O setor jurídico consolidará no próximo ano um novo paradigma onde a tecnologia não é um fim, mas o meio para uma advocacia mais inteligente
Por Carlos Manino

O ano de 2026 não será marcado pela introdução de tecnologias radicalmente novas, mas sim pela maturação e consolidação de inovações que já vinham redesenhando as fronteiras da prática jurídica. A transformação digital, antes uma opção, torna-se um pilar de sobrevivência e competitividade.
A advocacia entra definitivamente na era da “inteligência aumentada“, onde a sinergia entre o intelecto humano e o poder computacional definirá os novos padrões de excelência, eficiência e entrega de valor.
Se os anos anteriores foram de experimentação, em 2026 uma das tendências jurídicas será a onipresença dos agentes de Inteligência Artificial como copilotos dos profissionais do direito. Essas ferramentas, integradas nativamente aos sistemas de gestão jurídica (ERPs) e plataformas de trabalho, deixarão de ser um diferencial para se tornarem um recurso padrão.
O advogado utilizará a IA generativa para acelerar a pesquisa de jurisprudência, analisar massas de documentos em due diligences com precisão sobre-humana, e elaborar minutas iniciais de petições e contratos.
O foco não estará na substituição, mas na colaboração: a IA executa o trabalho repetitivo e de grande volume, enquanto o advogado se concentra na estratégia, na validação da informação, no raciocínio complexo e, principalmente, no relacionamento com o cliente. Vencerá não quem tem a melhor IA, mas quem melhor souber interagir e extrair insights dela.
Esse movimento de digitalização massiva e a consolidação do trabalho híbrido tornam a infraestrutura tecnológica uma questão central de risco e governança. Em 2026, a simples migração para a nuvem não será suficiente.
A demanda será por ambientes de cloud computing especializados para o setor jurídico, que garantam não apenas a disponibilidade, mas, acima de tudo, a segurança e a conformidade. Com a LGPD plenamente consolidada e fiscalizada, a soberania dos dados (onde as informações estão fisicamente armazenadas) e a implementação de controles de acesso granulares serão imprescindíveis.
Nesse contexto, decisões data driven, sustentadas por dados sob a governança de uma nuvem vocacionada, passam a oferecer uma experiência superior de uso, com mais segurança, disponibilidade e performance, e garantem que a IA opere como a melhor aliada estratégica nesta nova era.
A prevenção de vazamentos de dados sigilosos de clientes e processos também deixará de ser uma preocupação de TI para se tornar uma pauta estratégica do conselho administrativo, pois o risco financeiro e reputacional de uma falha de segurança será imensurável.
Outro ponto de importância e uma das tendências jurídicas, é que a busca incessante por eficiência operacional levará à adoção massiva de plataformas que permitem modelar e automatizar fluxos de trabalho (workflows).
Atividades como a abertura de um novo caso, a realização de diligências, o onboarding de clientes, a gestão de procurações ou o controle de prazos passarão a ser executadas dentro de fluxos digitais, padronizados e rastreáveis.
Isso elimina gargalos, reduz drasticamente a incidência de erros humanos e oferece uma visibilidade completa sobre o andamento das tarefas. Para os gestores, significa ter em mãos dados precisos para medir a produtividade e otimizar a alocação de recursos. Para o cliente, representa previsibilidade e transparência. A automação de fluxos é a materialização da gestão por processos na advocacia, trazendo ganhos de escala e inteligência operacional.
Nota-se que a consolidação das tendências do setor jurídico anteriores estimulará um novo perfil profissional. O advogado será, por necessidade, um profissional multidisciplinar. Além da excelência técnica no Direito, ele precisará de fluência digital para operar seus “copilotos” de IA, noções de análise de dados para interpretar os insights gerados pelas plataformas e mentalidade de gestor de projetos para conduzir os fluxos de trabalho automatizados.
Sua principal entrega de valor se deslocará da pesquisa e compilação de informações para a interpretação estratégica, a tomada de decisão complexa e a consultoria de negócios para seus clientes. Será um “advogado-estrategista“, que utiliza o ecossistema tecnológico para entregar respostas mais rápidas, precisas e alinhadas aos objetivos de quem o contrata.
O próximo ano consolidará um novo paradigma onde a tecnologia não é um fim, mas o meio para uma advocacia mais inteligente, segura e estratégica. Os escritórios e departamentos jurídicos que abraçarem essa visão integrada não apenas prosperarão, mas liderarão a próxima geração do Direito.
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