As principais tendências de pagamento no varejo estão focadas na expansão dos canais digitais com produtos e tecnologias
No recente VTEX Day, realizado em São Paulo, uma gama de especialistas se reuniu para explorar o vibrante cenário do e-commerce no Brasil e seus impactos cada vez mais significativos no mercado. Entre os temas cruciais em destaque, o aumento das fraudes despontou como um desafio premente para os lojistas virtuais, demandando soluções inovadoras e estratégias eficazes.
Em meio a esse palco de discussões fundamentais, o Crypto ID, representado por Regina Tupinambá e Susana Taboas, destacou-se ao trazer insights valiosos para o mercado.
Durante o evento, nossa equipe teve o privilégio de conversar com Gustavo Turquia, Diretor Executivo de Vendas e Soluções para o Varejo da Visa, que compartilhou perspectivas cruciais sobre o crescimento contínuo do e-commerce no país e os desafios associados ao aumento das fraudes.
Na entrevista a seguir, Gustavo Turquia oferece uma visão aprofundada sobre as tendências e desafios que moldam o cenário do comércio eletrônico brasileiro, destacando a importância de estratégias inovadoras e parcerias colaborativas para enfrentar os desafios emergentes.
Leia a entrevista na íntegra!
Crypto ID: Quais são as principais tendências que você vê na indústria de pagamentos digitais, especialmente no varejo?
Gustavo Turquia: As principais tendências de pagamento no varejo estão focadas na expansão dos canais digitais com produtos e tecnologias que habilitam uma experiência de compra ainda mais rápida, segura e sem fricção.
Nesse sentido, algumas novidades de pagamento se estabelecem cada vez mais, como os pagamentos com o celular por aproximação (permitindo que smartphones ou tablets habilitados para NFC aceitem pagamentos sem contato e sem a necessidade de hardware adicional) habilitando checkouts digitais em qualquer ponto de uma loja física, por exemplo, ou a tecnologia que habilita o pagamento por aproximação no próprio celular NFC do consumidor ao invés do tradicional “Card on File” para aplicativos ou mobile commerce.
Outra tendência que vem crescendo cada vez mais são os pagamentos invisíveis (como tags veiculares e lojas físicas autônomas sem caixa) e pagamentos por biometria.
Crypto ID: Aqui no Brasil já se fala sobre pagamento Pay-by-palm – pagamentos biométricos com a palma da mão?
Gustavo Turquia: No mundo já existem vários projetos de pagamento por biometria, não só com a palma da mão, mas também com biometria facial , íris ocular, etc. A Visa inclusive foi pioneira a desenvolver e testar alguns cases, mas aqui no Brasil o que vem ganhando mais escala em relação ao uso da biometria associada com pagamentos é na evolução das tecnologias de cibersegurança e gestão de risco.
Ao vincular a comprovação de identidade aos nossos corpos e padrões de comportamento , os fraudadores têm mais dificuldade para acessar sistemas e roubar dados.
A autenticação por biometria está se tornando uma importante camada adicional de segurança e a própria Visa já adota a biometria em algumas soluções e também já auxiliou empresas parceiras com a sua tecnologia. O cuidado que sempre precisamos ter com o uso da biometria em projetos de antifraude, por exemplo, é no aumento da fricção, que pode gerar aumento nas taxas de abandono do carrinho.
Dito isso, a Cybersource (empresa da Visa), apesar de oferecer também a tecnologia de biometria para análise de risco de transações, prioriza sempre o uso da Inteligência artificial e de tecnologias de antifraude transparentes, sem fricção adicional ao consumidor, e com isso além da redução do chargeback, conseguimos garantir uma melhor aprovação e conversão.
Crypto ID: Como a Visa está lidando com a questão da identificação, autenticação e confirmação da transação e soluções co-branded?
Gustavo Turquia: Questões como identificação, autenticação e transações em cartões co-branded seguem a mesma lógica das credenciais regulares. Apesar da participação de uma empresa parceira nessa modalidade de cartão, toda a parte de tecnologia e segurança continua sob gestão da Visa. Dessa forma, todos os nossos investimentos e soluções se aplicarão também aos cartões co-branded.
Sabemos que os co-branded fazem parte do cotidiano de milhões de brasileiros, tanto é que nossos dados mostraram um crescimento vertiginoso em sua utilização no país. A quantidade de transações com essas credenciais triplicou entre 2020 e 2023. Ainda, o estudo The Loyalty Report, lançado em setembro de 2023 pela Visa junto à Bond, apontou que 49% dos brasileiros entrevistados estão muito satisfeitos com os seus programas co-branded, o segundo patamar mais alto da América Latina e um dos maiores do mundo.
