Crypto-agility (ou agilidade criptográfica) é a capacidade de um sistema, aplicação ou infraestrutura de adaptar-se rapidamente a mudanças em algoritmos criptográficos sem exigir grandes modificações ou interrupções operacionais e é sobre isso que nosso artigo vai tratar.
A segurança digital entrou em um novo ciclo: não basta mais estar seguro — é preciso estar preparado para mudar rápido. A ameaça quântica não é futura, é iminente. E os líderes de segurança da informação sabem que o risco de ruptura está nos detalhes invisíveis.
Por Abílio Branco

Não é o algoritmo em si que representa o maior risco. É a rigidez dos ambientes que não conseguem atualizar, migrar ou se adaptar em tempo hábil. Nesse contexto, crypto-agility ou criptoagilidade em português, deixa de ser uma vantagem competitiva e passa a ser um pré-requisito de sobrevivência institucional.
Crypto-agility é mais do que tecnologia — é estratégia
Implementar crypto-agility exige uma base robusta:
- Identificação automática de ativos criptográficos e certificados
- Classificação inteligente dos dados sensíveis
- Criptografia transparente sem impacto nas aplicações
- Gerenciamento centralizado de chaves e segredos, inclusive em ambientes multinuvem
- Suporte simultâneo a algoritmos tradicionais e pós-quânticos com desempenho estável
Essas funcionalidades já são realidade em soluções avançadas que adotamos na Thales1 com aplicação prática em ambientes de alta complexidade.
O dilema dos CISOs: onde está o inventário criptográfico?
Uma pergunta tem se repetido em reuniões estratégicas de segurança: “Sabemos quais algoritmos criptográficos estão em uso na nossa organização?” E a resposta é, na maioria dos casos, não totalmente.
A falta de visibilidade criptográfica impede uma transição segura. Ambientes legados, rotinas de desenvolvimento pouco integradas e ausência de frameworks regionais de governança criptográfica dificultam qualquer plano estruturado para crypto-agility, nesse cenário, é o único caminho possível para evitar vulnerabilidades sistêmicas — especialmente na América Latina, onde os ciclos tecnológicos são mais fragmentados.
Abordagens híbridas e os limites da compatibilidade
A adoção de arquiteturas híbridas — que combinam algoritmos clássicos com os pós-quânticos — tem sido a estratégia mais viável para organizações que precisam manter compatibilidade com bilhões de dispositivos legados. No entanto, nem todos os ambientes operacionais estão preparados para lidar com chaves que excedem 10KB ou latências adicionais em operações críticas.2
Na Thales, já observamos essas dificuldades em projetos com setores como finanças, telecomunicações e identidade digital. E a recomendação é clara: a estrutura crypto-agility deve preceder qualquer tentativa de atualização criptográfica, ou o projeto estará condenado ao fracasso operacional.
O debate não é mais “se” os algoritmos serão quebrados — mas “quando” e “como” as organizações estarão preparadas para reagir.
Em um cenário de vulnerabilidade crescente, os CISOs precisam assumir o protagonismo da transformação criptográfica com urgência. Crypto-agility é o único caminho que oferece tempo, flexibilidade e governança real. Sem ela, qualquer avanço será frágil, transitório — e potencialmente irreversível.
Soluções Thales relacionadas no artigo.
- CipherTrust Data Security Platform, PQC Starter Kit, Post-Quantum Crypto Agility Tool ↩︎
- Luna HSMs, CipherTrust Transparent Encryption, High Speed Encryptors ↩︎
Sobre o autor: Abílio Branco, Diretor Regional de Data & App Security para o Brasil e América Latina do Sul na Thales, lidera iniciativas de cibersegurança voltadas para setores críticos como finanças, telecomunicações, saúde e infraestrutura.
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Sobre Thales

A Thales (Euronext Paris: HO) é líder global em tecnologias avançadas para os setores de Defesa, Aeroespacial, Cibersegurança e Digital. Seu portfólio de produtos e serviços inovadores aborda vários desafios importantes: soberania, segurança, sustentabilidade e inclusão. O Grupo investe mais de € 4 bilhões por ano em Pesquisa e Desenvolvimento em áreas chave, especialmente para ambientes críticos, como Inteligência Artificial, Cibersegurança, tecnologias quânticas e de nuvem.
A Thales tem mais de 83.000 funcionários em 68 países. Em 2024, o Grupo gerou vendas de 20,6 bilhões de euros.
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