Entenda o que sustenta a indústria dos efeitos visuais em filmes que deixaram o público fascinado neste ano, como Avatar 2 e A Baleia
Por Paulo de Godoy
Existem alguns fatores que tornam um filme um sucesso de bilheteria, incluindo roteiro, elenco, cenários, entre outros.
Mas um ingrediente poderoso e pouco reconhecido na boca do povo, é o armazenamento de dados.
E, embora seja sim um assunto técnico, por outro lado, é a mesma tecnologia de memória de armazenamento do seu smartphone – o “flash storage” – só que em escalas bem maiores.
Os indicados ao Oscar deste ano, incluindo A Baleia e Avatar: O Caminho da Água, usaram efeitos visuais de ponta para dar vida às suas histórias.
Avatar estava entre os filmes de efeitos digitais mais ambiciosos já feitos, atingindo conquistas marcantes, como o domínio de animação digital da água e o uso de uma taxa de frames ultra alta.
É um dos filmes tecnologicamente mais avançados de todos os tempos e é também uma das obras com mais dados pesados da história.
Para referência, o primeiro Avatar supostamente exigia um petabyte de armazenamento, enquanto a sequência exige 18,5 petabytes de armazenamento.
Esse é o caminho que a indústria vem trilhando há décadas, à medida que a animação digital e os efeitos ficam mais e mais avançados.
E embora não faltem ideias e criatividade dos estúdios para esses projetos, muitos deixam de levar essas ideias às telonas devido à falta de capacidade de armazenamento.
O que é preciso para executar um projeto de filme deste escopo?
Basicamente, imensos recursos de processamento, armazenamento, backup e de segurança. A criação de projetos de filmes digitais em larga escala pode exigir um exército de artistas e especialistas, cada um trabalhando em uma estação de trabalho de alta potência, gerando simultaneamente grandes quantidades de dados.
Para o segundo Avatar, volumes elevadíssimos de dados de captura de performance subaquática foram coletados todos os dias em tanques de 3 milhões de litros.
Esses dados foram enviados de volta para os artistas de efeitos visuais, que usaram arquivos para dar vida aos personagens e cenas. O estúdio precisava de capacidade tecnológica para receber e processar esses dados de forma perfeita e criar cerca de 1.600 simulações.
Esse é um desafio que a Cumulus Visual Effects conhece bem. Com sede em New South Wales, a Cumulus é uma das principais fornecedoras de VFX da Austrália.
A empresa é uma parceira de colaboração confiável para estúdios maiores em todo o mundo. Inclusive, de acordo com Nicky Ladas, tecnólogo chefe da Cumulus VFX, a maioria dos desafios de TI da empresa se resumia à capacidade de armazenamento.
Outro exemplo prático é a Arts Alliance Media, empresa que possui cerca de 30 mil telas de cinema em todo o mundo, das quais precisa extrair dados que permitam o funcionamento do software que ela constrói.
Nesse caso, apenas o armazenamento em flash tem o desempenho necessário para processar tantas informações.
Uma espiada nas necessidades tecnológicas de um estúdio de cinema digital
Nicky Ladas também comentou um ponto importante para os estúdios de efeitos, “a capacidade de armazenamento, conforme as demandas de tecnologia aumentam, é um dos problemas mais comuns do setor”. Isso porque, para produzir no prazo e em escala, os estúdios contam com:
Núcleos de computação poderosos — vários racks com chassis contendo várias máquinas, totalizando milhares de processadores e centenas de terabytes de RAM.
Armazenamento conectado às redes de fibra rápida (NAS) e redes multigigabit – com armazenamento local em flash para suportar os requisitos de alta largura de banda das cargas de trabalho de efeitos visuais.
É válido frisar que cerca de 100 terabytes de dados podem estar em jogo em um ambiente de produção.
Armazenamento de dados não estruturados (object storage) — para armazenar arquivos complexos (como vídeos) baseados em objetos para sistemas de renderização. O provisionamento desses recursos de armazenamento de dados em tempo real deve ser simples e transparente para os usuários.
Arquiteturas de backup rápidas e robustas — capazes de fazer backup e arquivar quantidades maciças de snapshots dos dados e garantir que fiquem armazenados em segurança antes do início do trabalho do dia seguinte.
Vida longa e próspera ao cinema
Quanto mais (e maiores) projetos um estúdio deseja aceitar, mais crítico fica para torná-lo uma realidade.
Para essa infraestrutura dos estúdios, a tendência veio no armazenamento como serviço e consumo de armazenamento conforme o uso, eliminando a necessidade de grandes investimentos iniciais em computadores de alta performance para renderização, estações de trabalho ou storage mais potente do que precisam no momento.
Como muitos aproveitam a nuvem para processar e renderizar energia, a mobilidade e a acessibilidade dos dados serão fundamentais.
Como grande entusiasta do cinema, me animo ao pensar que os gênios da indústria serão capazes de nos mostrar muitas novas ideias nas telonas graças à infraestrutura tecnológica que avança para apoiar projetos com os quais sequer sonhávamos há poucas décadas.
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