Dessa forma, os dados respaldam os esforços que a Visa tem feito para conquistar cada vez mais consumidores desse nicho tão especial e que está em plena expansão no nosso país.
Crypto ID: Quais são as estratégias da Visa para facilitar pagamentos em marketplaces e comércios online que vocês trouxeram para essa edição do Vtex Day
No Vtex Day, mostramos como o comércio digital está crescendo rapidamente e recomendamos algumas soluções para lidar com esse movimento. A primeira estratégia seria a adoção do Tap To Phone, que transforma o celular em uma máquina de cartão e oferece às PMEs e aos grandes estabelecimentos aceitação de baixo custo. Também frisamos a importância da tokenização para aumentar os índices de aprovação, reduzir fraudes e melhorar a experiência do cliente.
Ainda no Vtex, reiteramos a nossa participação no desenvolvimento do Click to Pay e como ele traz benefícios para o comércio online e os consumidores. Com ele, a experiência do cliente se torna mais segura e ágil, já que os dados sensíveis se tornam tokenizados e não é mais necessário digitá-los toda vez ao realizar uma compra. Para o e-commerce, o abandono de carrinho é reduzido, já que todo o processo é feito dentro do ambiente virtual do e-commerce, sem que o cliente seja redirecionado para outra página para finalizar a transação.
Por fim, também abordamos a importância do Tap to Pay online, que transforma o celular do portador em terminal de pagamentos. Por meio dele, é possível realizar a compra em um aplicativo, escolher o pagamento por aproximação e, no momento em que optar por pagar por meio da solução, o usuário é instruído a trazer o cartão para próximo de seu celular para a leitura e confirmação do pagamento.
A iniciativa promove a inclusão digital dos brasileiros, que muitas vezes não têm um cartão de crédito e não conseguem fazer compras no e-commerce por causa disso. A solução, que não mantém os dados do cartão salvos após a transação, ajuda a melhorar taxas de aprovação, já que se trata de uma transação de cartão-presente, e diminui custos com estorno e ajuda na penetração do cartão de débito no ambiente do e-commerce, que atualmente exige uma série de requisitos de autenticação.
Crypto ID: A Visa tem planos de trabalhar com criptomoedas como o Drex no futuro? Acompanham o piloto de alguma forma? Por exemplo, seus clientes podem ou poderão pagar suas faturas com moedas digitais?
Gustavo Turquia: Na Visa, observamos o mercado de cripto com bastante atenção. Temos parcerias com empresas que atuam em todo o ecossistema de pagamentos, incluindo criptomoedas. Nossa estratégia e foco em cripto é servir de ponte, ajudando a conectar plataformas e novas tecnologias no ecossistema cripto – incluindo redes de blockchain – por meio de nossa rede global de 130 milhões de estabelecimentos comerciais e cerca de 15.000 instituições financeiras. Para isso, estamos focados em expandir nossas competências essenciais nas camadas de infraestrutura cripto e em avaliar os protocolos de blockchain com potencial de gerar atividade econômica real.
No caso do Drex, ele está no nosso radar e estamos diretamente envolvidos na sua implementação no país. Em maio de 2023, os projetos da Visa em parceria com a XP e Bradesco foram escolhidos pelo Banco Central para o piloto do Real Digital.
Em dezembro do mesmo ano, a Visa e a XP configuraram o nó para integração à rede de blockchain do Drex do Banco Central do Brasil e os resultados dos primeiros testes na rede foram positivos. No momento, o trabalho junto dos parceiros e do BC segue a todo vapor. Todos sabemos que a implementação do Drex é de interesse público e ele será um marco na nossa economia.
Sobre o pagamento de faturas com moedas digitais, nós já o viabilizamos através de parcerias com empresas com fintechs e startups que atuam com exchange de cripto no Brasil, como Crypto.com, Ripio e outras.
Ao usarem credenciais vinculadas a criptomoedas, os clientes de uma exchange de cripto podem realizar transações com moeda fiduciária local em qualquer estabelecimento que aceite Visa, bem como comprar moedas digitais com as credenciais existentes. Além do mais, oferecemos recursos de infraestrutura, serviços de consultoria e ferramentas para as pessoas transitarem com mais facilidade no mundo das moedas digitais e na emergente economia digital.
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