O fato é que o futuro da saúde brasileira pode ser transformado pela inovação aberta, mas isso exige mais do que o simples desejo
Por Igor Couto
É de conhecimento geral que a saúde no Brasil enfrenta desafios críticos, com uma demanda crescente por serviços acessíveis e de qualidade.
Diante de um cenário complexo, a busca por soluções inovadoras se torna um fator crucial para que o problema seja atenuado.
Neste contexto, a inovação aberta surge como uma abordagem promissora e pode ser fundamental para a transformação da área no país, por meio dela temos a chance de destravar o potencial oculto de novos processos e focar em abordagens competitivas que envolvam parcerias.
A inovação aberta, conceito criado por Henry Chesbrough, envolve a colaboração entre organizações e indivíduos para desenvolver novas soluções e tecnologias. No setor de saúde, essa prática tem impulsionado parcerias entre universidades, empresas, startups e governos, acelerando o desenvolvimento de produtos, reduzindo custos e ampliando a diversidade de ideias. Esses modelos são eficazes para promover mudanças e incorporar tecnologias emergentes.
Especificamente no Brasil, a saúde movimenta aproximadamente R$ 700 bilhões por ano. Isso significa que 9,1% do PIB brasileiro é destinado ao setor, com a maior parte desse montante direcionado ao setor público.
Apesar dos números expressivos, o país ainda enfrenta enormes desafios, inclusive no que diz respeito à escassez de recursos, mas principalmente na desigualdade do acesso aos serviços e a necessidade urgente de modernização das infraestruturas. É neste cenário que a inovação aberta pode desempenhar um papel relevante.
Como impulsionar a inovação?
A colaboração entre diferentes indústrias e frentes pode ser a chave para impulsionar a inovação na saúde brasileira. O meio acadêmico, por exemplo, com sua alta capacidade de pesquisa, pode se unir a startups, tradicionalmente empresas mais ágeis e dispostas à inovação.
Com essa soma de forças é muito provável que novas tecnologias, soluções ou práticas baseadas nos recursos mais modernos possam ser idealizadas no país. O potencial tende a ser ainda mais amplo se considerarmos o envolvimento de empresas privadas, estatais e do próprio governo na equação.
Em relação aos recursos tecnológicos disponíveis hoje, a inteligência artificial (IA) – já bastante utilizada globalmente para diagnósticos precisos e tratamentos personalizados – contribui para apoiar o processo de expansão da inovação aberta, incluindo a análise de imagens médicas e o gerenciamento de dados de pacientes.
Já a telemedicina, impulsionada pela pandemia de Covid-19, tem expandido o acesso e otimizado os cuidados de saúde. Por fim, o uso de big data e analytics pode ajudar o país a identificar padrões na medicina e tornar as decisões dos profissionais de saúde mais precisas.
Iniciativa é um oceano de oportunidades
Para o Brasil, a inovação aberta na saúde tem potencial para oferecer inúmeras oportunidades, como a melhoria na qualidade do atendimento, redução de erros médicos, e tratamentos mais eficazes e personalizados. Isso porque ela democratiza o acesso a novas tecnologias e tratamentos, reduzindo desigualdades e ampliando os serviços de saúde.
Além disso, estimula a criação de startups e indústrias focadas em saúde, um cenário que certamente tende a impulsionar a economia e promover a evolução contínua dos serviços de saúde no país.
O fato é que o futuro da saúde brasileira pode ser transformado pela inovação aberta, mas isso exige mais do que o simples desejo. São necessárias políticas públicas que incentivem a colaboração e investimentos contínuos em tecnologia e infraestrutura.
Além disso, todos os stakeholders, incluindo profissionais de saúde, gestores, pesquisadores e empreendedores, precisam adotar uma mentalidade colaborativa em prol da iniciativa. Só assim o Brasil estará preparado para transformar o sistema de saúde de maneira definitiva.
Hospitais investem em tecnologia para melhorar atendimento e otimizar processos
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