Comitê de Manufatura discute as novas tendências e busca orientar as organizações sobre como se adaptar à nova realidade
A transformação da manufatura, conhecida como Indústria 4.0, e um dos seus principais pilares, a Internet das Coisas, motivou a ABINC (Associação Brasileira de Internet das Coisas) a criar o Comitê de Manufatura, agrupando diferentes segmentos industriais no Brasil, com foco em apresentar o potencial dessa transformação digital na manufatura e fomentar a adoção pelas empresas brasileiras de todos os portes para que não fiquem desconectadas das cadeias globais de fornecimento.
Com isso busca-se proporcionar um grande salto em produtividade e eficiência na manufatura do país, já que no Brasil a sua utilização ainda é tímida.
O país ocupa a 17ª posição no estudo sobre a posição competitiva da Indústria 4.0 feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), onde foram avaliados critérios como a disponibilidade e custo de mão de obra, infraestrutura e logística, tecnologia e inovação e o peso dos tributos.
Formado em junho de 2017, o Comitê está engajado no desenvolvimento de frameworks sobre Indústria 4.0 e Internet das Coisas com intuito de facilitar o entendimento e implantação de tecnologias 4.0, aliado a divulgação de casos reais e a elaboração de road maps para identificação no nível de maturidade das organizações brasileiras sobre o conceito e aplicações da Indústria 4.0.
Além disso, também contempla o desenvolvimento de test beds (ambientes para implantação de tecnologias 4.0) em conjunto com entidades de pesquisa.
Para Mauricio Finotti, coordenador do Comitê de Manufatura da ABINC, a conexão dos processos nas operações industriais garantem a gestão eficaz de ativos, controles de processos com maior exatidão, dados de equipamentos para manutenção preditiva e geração de milhões de dados constantemente para análises e melhorias operacionais: “A conexão da IoT gera oportunidades inéditas e cria um grande círculo de valor agregado aos produtos e serviços que dela se utilizam. Essa integração, não só interna como externa à indústria, é a base da IoT na Indústria 4.0”, afirma.
As previsões mais otimistas para o setor apresentam que o valor gerado pelo investimento em IoT na indústria chegará a U$ 15 trilhões do PIB global até 2030, de acordo com o estudo realizado pela Accenture para ter uma projeção do impacto da Internet Industrial das Coisas (IIoT) na economia.
Para Flávio Maeda, Presidente da ABINC, essa é a primeira vez que uma revolução industrial é anunciada antes de acontecer: “Apesar de já muito discutida e propagada, a aplicação da Internet das Coisas na indústria ainda está no início e temos muito o que aprender para crescer e desenvolver, e para isso estamos criando pontes entre empresas e governos e disseminando as novas tendências, novidades e formas de fazer”, destaca.
A segurança na Indústria 4.0
A conexão da Internet das Coisas (IoT) dentro desta nova realidade possibilita criar produtos com diferentes funções e aplicabilidades, conectados sob a mesma rede.
Essa é uma nova tendência que está sendo adotada pelas corporações mundo afora para sair na frente do seu mercado.
Uma das grandes preocupações dos gestores de empresas de manufatura, no entanto, é expor a empresa a riscos de segurança ao abrir a rede e dados para a Internet, o que pode provocar acidentes graves devido ao mau funcionamento, ou mesmo paralisação, do parque industrial automatizado, e também possibilitar vazamento de dados de produção para a concorrência, por exemplo: “Por isso, a implementação da Internet das Coisas na indústria de manufatura deve sempre ser feita de forma segura”, afirma Paulo Pagliusi, coordenador do Comitê de Segurança da ABINC, que interage fortemente sobre as principais questões de risco da Indústria 4.0.
Para Paulo, é primordial que as empresas invistam em cibersegurança (cybersecurity, no termo em inglês) na tecnologia do parque operacional das manufaturas: “A integração de sistemas digitais e mecanizados via automação industrial é cada vez mais comum, aumentando a superfície sujeita a um ataque cibernético. Proteger tais ambientes é fundamental, pois são altamente valiosos, sensíveis e precisam fazer parte das estratégias de governança de risco corporativa”, destaca, ao salientar que proteger bem o ambiente de Internet das Coisas industrial contra riscos de vazamentos, paralisações, mal funcionamento e brechas de segurança pode representar um grande diferencial de cada negócio.
“Por isso, a proteção de dados e dos ambientes digitais operacionais é um tema de crescente preocupação na Indústria 4.0. Ao lidar com ambientes e informações digitais de maneira correta e segura, alertas sobre invasões, brechas de segurança e vazamentos podem ser emitidos de forma rápida, para que seja possível rastrear a origem do problema e solucioná-lo a tempo de prevenir as piores consequências”, conclui.
Manufatura conectada
Para a ABINC, os primeiros passos para garantir uma manufatura conectada é entender que a responsabilidade é de todas as frentes de uma organização, e não apenas da equipe de TI, manufatura ou da Diretoria/Presidência.
“Todas as áreas devem ser envolvidas para identificar as reais necessidades e viabilidade para a transformação”, afirma Maeda. “Além disso, é necessário começar pequeno e escalar as soluções aos poucos, buscar parcerias e alianças estratégicas, se espelhar em cases de sucesso, identificar as camadas e profundidade do controle das operações e realizar testes para corrigir os erros com rapidez”, conclui.
12 benefícios da manufatura conectada segundo a ABINC:
1. Conectividade: Permite a conectividade e comunicação segura entre máquinas e equipamentos nos processos produtivos que trazem transparência e controle na produção jamais imaginados, dados reais a todo momento, facilitando planejamentos e tomadas de decisão;
2. Troca de dados: Clientes e fornecedores podem trocar informações em tempo real para antecipar demandas e proporcionar equilíbrio aos processos produtivos;
3. Sensoriamento: Sistema com sensores que conseguem monitorar e detectar pequenos desvios de funcionamento do maquinário, permitindo que o profissional antecipe suas ações;
4. Customização: Traz opções de customização, onde o consumidor pode interagir com aplicativos e ganhar um auxílio na escolha de opções mais adequadas, resultando em personalização de produtos e embalagens;
5. Integração: Permite a integração entre pessoas e máquinas em trabalhos mais complexos, em que o robô executa a parte mais difícil, enquanto o funcionário atua em complemento;
6. Impressão 3D: A manufatura aditiva possibilita a produção de peças via impressoras 3D, que moldam o produtor por meio de adição de matéria-prima, sem o uso de moldes físicos;
7. Simulação: Por meio de simulação, os operadores testam e otimizam o processo e produtos ainda na fase de concepção, diminuindo os custos e o tempo de criação;
8. Cloud: O recurso da computação na nuvem proporciona a digitalização de produtos e processos produtivos;
9. Big Data: Verificação detalhada de números e estatísticas de uma indústria por meio do Big Data Analytics. O sistema identifica falhas nos processos, ajuda a otimizar a qualidade da produção, economiza energia e torna mais eficiente a utilização de recursos;
10. TI + Manufatura: Os sistemas de tecnologia da informação (TI), juntas com as tecnologias operacionais (TO), integram uma cadeia de valor automatizada, por meio da digitalização de dados;
11. Realidade Virtual / Realidade Aumentada: Integração simultânea do ambiente real e virtual por meio da realidade aumentada, tecnologia que proporciona a exibição de imagens virtuais no ambiente real;
12. Segurança de dados: Aplicação de cyber-segurança, pois como há muitos equipamentos conectados e a internet é um ambiente aberto, são necessários não só procedimentos de governança de TI, mas de padrões que garantam uma rede segura;
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