Tasso Lago, especialista em criptomoedas e sócio da Financial Move, explica as diferenças entre moeda digital e criptomoedas
No mês passado, o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto disse que o projeto de emitir uma moeda digital no Brasil está avançando e que terá novidades em breve sobre o assunto.
Enquanto isso, a China se tornou a primeira potência a criar sua própria moeda digital: o yuan digital. A moeda pode ser operada por meio de aplicações pelo Banco Central de Pequim.
“Lançamos um projeto de lei para mudar as características da moeda real. O primeiro é a simplificação da moeda; depois, a internalização e a conversibilidade; e a terceira fase é a de digitalização. Estamos avançando bastante no projeto de moeda digital e deveremos ter notícias em breve”, afirmou Campos Neto, na Conferência Iberoamericana de Bancos Centrais, promovida pelo Banco da Espanha.
Mas o que é a moeda digital?
Segundo Tasso Lago, especialista em criptomoedas e fundador da Financial Move, elas são o próprio dinheiro em si, porém na forma digital e não física. “As moedas digitais podem ser qualquer dinheiro virtual como o que temos em lugares como Pay Pal, por exemplo, ou qualquer outra plataforma”, explica.
A ideia de criar uma CBDC (central bank digital currency) ou moeda digital vem sendo estudada em diversos países do mundo. No Brasil, o tema tem provocado especulações, mas ainda nada se sabe sobre o lançamento do Banco Central.
“Há um debate sobre se a moeda digital vai ser centralizada ou descentralizada, se vai ser remunerada com relação ao CDI ou não. Mas ainda assim não vai ter um caráter especulativo“, diz.
Segundo o especialista, há também a necessidade de integração entre os Bancos Centrais, que precisam conversar para que essas emissões de moedas digitais sejam conversíveis entre si: “A vantagem disso é poder rastrear melhor o dinheiro ao redor do mundo. É a globalização 4.0 de rastrear e traquear ao longo da vida esse dinheiro.”
“O movimento é confirmado pelo Pix, em que também se tem mais controle do dinheiro circulando e faz com que os usuários se tornem menos reféns dos bancos e de transferências em horários bancários específicos, por exemplo“.
Muitas pessoas confundem o termo com as criptomoedas, mas é importante observar que ambas não são sinônimas. “As criptomoedas são moedas descentralizadas que utilizam blockchain, além de terem viés especulativo e serem consideradas um investimento variável”, afirma.
Mas quais seriam as vantagens? De acordo com Tasso, a moeda digital facilitaria o rastreamento do dinheiro, além de reduzir custos, já que imprimir cédulas não é barato.
“Quando o Banco Central fala em criar o real digital, tem interesse em integrar o sistema financeiro. Com o real digital, não é mais necessário imprimir cédulas, o que gera custos altos, e também é possível ter mais controle sobre o dinheiro, diferente do que ocorre com o físico”, comenta.
“Em termos de custos e eficiência de gerenciamento, a moeda digital traz muito mais vantagens que desvantagens. Além disso, estaria disponível para todos os brasileiros promovendo integração econômica de pessoas que não têm acesso a contas bancárias”, completa Tasso.
Sobre Tasso Lago
Especialista em criptomoedas e fundador da Financial Move, está na área de finanças desde 2012. É pós graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – COPPEAD e Mestre em Finanças por Corporativas pela Université de Bordeaux. Começou atuando na Inteligência de Mercado da Fundação Getúlio Vargas, e em 2017 atuou no banco da IBM Global Finance como Analista Financeiro do mercado norte americano, sendo responsável por contas como Michelin, Cisco Systems e gerenciado contas estaduais e municipais dos Estados Unidos. Palestrante nos maiores congressos de economia e investimentos, atua como gestor de capital em sua empresa e é professor de Blockchain e Criptomoedas na COPPEAD.
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