Em um estudo da Lucidworks de 2024, revelou-se que embora 63% das empresas planejam aumentar seus investimentos em IA
Por Flávio Fujita
Quando trabalhava como piloto de avião nos anos 30, Antoine de Saint-Exupéry (o autor de “O Pequeno Príncipe”) sofreu um acidente e caiu com seu avião no deserto do Saara, em uma viagem entre Paris e Saigon. Lá ficaram perdidos por vários dias, até serem resgatados por um beduíno.
Esta experiência o marcou profundamente, e lhe ensinou a filosofia do “menos é mais”, a qual carregou consigo até sua autobiografia “Terra dos Homens”.
Os componentes ideais de uma máquina, que se encaixam perfeitamente ao nosso olhar, parecem que “não foram inventados, mas simplesmente descobertos, antes escondidos pela natureza e encontrados pelo engenheiro”. Saint-Exupéry se referia ao design de aeronaves, tendo acompanhado sua evolução desde os primórdios do uso desta invenção.
Esta filosofia pode ser aplicada a qualquer invenção e qualquer inovação, e isso é evidente atualmente, com o avanço acelerado de tecnologias aplicadas à criação de informação, como a Inteligência Artificial Generativa (GenAI).
Em um estudo da Lucidworks de 2024, revelou-se que embora 63% das empresas planejam aumentar seus investimentos em IA, há uma pressão significativamente maior para o setor jurídico, devido à sua natureza altamente dependente de textos e análise de dados estruturados.
Não é à toa que já se projeta que o mercado de LegalTech crescerá de 29 a 68 bilhões de dólares nos próximos 10 anos.
Só em 2023 foram mais de 200 novas startups de LegalTech globalmente, e a previsão é de crescimento contínuo (Future Market Insights). Isso tem levado alguns escritórios e departamentos jurídicos a uma verdadeira expedição em busca das melhores soluções, e de como elas podem apoiar na operação jurídica.
Assim como os componentes dos aviões de Saint-Exupéry, que foram se simplificando enquanto mantinham sua utilidade, engenhosidade e eficiência, cada componente de uma operação jurídica inovadora deve ser aproveitado ao máximo, tendo propósitos e resultados claros e bem definidos. Nem sempre uma única solução resolverá todos os problemas, mas tampouco devemos empilhar novas tecnologias para isso.
O verdadeiro desafio reside em otimizar processos com um foco claro na simplicidade. É essencial que novos componentes sejam cuidadosamente integrados aos fluxos de trabalho existentes, evitando a tentação de adicionar complexidade desnecessária, o que poderia resultar em custos elevados e, paradoxalmente, na redução da eficiência operacional.
Em última análise, a verdadeira inovação jurídica não se trata de quais ou quantas soluções novas você pode adicionar, mas de como cada uma delas pode ser usada para melhorar, de maneira simples e eficiente, os processos existentes.
Como Saint-Exupéry concluiu em sua autobiografia, “a perfeição é alcançada não quando não resta nada a adicionar, mas quando não resta nada a retirar”. Essa é a essência da inovação jurídica eficaz: simplicidade que gera impacto.
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