Fabiano Barros, CTO de cloud da BRQ Digital Solution, conversa com o Crypto ID sobre a migração acelerada do setor financeiro para a nuvem
O setor financeiro está buscando cada vez mais agilidade e competitividade, principalmente os bancos. Reflexo do boom de fintechs que invadiu o mercado? Talvez. A verdade é que para galgar mais espaço e conseguir mais clientes, os bancos agora querem migrar para a nuvem com o objetivo de lançar novos produtos e agregar mais valor aos clientes.
Isso é o que mostra o estudo global da Accenture, que ouviu 150 executivos de bancos que estão planejando ou já começaram a migração para nuvem. 82% dos entrevistados planejam migrar mais da metade de suas cargas de trabalho de mainframe para a nuvem — incluindo 22% que têm como meta migrar mais de três quartos. A maior parte deve alcançar seus objetivos nos próximos dois a cinco anos.
Crypto ID: As instituições migram todas as aplicações de uma vez ou fazem a migração gradativamente e porquê?
Fabiano Barros: No geral as migrações para cloud acontecem de maneira gradativa, baseadas em um planejamento que aborda a prioridade das aplicações de acordo com os objetivos de negócio e a melhor estratégia para cada aplicação a ser migrada. Como se trata de uma mudança não somente no aspecto tecnológico, mas também de um novo modelo de operação que passa por uma adaptação das pessoas e da organização, é sempre importante entender o processo de migração como uma jornada.
Crypto ID: Sobre a segurança da informação, quais são os principais pontos de atenção nessa migração?
Fabiano Barros: É importante entender que a segurança em nuvem é baseada em um modelo de responsabilidade compartilhada. Entender os aspectos que cabem ao provedor e ao cliente é fundamental para qualquer processo de migração. Todos os controles e técnicas que funcionam no modelo tradicional, também se aplicam à nuvem em sua essência. O que muda é a forma como esses controles são implementados. Em nuvem é essencial pensar em segurança como pilar nativo no desenho de qualquer aplicação.
Crypto ID: As empresas clientes conseguem migrar para outras soluções de segurança contratadas? Por exemplo: ferramentas de controle de vulnerabilidades e ciberataques?
Fabiano Barros: Todos os grandes fabricantes de soluções de segurança adaptaram suas soluções nos últimos anos para trabalhar em nuvem. Essas soluções podem ser integradas às soluções nativas dos provedores de nuvem para complementar aspectos de segurança ou mesmo para manter padrões de ferramentas durante o período de convivência com a infraestrutura atual.
Crypto ID: Como são feitos os controles de acessos aos dados, vocês mesmo dão esse suporte?
Fabiano Barros: Toda operação em um ambiente em cloud pode ser controlada. Adotar uma estratégia de Zero Trust, ou seja, baseada em um modelo de verificação contínua de cada requisição de acesso a dados e recursos é o que sempre recomendamos e aplicamos em nossos clientes.
Crypto ID: Quanto tempo ocorre entre o planejamento, testes e migração para a cloud?
Fabiano Barros: Geralmente uma migração típica acontece entre 3 e 6 meses. Quando falamos de uma jornada Cloud, pensando na transformação das aplicações e modelo de negócios, estas levam entre 2 e 3 anos.
Crypto ID: No caso do Bureau de Crédito que precisa de latência no serviço que entrega a operação em nuvem impacta ou otimiza os prazos de retorno? Porque?
Fabiano Barros: Atualmente todos os grandes provedores globais de nuvem como AWS, Microsoft e Google possuem datacenters no Brasil e uma série de soluções de conectividade para atender de pequenas empresas a grandes corporações. Com isso, a questão da latência hoje não é um problema frequente para operar em nuvem. O PIX, por exemplo, é uma solução de sucesso absoluto e roda em nuvem.
Crypto ID: Quais os segmentos de atuação do mercado brasileiro que mantém mais operações em nuvem?
Fabiano Barros: Hoje os segmentos líderes no uso são Segmento Financeiro (Bancos, Seguradoras e outros serviços financeiros), Telecom e Varejo.
Crypto ID: E os setores de agronegócios e industrias em geral, você poderia nos falar sobre a adoção para a cloud?
Fabiano Barros: Ambos estão na jornada para cloud e se beneficiam principalmente de serviços em nuvem voltados para IoT ou Internet das Coisas. A capacidade de conectar sensores, analisar dados em grande escala e criar modelos baseados em inteligência artificial tem atraído muito esses dois setores na busca por inovação. O desafio aqui é a questão da conectividade que é um problema em algumas regiões do país.
Crypto ID: Nesse momento vocês têm alguma aplicação voltada para o mercado devido ao 5G?
Fabiano Barros: Existe uma grande expectativa de que o 5G melhore a conectividade e possibilite um grande avanço principalmente em IoT, uma vez que possibilita alta velocidade e baixa latência. Acompanhamos de perto a evolução da tecnologia no Brasil. Atualmente, não temos projetos em andamento na companhia para o 5G, mas temos capacity e expertise para suportar nossos clientes nesse desafio.
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