Um olhar crítico sobre o malware Banshee Stealer e a suposta vulnerabilidade do macOS
A primeira quinzena de janeiro de 2025 foi marcada por notícias alarmantes sobre um ataque hacker em larga escala, utilizando o malware Banshee Stealer que teria afetado milhões de usuários do sistema operacional macOS da Apple.
As notícias divulgadas relataram que o ataque do Banshee Stealer afetou cerca de 100 milhões de usuários de macOS em todo o mundo, o que representaria uma parte significativa da base total de usuários, estimada em 100,4 milhões.
O malware Banshee Stealer, até então, foi capaz de capturar informações confidenciais, incluindo dados de carteiras de criptomoedas, o que gerou grande apreensão na comunidade de investidores. No entanto, uma análise mais aprofundada do caso, incluindo o posicionamento de um funcionário Apple e de especialistas em segurança como a Check Point Research, sugere que o impacto do ataque pode ter sido superestimado.
O que é o Banshee Stealer?
De acordo com a Check Point Research, o Banshee Stealer é um malware vinculado a criminosos cibernéticos de língua russa que tem como alvo usuários do macOS. Ele opera como um “Phishing-as-a-service (PhaaS). Era vendido por US$ 3.000 e anunciado em plataformas como Telegram e fóruns online como XSS e Exploit.
O malware é capaz de roubar uma variedade de dados confidenciais, incluindo:
- Credenciais de navegadores
- Informações de login
- Carteiras de criptomoedas
- Arquivos confidenciais
Como o ataque aconteceu?
O Banshee Stealer se propagava através de sites falsos e phishing, disfarçando-se de softwares conhecidos como Chrome, Telegram e TradingView, e atraindo usuários desavisados para repositórios maliciosos do GitHub.
Um dos aspectos mais preocupantes do Banshee era sua capacidade de escapar da detecção por antivírus. A Check Point Research revelou que o malware utilizava um algoritmo de criptografia de string idêntico ao usado pela Apple em seu próprio mecanismo antivírus, o XProtect. Essa tática permitiu que o Banshee permanecesse indetectável por mais de dois meses.
De acordo com a Check Point, o malware não foi detectado por mais de dois meses devido ao uso de criptografia de string. Isso permitiu que ele ignorasse a detecção do antivírus.
A resposta da Apple sobre o Banshee Stealer
Apesar da gravidade do ataque, a Apple não emitiu uma declaração oficial específica sobre o Banshee Stealer. Porém, Patrick Wardle, especialista em segurança da Apple, minimizou a ameaça em entrevista ao portal BeInCrypto, classificando o Banshee como um malware “médio” e afirmando que as defesas embutidas no macOS, como o TCC (Transparência, Consentimento e Controle) e as proteções do macOS 15, limitam sua eficácia.
Wardle afirmou que o malware requer interação do usuário para funcionar, o que reduz seu impacto no mundo real. Ele criticou a mídia por exagerar o risco, especialmente para a comunidade de criptomoedas.
Segundo Wardle declarou ao BelnCrypto, veículos de comunicação como a Forbes e o New York Post criaram pânico com suas reportagens. “Eles relataram que mais de 100 milhões de usuários da Apple estavam em risco com o malware. A notícia era especialmente preocupante para a comunidade cripto, pois ataques a carteiras criptográficas poderiam levar a grandes perdas.“
Wardle, afirma que a cobertura sensacionalista está exagerando a gravidade da situação em mais de 1000%, o que é completamente fora de proporção. Para Wardle, é crucial analisar o incidente com base em fatos e dados concretos, evitando o alarmismo e a desinformação. Ele elogia a postura da Check Point Research, que em sua postagem original sobre o Banshee, manteve o foco nos detalhes técnicos e evitou o sensacionalismo.
Essa declaração de Wardle reforça a importância de uma análise crítica e contextualizada das notícias sobre segurança cibernética, especialmente em casos que geram grande repercussão na mídia.
O especialista também enfatizou que a versão atualizada do Banshee, assinada ad-hoc, representa uma ameaça muito menor do que a inicialmente divulgada. No macOS 15, o método “clique com o botão direito, abrir” usado para contornar a segurança não funciona mais, o que dificulta ainda mais a ação do malware.
O impacto real do ataque
Embora o Banshee Stealer represente uma ameaça real, é crucial analisar o incidente com cautela e evitar o alarmismo. As defesas nativas do macOS, como o TCC, limitam a ação do malware e protegem dados sensíveis.
É importante lembrar que nenhum sistema operacional é totalmente imune a ameaças. A falsa sensação de segurança, especialmente entre os usuários de macOS, pode ser ainda mais perigosa do que o malware em si.
A crescente popularidade do macOS o torna um alvo cada vez mais atraente para cibercriminosos. Usuários devem estar atentos a ataques de phishing, softwares maliciosos e outras ameaças, adotando práticas de segurança como:
- Manter o sistema operacional atualizado
- Utilizar senhas fortes e únicas
- Ter cuidado ao clicar em links ou baixar arquivos de fontes desconhecidas
- Instalar softwares de segurança confiáveis
Ainda não há a versão oficial dos fatos, mas é conveniente que a analise final seja concluída após a apuração do incidente.
A Curiosidade por Trás do Nome “Banshee Stealer”
A escolha do nome “Banshee Stealer” para o malware que atacou à Apple. “Banshee”, na mitologia irlandesa, é um espírito feminino que, com seus lamentos e gritos, anuncia a morte iminente de alguém. Essas criaturas são descendentes das Fadas, e se tratam da espécie mais tenebrosa de todas elas. Curiosamente as Banshees também possuem aspectos fantasmagóricos, já que são reconhecidas como os Espíritos da Maldição, tais estes obtinham habilidades de precognição. No contexto do ataque cibernético, o nome evoca a natureza furtiva e destrutiva do malware, que se infiltra nos sistemas das vítimas para roubar seus dados e informações confidenciais.
O termo “Stealer” (ladrão), por sua vez, reforça a principal função do malware: o roubo de dados. A combinação de “Banshee” e “Stealer” cria uma imagem poderosa e assustadora, transmitindo a sensação de ameaça iminente e perda de controle sobre informações valiosas.
Cibersegurança: Proteção Baseada em Fatos
A cibersegurança é essencial para proteger sistemas, redes e dados contra uma variedade de ameaças cibernéticas. Sejam ataques de malware, phishing, ransomware ou outras táticas maliciosas, a proteção é fundamental. No entanto, é crucial basear-se em fatos e análises técnicas sólidas, evitando o sensacionalismo que pode levar à desinformação.
Em nossa coluna sobre Cibersegurança, você encontra análises aprofundadas, tendências atuais e orientações práticas para se manter um passo à frente no mundo das ameaças digitais em constante evolução. Conheça a coluna Cibersegurança e divulgue!


Cadastre-se para receber o IDNews e acompanhe o melhor conteúdo do Brasil sobre Identificação Digital! Aqui!