No setor financeiro há uma tendência de infraestrutura que vem ganhando força: o Banking as a Service (BaaS) e Embedded Finance
Por Marilyn Hahn
Desde 1998, quando surgiram as primeiras carteiras digitais e os primeiros pagamentos on-line ganharam vida, o cenário financeiro segue passando por uma transformação radical com o avanço da digitalização da economia.
Nesse setor, além da face mais reconhecida pelo grande público, as movimentações on-line de valor via soluções como o Pix, há uma tendência de infraestrutura que vem ganhando força: o Banking as a Service (BaaS) e Embedded Finance.
Conforme um estudo recente, o BaaS no Brasil movimentou mais de US$ 702,92 milhões em 2023. Entre 2019 e 2031, a taxa de crescimento anual composta (CAGR) desse mercado no país supera 28%. Esses modelos não apenas redefinem a maneira como os serviços financeiros são oferecidos, mas também abrem novas oportunidades para fintechs e bancos digitais.
Segundo a pesquisa, espera-se que o BaaS apresente um crescimento de 615% até 2031 na América Latina. Esse aumento será impulsionado pelo crescente número de usuários de internet banking, a preferência dos consumidores pelo ambiente on-line e a globalização dos serviços financeiros.
Em termos absolutos, estima-se que o mercado passe de US$ 12,2 bilhões, registrados no final de 2022, para aproximadamente US$ 87,4 bilhões em dezembro de 2031.
União impulsiona serviços
Para as fintechs, o BaaS emerge como uma via essencial para alcançar a bancarização, oferecendo uma gama de serviços financeiros, como pagamentos e gestão inteligente de dinheiro de forma rápida e simples.
Isso possibilita que a empresa se concentre em seu nicho de mercado, analisando as necessidades do cliente, enquanto todo a estrutura de backend dos serviços já estão prontos e aguardando apenas a ligação entre as APIs.
O setor de fintechs também tem se mostrado extremamente promissor, com 9 das 10 empresas que mais cresceram em 2023 pertencendo a esse segmento. Para escalar e competir, é crucial focar em inovação contínua.
Entender o nicho de mercado e desenvolver serviços personalizados, como antecipação de FGTS e seguros, entre outros produtos que dialoguem diretamente com seu público. O BaaS oferece justamente essa liberdade de inovar sem se preocupar com a complexidade regulatória necessária para operar em conformidade.
No Brasil, por exemplo, existem cerca de 3 mil normas que regulamentam aspectos de segurança, custódia e tecnologia. Além disso, inovações como Pix e Open Finance contam com um calendário de implementações que as empresas do sistema financeiro nacional devem cumprir.
Assim, quando as fintechs optam por utilizar serviços de BaaS, toda essa complexidade é resolvida em menos de uma hora, com uma simples integração, já que o provedor reúne todas as licenças, ou seja, cumpre as regras e está apto para atuar, livrando as fintechs da burocracia e liberando seu potencial criativo para a inovação.
Benefícios da integração
A integração de serviços financeiros inovadores e a migração para super aplicativos são tendências que definirão o futuro dos bancos digitais e fintechs. Assim, por meio das premissas fundamentais do BaaS (100% baseados em nuvem, API first e código-fonte unificado), as empresas podem oferecer uma gama diversificada de serviços financeiros em uma única plataforma, proporcionando conveniência e valor agregado aos clientes.
Sem o BaaS, o sistema financeiro do Brasil, com mais de 1,2 mil fintechs, certamente não contaria com serviços tão inovadores como os atuais, que vão desde antecipação de créditos agrícolas a ofertas de pagamentos com múltiplas contas, usando o Open Finance.
Uma característica importante ainda é a capacidade de permitir que bancos tradicionais compartilhem suas tecnologias por meio de APIs. Isso representa uma mudança significativa, já que essas tecnologias foram inicialmente desenvolvidas para criar bancos digitais internamente. Agora, elas são disponibilizadas para integração externa, criando oportunidades de inovação e colaboração no setor financeiro.
Desafios
Para as fintechs e os bancos digitais, o grande desafio não é mais “estrear no mercado”, mas, sim, fidelizar os clientes em um setor competitivo e com serviços de pagamentos gratuitos, como o Pix.
Dessa maneira, é necessário criar uma rede de serviços e motivações para mantê-los engajados. Por isso, o BaaS é tão importante para o futuro das fintechs ao “livrar” as empresas da carga massiva de desenvolvimento e regulamentação, deixando a criatividade livre para a estruturação de ofertas e produtos inovadores.
Tendência que vai se consolidar ainda mais com o Drex e a CBDC do Banco Central do Brasil. Segundo o próprio regulador, as empresas terão ainda mais autonomia para inovar e criar modelos de negócios dentro dos limites regulatórios.
Há uma história muito conhecida no setor de fintechs que ilustra muito bem os desafios dessa nova era da economia digital. Em 2020, a Blockbuster se recusou a comprar a Netflix, alegando que a internet não tinha futuro promissor no ramo. O resultado dessa decisão nem é preciso mencionar e deixou uma lição clara: ou você mira nas inovações, ou você morre.
O Bankly, uma empresa do Grupo BV, é uma plataforma de Banking as a Service com sua própria licença bancária. Seu propósito é descentralizar a oferta de serviços financeiros permitindo que cada empresa possa virar uma fintech e criar e escalonar suas soluções.
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