Longe da obsolescência, o débito reinventa-se como ferramenta de vanguarda na proteção financeira
Um paradoxo financeiro marca o primeiro trimestre de 2025: enquanto transações totais com cartão de débito recuaram 0,4%, seu uso digital explodiu. Dados da Abecs revelam crescimento de 43,4% em pagamentos por aproximação e expansão histórica de 543% nas compras online desde 2019, sinalizando a transformação do instrumento em aliado estratégico contra fraudes.
Um aparente paradoxo financeiro marca o primeiro trimestre de 2025 no Brasil: enquanto o volume total transacionado com cartão de débito registrou uma leve queda de 0,4% em comparação ao mesmo período do ano anterior, totalizando R$ 240,3 bilhões, o uso digital do instrumento explodiu, conforme o mais recente balanço da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Essa dualidade, com um leve decréscimo geral e um crescimento exponencial no ambiente digital, sinaliza uma transformação profunda nos hábitos de consumo do brasileiro e reforça a inserção do débito como um aliado estratégico na segurança das transações.
A Revolução Contactless: Conveniência e Segurança Lado a Lado
Os pagamentos por aproximação, ou contactless, são um dos grandes protagonistas dessa reinvenção. O cartão de débito transacionou R$ 116,6 bilhões por aproximação no primeiro trimestre de 2025, representando um crescimento robusto de 43,4% na comparação interanual e um avanço de 38,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Essa ascensão, longe de ser apenas uma questão de praticidade, reflete uma crescente confiança nas tecnologias antifraude embarcadas.
Ricardo de Barros Vieira, vice-presidente executivo da Abecs, enfatiza a mudança de comportamento: “O maior uso do débito por aproximação indica um novo padrão de comportamento do consumidor brasileiro, que busca praticidade e agilidade nas compras do dia a dia, sem abrir mão da segurança”. Complementando essa visão, Rogério Panca, ex-presidente da Abecs, destaca a segurança intrínseca dessa modalidade: “O NFC [Near Field Communication, tecnologia por trás do pagamento por aproximação] representa uma barreira técnica contra clonagem”.
Essa segurança é sustentada por pilares robustos: a tokenização dinâmica, que gera códigos únicos para cada transação; a criptografia EMV, que torna os dados inúteis para hackers; o controle em tempo real via aplicativos bancários; e a virtual eliminação de riscos de skimming (cópia de dados do cartão) em terminais de pagamento.
A Ascensão do Débito Virtual: Adaptando-se ao Novo Consumidor
No ambiente online, o débito vive uma revolução silenciosa, mas impactante. As compras virtuais com cartão de débito apontam para a mesma mudança de hábito, de um consumidor interessado em utilizar diferentes modalidades digitais de cobrança, priorizando a conveniência e a segurança.
No primeiro trimestre deste ano, o débito online transacionou R$ 4,1 bilhões, com um crescimento de 16% em relação ao ano anterior, um avanço muito similar ao uso online do crédito no período (16,6%).
No entanto, é na comparação com o período pré-pandemia que a evolução do uso virtual do débito fica mais evidente: do primeiro trimestre de 2019 para o primeiro trimestre de 2025, o uso online do débito avançou impressionantes 543,3%, enquanto o crédito cresceu 259,8% no ambiente virtual no mesmo período.
Esse salto deve-se à convergência de fatores como a adoção massiva de autenticação forte com biometria e tokens, a popularização de cartões virtuais descartáveis e a certificação PCI-DSS (Payment Card Industry Data Security Standard) em plataformas de pagamento. Ricardo Vieira explica: “Padronizamos a segurança do débito remoto. Hoje opera em aplicativos e assinaturas com criptografia de nível bancário”.
O Novo Consumidor Digital e a Reinvenção Segura do Débito

A migração para canais digitais revela uma profunda mudança comportamental. Pagamentos por aproximação tornaram-se uma rejeição implícita a tecnologias mais vulneráveis, como a tarja magnética. No ambiente online, um número crescente de usuários ajusta limites de transação via aplicativos, e a autenticação em duas etapas virou padrão. Essa vigilância ativa redefine a relação do brasileiro com os instrumentos financeiros tradicionais.
Longe da obsolescência, o débito se reinventa como uma ferramenta de vanguarda na proteção financeira. Seu renascimento digital atende à demanda por transações irreversíveis (reduzindo chargebacks fraudulentos), rastreabilidade total com notificações instantâneas e controle cibernético via tokenização. Tecnologias como NFC e cartões virtuais consolidam-se como o novo padrão-ouro em pagamentos seguros, respondendo à exigência do consumidor por conveniência blindada.
Proteção Prática para o Dia a Dia
Para maximizar a segurança no uso do débito, especialistas recomendam algumas ações: limitar transações por aproximação sem senha para valores abaixo de R$ 100, exigir autenticação em duas etapas em compras online e utilizar cartões virtuais descartáveis em assinaturas e e-commerces. Essas práticas, aliadas aos avanços tecnológicos contínuos do setor, fortalecem a proteção do usuário no ecossistema financeiro digital.
Este novo cenário de uso do débito digital, marcado por um crescimento robusto em transações por aproximação e compras online, reflete não apenas uma mudança de hábito, mas também a consolidação do instrumento como uma modalidade segura e eficiente para as transações diárias. Como profissionais da área de segurança e financeira, o que vocês consideram ser os próximos passos para aprimorar ainda mais a segurança e a usabilidade do débito no Brasil?
Fontes:
- Dados: Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços)
- Tecnologia NFC: https://youtu.be/9J2_ZfvD2mU
- Cartões Virtuais: https://youtu.be/e58XCC2mCCc

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