Quando a tecnologia exige mais energia do que países inteiros: o paradoxo da IA entre o alto consumo dos data centers e seu potencial para impulsionar a sustentabilidade
A expansão acelerada da inteligência artificial (IA) coloca o mundo diante de um paradoxo urgente no qual, ao mesmo tempo em que a tecnologia promete tornar o uso de energia mais eficiente e sustentável, ela própria consome quantidades crescentes de eletricidade para funcionar.
Dados recentes do relatório Artificial Intelligence’s Energy Paradox do Fórum Econômico Mundial indicam que o consumo global de energia pelos data centers, impulsionados sobretudo por modelos avançados de IA, pode alcançar até 945 terawatts-hora até 2030, um volume superior ao consumo anual de países como Alemanha ou França.
A demanda crescente decorre tanto do processamento intensivo quanto da necessidade permanente de resfriamento de servidores que operam 24 horas por dia, tornando essa infraestrutura digital uma das mais energointensivas em um planeta já pressionado pelas mudanças climáticas.
Ainda assim, o mesmo relatório destaca que a IA pode ser essencial para mitigar o problema que ela própria ajuda a criar. Sistemas inteligentes têm capacidade de identificar desperdícios, equilibrar redes elétricas, otimizar edifícios, reduzir perdas industriais e apoiar a transição para matrizes mais limpas.
Ao analisar grandes volumes de dados em tempo real, a tecnologia permite intervenções e ganhos de eficiência impossíveis para modelos tradicionais de gestão energética, tornando-se aliada estratégica no enfrentamento da crise climática.

A complexidade desse cenário é sintetizada por Cristiano Kruel, Chief Innovation Officer da StartSe, ao classificar o fenômeno como um paradoxo energético. Ele observa que a sociedade passa a depender simultaneamente de mais energia e de mais inteligência, em uma relação que se retroalimenta. “De um lado, esta nova era da computação, que habilita a Inteligência Artificial, demanda Data Centers que consomem muita energia, tanto para processamento como para resfriamento. De outro, compreendemos também que com maior capacidade computacional conseguimos identificar os enormes desperdícios existentes na sociedade, da educação à saúde, da água à própria energia. Quem já visitou Itaipú viu a grandiosidade de uma usina que gera elétrons, energia para a sociedade. Então, ao visitar um data center, poderíamos correlacionar com uma ‘usina de inteligência’, uma Itaipú que gera ‘cognições’ (que na prática são cálculos matemáticos). Logo, eu vejo que a civilização vai continuar demandando ‘energia’ e ‘inteligência’ e que uma retroalimenta a outra. O desafio será conseguirmos avançar como humanidade sem polarizações interesseiras, mas com muita sobriedade e responsabilidade“, explica o executivo.
A reflexão de Kruel converge com a análise do Fórum Econômico Mundial, que orienta caminhos possíveis para reduzir o impacto ambiental da IA, como o uso de energias renováveis para abastecer data centers, sistemas de resfriamento mais inteligentes, transparência sobre a pegada de carbono dos modelos, chips de maior eficiência e estratégias globais destinadas a equilibrar avanço tecnológico e responsabilidade ambiental.
O debate ganha força com exemplos que demonstram que a própria IA pode contribuir para diminuir a intensidade energética dos sistemas que a sustentam. Um dos casos mais citados ocorreu em 2016, quando o Google conseguiu reduzir em cerca de 40% o consumo de energia dedicado ao resfriamento de seus data centers após adotar um sistema baseado em inteligência artificial capaz de ajustar automaticamente as condições de operação.
O resultado se tornou referência global ao mostrar que, mesmo em estruturas altamente otimizadas, ainda há espaço para ganhos substanciais de eficiência, e que o paradoxo energético da IA pode ser enfrentado com tecnologia, estratégia e responsabilidade.
A iniciativa do Google mostra um esforço do setor para reduzir o impacto ambiental associado ao processamento de dados. Fora desse caso específico, empresas de tecnologia têm sido cobradas a divulgar métricas de consumo energético e emissões, em meio ao crescimento do uso de inteligência artificial e da demanda por infraestrutura digital.
Relatórios internacionais apontam que data centers já representam uma fatia relevante do consumo elétrico global, e novos projetos vêm sendo acompanhados mais de perto por órgãos reguladores. O tema, antes restrito a áreas técnicas, passa agora a integrar debates públicos sobre energia, uso de recursos e responsabilidade ambiental das grandes plataformas, estando presente em fóruns que prometem movimentar a dinâmica global em 2026.
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