A logística deixa de operar nos bastidores e assume protagonismo nas decisões estratégicas de vários outros setores
Por Angela Gheller

A logística chega a 2026 ocupando um espaço que, até poucos anos atrás, parecia improvável. O setor deixa de operar nos bastidores e assume protagonismo nas decisões estratégicas de vários outros setores, tornando-se um pilar que sustenta a competitividade das empresas em um país mais digital, regulado e pressionado por demandas de eficiência.
Em meio à convergência entre automação, inteligência artificial e novas regras tributárias, surgem novas tendências para a logística, que se reinventa para operar com autonomia, previsibilidade e impacto direto nos resultados.
O cérebro dessa nova logística é a inteligência artificial, que deixa de ser apenas uma ferramenta de análise para se tornar um sistema autônomo de tomada de decisão. Agentes logísticos inteligentes planejam, preveem e executam operações em tempo real, otimizando rotas de transporte com base em dados de tráfego e clima, antecipando falhas em equipamentos de armazéns e ajustando dinamicamente o fluxo de cargas conforme a demanda.
Gestores do setor veem nessa automação inteligente uma oportunidade concreta de elevar margens operacionais, reduzir riscos e aumentar a previsibilidade. Paralelamente, a IA preditiva aplicada ao planejamento de demanda permite uma integração inédita entre produção, armazenagem e transporte, evitando estoques ociosos e melhorando o nível de serviço com decisões orientadas por dados.
A digitalização também redefine o papel do elo fiscal e tributário, transformando a logística fiscal em um dos pilares da rentabilidade empresarial. Com a transição da Reforma Tributária e a mudança definitiva da tributação da origem para o destino, as empresas precisam repensar sua malha logística sob o ponto de vista fiscal.
O planejamento tributário passa a ser parte intrínseca da estratégia operacional, garantindo que a inteligência por trás das rotas seja tão eficiente quanto o transporte em si. Além disso, a conformidade e a gestão tributária integrada à operação tornam-se vitais para evitar riscos e otimizar custos em toda a cadeia de fornecedores.
Nesse ambiente cada vez mais complexo, visibilidade e orquestração de dados tornaram-se palavras de ordem. Plataformas integradas e torres de controle logístico, que reúnem dados de diversos sistemas e parceiros, permitem prever gargalos e reagir rapidamente a imprevistos. A capacidade de transformar informação dispersa em decisões sincronizadas é hoje o que define a resiliência das cadeias de suprimentos.
Esse movimento fomenta também o avanço dos ecossistemas colaborativos, baseados em plataformas digitais nas quais transportadoras, embarcadores e operadores compartilham dados, capacidade ociosa e serviços em tempo real. Essa conectividade cria uma logística mais ágil, transparente e menos dependente de intermediários.
A automação e a robótica consolidam a criação dos chamados ambientes ciberfísicos, em que o físico e o digital se integram de forma fluida. Robôs colaborativos, sistemas de separação automatizados e drones de inventário operam lado a lado com humanos, executando tarefas repetitivas e complexas com precisão milimétrica. A combinação entre IA e robótica vem transformando armazéns em centros autônomos e inteligentes, capazes de manter fluxos contínuos de operações.
O papel das pessoas se desloca do trabalho manual para a supervisão estratégica e a gestão destas tecnologias, exigindo novas competências digitais e analíticas. Um exemplo prático é o centro de distribuição do Mercado Livre, que instalou mais de 100 robôs móveis autônomos que se movimentam pelas prateleiras, distribuem produtos e fazem a tarefa “shelves to person” (prateleiras até pessoa), podendo transportar até 600 kg por unidade.
Com a automação em escala e a interconexão crescente de sistemas, a segurança cibernética se torna um fator crítico. A dependência da nuvem como infraestrutura central da logística exige protocolos robustos de proteção de dados e continuidade operacional. A cibersegurança passa a ser vista como uma extensão da resiliência logística: proteger a inteligência que move as cadeias é garantir que o fluxo físico não seja interrompido.
A sustentabilidade mantém-se como um imperativo de negócio. A pressão global por descarbonização transforma a logística verde em prioridade estratégica, impulsionando investimentos em frotas elétricas, combustíveis alternativos, embalagens reutilizáveis e otimização inteligente de rotas para redução de emissões.
As empresas mais maduras já utilizam IA para mensurar e mitigar, em tempo real, suas pegadas de carbono, transformando responsabilidade ambiental em vantagem competitiva. É a sustentabilidade e a rentabilidade caminhando lado a lado: reduzir desperdícios é sinônimo de eficiência, e eficiência é sinônimo de lucro.
Portanto, as tendências da logística em 2026 são: mais inteligência, conexão, autonomia e sustentabilidade. Um segmento que combina dados, automação e colaboração para entregar não apenas produtos, mas valor – em velocidade, precisão e propósito. Mais do que mover cargas, a nova logística move decisões, tornando-se o verdadeiro eixo de inteligência que sustenta os negócios do futuro.
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