Segundo relatório do Instituto AnitaB.org, atualmente profissionais mulheres compõem cerca de 30% da força de trabalho na área de tecnologia
Por Gabriela Camano
A participação feminina no mercado de trabalho é pauta recorrente nas discussões sociais. Apesar de apresentar um grande avanço nos últimos anos, as discrepâncias e dificuldades ainda são bastante notáveis.
De acordo com uma pesquisa da FGV, atualmente a taxa de inserção de mulheres brasileiras no mercado de trabalho está em 51,5%, enquanto a participação masculina gira em torno de 71%.
Em cargos de liderança, a presença feminina é ainda menor, apenas 38%, porém, 52% mais alto do que em 2019, conforme aponta um levantamento realizado pela Grant Thornton.
Embora distante da conjuntura ideal, o setor vem sendo cada vez mais ocupado por mulheres, como revela a pesquisa realizada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), indicando que a participação feminina no mercado de TI cresceu 60% nos últimos cinco anos.
Segundo ainda um relatório do Instituto AnitaB.org, atualmente as profissionais mulheres compõem quase 30% da força de trabalho na área tecnológica.
Tais números reforçam a importância de existir um movimento feminino que desmistifique profissões teoricamente voltadas ao público masculino, encorajando mais mulheres a buscarem se inserir no mercado de tecnologia.
Para que o cenário seja cada vez mais inclusivo, é preciso fomentar uma mudança de comportamento nas empresas, essenciais para garantir posições e qualificações às profissionais no mercado de trabalho.
As barreiras de liderança feminina
De acordo com um estudo da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais), hoje os homens ocupam 67% das posições mais altas nas empresas de tecnologia, enquanto as mulheres apenas 33%.
Além de haver uma disparidade no número, muitas vezes, as mulheres são taxadas como agressivas, por precisarem utilizar de rigidez para conquistarem o respeito dos colegas de profissão, gerando um certo preconceito em relação à sua capacidade técnica no cargo conquistado.
Uma pesquisa da consultoria de recrutamento Yoctoo, apontou que 78% das mulheres afirmam já terem sofrido algum tipo de preconceito dentro da área de tecnologia, salientando a questão social de que as mulheres não são preparadas para assumirem certos cargos.
Em um ambiente predominantemente masculino como o setor tecnológico, esta barreira precisa ser quebrada, incentivando a diversidade e a cultura, e enfatizando a total capacidade das mulheres em assumirem diversas posições dentro de uma companhia, podendo contribuir significativamente para o seu sucesso.
É muito comum que uma pessoa do gênero masculino seja criada para ser corajoso em suas atitudes, quer esteja preparado para a situação ou não.
Já uma pessoa do gênero feminino, geralmente é ensinada a ter habilidades perfeitas para estar pronta para uma determinada condição ou desafio. E no mercado de trabalho, esse cenário não é diferente.
Por uma questão já enraizada e que deve ser modificada, ao surgir uma vaga de emprego, certamente haverá profissionais homens se candidatando que nem sempre terão a totalidade de hardskills desejadas, enquanto muitas mulheres não chegam nem a se candidatar, por não se sentirem 100% completas com as habilidades exigidas.
Essa comprovação de capacidade está entre as questões que precisam ser vencidas pelas mulheres no dia a dia, uma vez que os homens não costumam passar por este tipo de provação.
Mercado de tecnologia: uma mudança de comportamento
Em um setor que ainda enfrenta tantas disparidades, preconceitos e possui a maior desigualdade salarial entre gêneros, segundo pesquisa da consultoria Mercer, algumas mudanças devem ser implementadas, especialmente pelas companhias que representam a área no mercado.
O crescimento dos últimos cinco anos reflete que é possível obter sucesso e inserir cada vez mais mulheres no mercado de tecnologia.
No entanto, para isso, é fundamental que um movimento de empoderamento feminino se consolide e permaneça firme ao longo do tempo.
Empresas que motivem a diversidade, cursos preparatórios para mulheres, mentorias, entre outros projetos especializados, destacam-se no mercado não apenas por trabalhar com a inclusão internamente, mas também priorizar seus clientes, que precisam se identificar com a empresa com a qual estão em contato.
Além disso, é preciso enxergar o profissional pelo conteúdo que ele apresenta e não apenas pelas suas características de gênero.
Mulheres inseridas no mercado de tecnologia podem trazer não apenas suas capacidades técnicas ao dia a dia da profissão, mas também uma qualidade diferenciada ao trabalho, com um olhar mais detalhista.
Além disso, a presença feminina em cargos de liderança no setor tecnológico pode representar uma grande inspiração para outras mulheres iniciarem uma jornada no mercado de TI.
Com essa mudança de comportamento, por parte dos homens, respeitando mais as mulheres em diferentes cargos dentro de uma empresa, por parte das companhias, disponibilizando vagas e outros projetos que valorizem a capacidade feminina, e por parte das próprias mulheres, acreditando mais em seu potencial, é possível caminhar para atingir um patamar mais equalitário, promovendo uma qualidade e sucesso econômico cada vez maior para o mercado de tecnologia como um todo.
Sobre a fonte
Gabriela Camano é Diretora de ITAM & FINOPS da SoftwareONE, provedora global e líder em soluções de ponta-a-ponta para softwares e tecnologia de nuvem.
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