Quando pensamos em ataques virtuais, logo nos vêm à mente clonagens de cartões de crédito, roubo de dados de navegação ou piratas cibernéticos acessando sistemas de bancos – temas diretamente ligados ao consumo e ao dinheiro
Por Valmir Colodrão*
Em um mundo onde a Internet e a tecnologia estão facilitando cada vez mais o dia a dia, é inevitável que as empresas, dos mais variados segmentos, adotem a informatização tanto para uma melhor interface com os clientes, como para melhorar processos internos em busca de otimização de recursos e maior rentabilidade.
Para empresas cujo ramo principal não é a tecnologia, porém, a implantação de soluções de segurança cibernética é desafiadora por conta da complexidade e necessidade de maior expertise, com isso, em muitos casos, a decisão é por limitar os investimentos em segurança digital. E rezar para que nada dê errado.
Nas empresas de transporte não é diferente. Contudo, esse tipo de vulnerabilidade pode ser descoberto por hackers, o que representa um risco evitável para as empresas. Veja alguns exemplos do que a falha de segurança pode causar nesse setor:
1. Overbooking e perda da viagem
Vendas de passagens online economizam tempo e garantem o lugar no transporte com antecedência, certo?
No entanto, é possível furar a segurança do sistema, facilitando a criação de um overbooking que, se concretizado, pode levar os passageiros a perderem viagens e causar problemas de reputação para a marca, especialmente em datas de maior procura, como no final de ano ou carnaval.
Na direção contrária, além de tornar os sistemas mais seguros, o investimento em TI pode usar de algoritmos bastante precisos para estabelecer uma margem segura de confirmações de passagens, evitando a concretização do overbooking.
2. Violação da privacidade de clientes e passageiros
Como em outros serviços cuja reserva e pagamento estão cada vez mais digitais, seja por meio de sites ou por aplicativos em dispositivos móveis, todas as empresas, inclusive as de transportes de passageiros têm a responsabilidade de manter os dados de seus clientes seguros, sejam informações bancárias ou pessoais.
O vazamento deles pode levar à necessidade de indenização. Se considerarmos o alto volume mensal de passagens vendidas, esse seria um prejuízo com grande impacto financeiro.
3. Paralisação nos serviços devido a ataques de hackers
Parece lógico imaginar que quadrilhas digitais estejam mais interessadas em hackear sistemas de bancos, empresas varejistas e agências governamentais, ambientes com maior potencial de rentabilização.
Há, porém, outra modalidade de crime que precisa estar no radar: ransomware, quando os computadores são “sequestrados” e os hackers cobram um resgate em BitCoins para desbloqueá-lo, prática cada vez mais frequente independentemente do segmento da empresa.
4. Roubo de cargas
Em um país como o Brasil, em que o transporte rodoviário é uma das bases da economia, atingi-lo pode ser estratégico. Rastreamento e monitoramento por GPS são boas ferramentas para evitar o roubo de cargas, mas se esses sistemas não forem efetivamente seguros, acabarão apenas facilitando o trabalho de piratas cibernéticos.
Particularidades como o tipo de carga, trajeto e valor econômico requerem estratégias de segurança mais sofisticadas.
5. Exposição de dados da empresa
Mesmo os computadores utilizados pelos funcionários das empresas não estão fora do radar de ataques cibernéticos. Segundo o fabricante do software de antivírus Avast, 52% dos aplicativos para desktop mais populares estão desatualizados, em uma base de cerca de 6,5 milhões de pessoas.
Entre os principais riscos de operar com softwares desatualizados, está o acesso remoto à rede da empresa sem proteção, um erro de alta criticidade que pode levar ao roubo de informações fundamentais e sigilosas.
*Valmir Colodrão é CEO da Praxio, empresa de tecnologia especializada na cadeia de transporte e logística.