Embora a adoção da tecnologia continue sendo a prioridade em todos os processos de adaptação digital, talentos e líderes são diferenciais
Por Cristiano Celso e Flávia Alcassa
Em um mundo impulsionado pela transformação digital acelerado pela pandemia do Covid19 com novos modelos de negócios e modelos híbridos de trabalho, a forma como a liderança é feita nas empresas fará a diferença.
Diante dessa situação, os líderes responsáveis pelas equipes carregam uma grande responsabilidade nos ombros: orientar todos na nova economia digital.
Para isso, precisam adaptar sua visão de longo prazo, seu foco na excelência tática e operacional e promover o crescimento com estratégias baseadas em dados que pode resultar numa inovação pura ou incremental.
Neste artigo abordamos os principais desafios que esses líderes terão que enfrentar.
Qual o papel da liderança na transformação digital?
Liderança é um tema amplo e complexo e que pode levar à diferentes definições. Porém, ela se apresenta como um conjunto de traços do ser humano capaz de influenciar pessoas para atingir determinado objetivo (Oberer & Erkollar, 2018). Além disso, estudos apresentam a liderança não como um fator isolado, mas também influenciada pelo relacionamento entre o líder, liderados e outras partes do cenário em que a atuação se insere (Eagly et al., 2003).
Embora a adoção da tecnologia continue sendo a prioridade em todos os processos de adaptação digital, talentos e líderes são diferenciais para embarcar com sucesso nessa jornada digital. A dimensão humana nessas transformações tornou-se a chave para agregar valor e garantir a sustentabilidade das mudanças.
Os líderes são confrontados por um ambiente de negócios diferente do praticado nas últimas décadas, um rítmo maior de mudança, tornando as situações mais complexas e desafiadoras que o habitual. O modo tradicional de liderança não funciona mais.
Para liderar efetivamente no mundo de hoje, eles precisam atualizar sua compreensão e prática das situações existentes para enfrentar os novos cenários que os confrontam em todas as direções e velocidades, fatores esses que impactam diretamente toda a equipe e a organização.
A transformação digital não é uma mudança envolvendo somente a tecnologia. Envolvem processos e principalmente, a forma de pensar dos colaboradores. A transformação somente é viabilizada se existe uma cultura organizacional inovadora dos líderes.
O alinhamento de competências do líder concentra-se nas competências técnicas, interpessoais e relacionais indo muito além das competências teóricas. Quanto mais forte o alinhamento entre modelos e experiência, mais eficazes são os líderes.
O líder tem que ser estratégico e operacional. A distância entre o lider e o executor diminuiu e passa a ser comum o próprio líder orientar o executor de como realizar o trabalho para atingir o objetivo pretendido.
Em pesquisa realizada pela MIT Sloan Management o despreparo dos líderes na nova economia digital está nas seguintes razões:
1.Falta de entendimento sobre o que significa o mundo digital na prática;
2.Pressão intensa por mudanças, que gera tensões e falta de confiança entre os líderes levando a uma cultura de inércia;
3.“Pontos cegos” que impedem os gestores de verem ou construírem novos caminhos.
Fica evidente que os aspectos como liderança, talento e cultura organizacional são fundamentais para garantir o sucesso da transformação.
A liderança na era digital é quase o oposto direto da gestão da era industrial. A hierarquia vertical da autoridade precisa ser substituída por uma rede horizontal de competência, uma rede composta por equipes auto-organizadas, impulsionadas por um objetivo comum, que pode mudar de direção a qualquer momento.
Uma nova mentalidade é necessária, onde o resultado será consequência do valor percebido pelo cliente, ou seja, mercados pautados essencialmente em eficiência e obtenção de resultado a todo custo não serão suficientes.
A sensibilidade para identificar os desejos de consumo das pessoas, e atraí-las com diferenciais competitivos significativos só podem ser planejados por funcionários talentosos. Para extrair o que há de melhor em cada funcionário, em cada equipe, e aproveitar todos os grandes talentos, a liderança digital precisa engajar não apenas o cérebro, mas também o coração de todos, através da inspiração e colaboração
Necessidades de uma liderança focada em ação:
A liderança baseada em mais ações e menos discursos é um tema de extrema relevância para o mundo corporativo. Como disse Paulo Freire: “É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática.”
Mas qual o perfil ideal de líder? Tático, Operacional ou Estratégico?
Seja um pouco de cada!
Se quer ser reconhecido como um Líder totalmente sintonizado com as exigências que toda a transformação digital está trazendo, o líder precisa ter a capacidade de pensar estrategicamente, fazer negócios, e colocar a mão na massa quando necessário.
Formas de gerenciamento com equilíbrio entre a estratégia do negócio, o uso da tática e o entendimento operacional, são habilidades requeridas para liderar na atualidade.
Sobre Cristiano Celso
Diretor de Controles Internos e Riscos | Sicoob Cocre, Liderança na Inovação Massachusetts Institute of Technology, Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria, Contabilidade e Finanças FGV, Administração de Empresas UNIP.
Sobre Flávia Alcassa
Sócia-fundadora do escritório Alcassa & Pappert Advogados. Especializada em Direito Digital Corporativo, Bancário e Compliance, Segurança Digital pela FGV, Membro da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), Autora dos livros “LGPD e Contratos” e LGPD e Cartórios (Ed. Saraiva).
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