser empregada, por exemplo, no gerenciamento de despacho de caminhões.
Com a implantação de um sistema de leitura de placas é possível ver que o tipo e a carga do caminhão, acompanhar periodicamente e automaticamente as multas do veículo em todo o país e supervisionar entregas.
Como se pode perceber, cada vez mais a tecnologia evoluiu para ser utilizada a favor da produção de valor e da gestão efetiva nas empresas. A AI e a automação inteligentes são ferramentas para garantir aumento na produtividade, melhora nos processos de armazenagem, diminuição nas falhas, redução de gastos, e, consequentemente, aumento da satisfação do cliente.
André Scher – Sócio fundador e CEO da Auctus Inteligência Aumentada. Formado em Engenharia Elétrica pela Unicamp, com MBA na Business School São Paulo, tem mais de 20 anos de experiência em empresas de pesquisa e serviços de TI e Telecom, onde adquiriu conhecimentos em soluções e uso de tecnologias de ponta como Inteligência Artificial, data & analytics, automação de processos e infraestrutura em nuvem.
O uso da Inteligência Artificial e o impacto na área jurídica
Inteligência de dados da TransUnion traz assertividade e transparência ao Banco Yamaha
ISH realiza evento sobre “Inteligência Artificial e seus impactos na Transformação Digital