SÃO PAULO – As onze pessoas presas pela Polícia Federal (PF) na Grande São Paulo e litoral paulista acusadas acusada de clonar cartões de crédito pode ter lesado cerca de 10 mil pessoas.
O prejuízo, de acordo com a PF, pode chegar a R$ 15 milhões. Além de São Paulo, clientes de operadoras de cartões de crédito foram lesados no Ceará, Pernambuco e Maranhão.
De acordo com a PF, os criminosos fingiam ser técnicos de manutenção de máquinas onde são passados os cartões. Em alguns casos, as máquinas sequer eram retiradas do respectivo estabelecimento comercial. Os bandidos usavam um dispositivo que permitia uma conexão sem fio. Um bandido ficava em algum lugar com um computador e obtinha assim dados de clientes.
Na operação, batizada de Pós-Habilitado, os agentes federais, além de cartões clonados, apreenderam impressoras para fabricação desses cartões e máquinas adulteradas. A ação ainda cumpriu 24 mandados de busca e apreensão. Segundo a PF, a Justiça autorizou o seqüestro de bens e o bloqueio de contas bancárias dos investigados, para futuro ressarcimento à Caixa Econômica Federal e outros bancos lesados.
A investigação começou há cinco meses, depois que uma empresa detectou a instalação fraudulenta de três máquinas adulteradas em estabelecimentos filiados. Funcionários da própria empresa credenciadora foram cooptados pela quadrilha para a instalação das máquinas.
Após recuperar as trilhas ilegalmente capturadas, a quadrilha confeccionava os clones dos cartões, para uso próprio ou revenda para outros grupos criminosos.
– Eles tinham uma parte dos dados capturados, e confeccionavam os cartões para efetuar saques. Outra parte da quadrilha vendia esses cartões, uma espécie de empresa organizada – diz o delegado Osvaldo Scalezi.
Em alguns casos, comerciantes permitiam o uso indiscriminado de cartões clonados em seus estabelecimentos. O dinheiro era repassado aos criminosos e eles recebiam comissão.
Os cartões clonados eram utilizados para compras de alimentos, eletrônicos, joias e outros produtos, que era vendidos a receptadores pela metade do preço da nota fiscal.
Na noite desta quinta-feira, a polícia foi chamada num dos maiores shoppings da Zona Sul de São Paulo após comerciantes desconfiar de alguns clientes que estariam usando cartões clonados. Os policiais cercaram o local, mas ninguém foi preso.
Os suspeitos serão indiciados por furto qualificado, mediante fraude e formação de quadrilha e, se condenados, estão sujeitos a penas que variam de 2 a 8 anos de reclusão.
A operação faz parte do Projeto Tentáculos, desenvolvido pela PF para combater crimes de clonagem de cartão e de fraude em internet banking.
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