Segundo estudos avanços significativos em categorias como streaming e imagens, mas destaca áreas que ainda precisam de melhorias
A quinta edição da pesquisa sobre a experiência de uso de sites por pessoas com deficiência no país identificou uma piora na acessibilidade dos sites brasileiros, situação que ainda está longe de ser a ideal. A pesquisa foi realizada pela BigDataCorp, principal empresa de coleta de dados da América Latina, em parceria com o Movimento Web para Todos (WPT).
Os organizadores avaliaram 26,3 milhões de sites ativos no país, número 11% maior do que em 2023. Apesar do salto de 0,5% em 2022 para 3,3% em 2023 no sucesso de todos os testes aplicados, a queda para 2,9% em 2024 mostra que ainda há variações significativas que podem ser atribuídas a novos sites e ao momento específico da análise dos dados.
Para Thoran Rodrigues, CEO da BigDataCorp, os resultados do ano mostraram que ainda há muito a ser melhorado nos sites brasileiros. “O aumento da quantidade de sites ativos, principalmente os sites pequenos, nos quais a preocupação com acessibilidade não está no topo, é um dos fatores que pode indicar o declínio da acessibilidade digital no país. Também vale mencionar que, conforme aumenta a complexidade dos sites e da navegação, a tendência de testes falharem fica cada vez maior”, afirma.
Todas as categorias tiveram uma pequena melhora na conformidade com todos os testes. A grande maioria teve saltos de 1 a 2 pontos percentuais em comparação com o ano anterior. Em 2022 a média de todas as categorias ficava em torno de 0,3%. Em 2023 esse número passou para 2,6% e em 2024 para 3,3%. A categoria responsável por elevar esse número foi a de streaming, que teve um aumento acima da média (mais de 9 pontos percentuais).
Para Reinaldo Ferraz, especialista em acessibilidade digital do NIC.br, em relação aos formulários e links, foi vista uma estabilidade com um leve crescimento, o que é positivo. Imagens com descrição tiveram um aumento significativo na conformidade, mas ainda não dá para comemorar.
“O salto no percentual de imagens com descrição de 15,8% em 2022 para 42,8% neste ano surpreende, talvez devido a ferramentas de geração automática de descrições ou outro recurso desconhecido. O problema é que não conseguimos mensurar a qualidade dessas descrições, se elas efetivamente descrevem as imagens publicadas nas páginas. É importante investigar tanto o motivo desse aumento quanto a qualidade das descrições geradas”, destaca.
Dos sites governamentais analisados, 90% apresentaram algum problema de acessibilidade em 5 testes realizados, com apenas 10% deles sem falhas. Comparativamente, em 2023, 97,7% dos sites governamentais tinham problemas, com 2,3% sem falhas.
“É alarmante que quase todos os sites governamentais ainda apresentam problemas de acessibilidade. Apesar das variações dos dados ao longo dos anos, é visível que há uma necessidade urgente de ações mais efetivas. Melhorar a acessibilidade digital não só cumpre uma obrigação legal, mas também garante inclusão, transparência e acesso igualitário a todos os cidadãos brasileiros”, comenta Thoran.
A nova edição do estudo revelou variações significativas na acessibilidade entre diferentes tipos de sites. Blogs melhoraram levemente, com a taxa de falha caindo de 98,8% em 2019 para 97,3% em 2024, e sites sem falhas aumentando de 1,2% para 2,7%. Sites educacionais mantiveram estabilidade, com 96,1% falhando nos testes e 3,9% sem falhas. No e-commerce, a taxa de falha se manteve alta em 97%, mostrando ligeira melhora. Sites de notícias melhoraram ligeiramente, com 96,6% falhando e 3,4% sem falhas.
“Sabemos que a maioria desses sites pequenos é gerada a partir de plataformas que constroem, de forma automática, páginas web, e que quem opta por esse tipo de serviço não consegue eliminar as barreiras porque não tem autonomia técnica para isso. Diante desse cenário, esperamos que essas empresas assumam sua responsabilidade na entrega de templates web que adotem nativamente as diretrizes WCAG, , pois isso geraria um impacto positivo muito grande social e economicamente”, diz Simone Freire, idealizadora do Movimento Web para Todos.
Evolução do estudo de acessibilidade em sites ao longo dos últimos cinco anos
Metodologia
A BigDataCorp utilizou o processo de captura de dados da internet extraídos de visitas a todos os sites brasileiros (ativos e inativos), dos quais são obtidas informações estruturadas e seus links. Para esse estudo, foram desconsiderados os sites inativos, ou seja, os que estavam fora do ar ou que não responderam a visitas por quatro semanas seguidas. Assim, foram considerados neste estudo 26.3 milhões de sites brasileiros.
É importante destacar que foram aplicados apenas os testes válidos para cada tipo de site de acordo com o conteúdo nele publicado. A ferramenta coletou os sites e verificou em todas as páginas públicas se existia, por exemplo, formulários e imagens, e se estão de acordo com os critérios selecionados para a verificação. As páginas protegidas por senha não foram avaliadas.
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