Em coletiva, presidente do Tribunal afirmou que o único impacto decorrente das tentativas de ataques de hackers ao sistema do TSE não afetaram resultados das Eleições foi um atraso na divulgação do resultado de pouco mais de duas horas ocasionado pela pane do equipamento contratado da empresa Oracle
As tentativas de ataques cibernéticos sofridas pelo sistema de totalização de votos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nem 15 de novembro de 2020 não foram capazes de interferir no resultado que as urnas apresentaram ao final do dia da eleição.
A afirmação foi feita pelo presidente do Tribunal, ministro Luís Roberto Barroso, durante coletiva à imprensa, em que fez um balanço do primeiro turno das Eleições Municipais de 2020.
Depois de uma apuração complexa, a equipe de especialistas da Secretaria de Tecnologia da Informação do TSE identificou 486 mil conexões por segundo para tentar derrubar, sem sucesso, o sistema de totalização de votos.
“Houve um ataque massivo proveniente dos Estados Unidos, da Nova Zelândia e do próprio Brasil para tentar ultrapassar as barreiras de segurança de Tecnologia da Informação do TSE, mas que não obteve nenhum êxito”, garantiu Barroso.
O ministro explicou ainda que os dados administrativos vazados de funcionários e ex-ministros do Tribunal referiam-se aos anos de 2001 a 2010 e que foram divulgados neste domingo para causar impacto e a sensação de fragilidade do sistema.
“São milícias digitais e grupos extremistas, inclusive já investigados pelo Supremo Tribunal Federal, que entraram em ação. Já pedi a instauração, pela Polícia Federal, de uma investigação sobre o assunto”, afirmou.
O atraso nas apurações
A respeito do atraso na totalização dos votos, o ministro Luís Roberto Barroso explicou que um supercomputador foi fornecido pela empresa Oracle para computar, de forma centralizada, os dados provenientes das urnas eletrônicas de todo o país.
Um dos oito 8 núcleos de processamento da máquina fornecida pela Oracle queimou.
A empresa de processamento de dados norte-americana Oracle foi contratada pela Justiça Eleitoral para fornecer infraestrutura necessária para a contagem de votos.
Segundo o site Poder360, quando o equipamento falhou, a empresa não forneceu o suporte imediato para resolver o problema. Ainda segundo o Poder360, além da máquina, a Oracle vendeu ao TSE um serviço chamado de “Exadata Cloud at Customer Infrastructure“. O contrato custou R$ 26,24 milhões e foi realizado com dispensa de licitação, como consta no Diário Oficial da União.
O secretário de Tecnologia da Informação, Giuseppe Janino, disse que os peritos da Polícia Federal trataram a totalização da distribuição, no âmbito dos 27 Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) como uma tática chamada de redução de superfície de ataque.
“Quando se têm 27 pontos, em tese, você teria o mesmo número de chances de pontos para atacar. Mas quando você concentra em um ponto e, nesse ponto, se concentram vários requisitos de segurança, como uma sala cofre de segurança, além de vários softwares, gestão e um serviço de vigilância 24 horas por sete dias na semana, se tem uma possibilidade menor de ataques. E como vimos, foram apontadas mais de 480 mil conexões por segundo ao sistema durante a eleição (mais do que o dobro registrado em 2016). Então, foi essa a estratégia e recomendação da PF que possibilitou seguir com o sistema atual”, explicou.
Efetividade
O ministro Barroso ainda reforçou que as eleições e o sistema digital das eleições funcionaram com efetividade. Segundo ele, o novo sistema é seguro e está respaldado por protocolos de segurança já conhecidos.
“Não pretendemos voltar a um sistema anterior; não há nenhuma intenção de ruptura deste modelo, apenas continuidade com aperfeiçoamento do atual”, destacou.
No entanto, em razão da pandemia de Covid-19, o equipamento não pode ser entregue na data prevista e os testes prévios com os ambientes simulados da eleição não foram realizados.
“A inteligência artificial demorou a processar os dados no volume desejado. Além disso, houve uma falha em um dos núcleos do equipamento”, destacou o presidente do TSE. De acordo com ele, o único impacto decorrente desse problema foi um atraso na divulgação do resultado de pouco mais de duas horas.
E-Título
Em relação à pane apresentada pelo e-Título ao longo do primeiro turno do pleito, o ministro explicou ainda que a origem da falha ainda está sendo estudada pela equipe de TI do Tribunal, que trabalha com duas possibilidades: um erro na concepção do app ou problemas de suporte devido ao grande volume de acessos que ocorreram na manhã de domingo (15).
Segundo informou, somente no dia do pleito, foram recebidas mais de 12 milhões de solicitações de emissão do e-Título, fato que gerou uma fila de atendimento no sistema. Ainda de acordo com o ministro, a expectativa é de que as falhas sejam detectadas e corrigidas até o segundo turno das Eleições Municipais 2020.
Mais de 600 mil justificativas de ausência às seções eleitorais foram feitas pelo aplicativo, no domingo, e houve ainda 3 milhões de visualizações de consultas ao local de votação.
Nesta segunda-feira (16), foram registrados mais de 700 mil downloads do e-Título, e 460 mil justificativas foram feitas pelo aplicativo. Quem não compareceu à seção eleitoral para votar pode justificar por meio do aplicativo, em um cartório eleitoral ou pelo site Justifica (www.justifica.tse.jus.br), em até 60 dias após o pleito.
Saiba sobre as eleições do futuro
Lançado em setembro, o projeto “Eleições do Futuro” tem como objetivo iniciar estudos e avaliações para eventual implementação de inovações no sistema eleitoral e as empresas selecionadas deverão preencher três requisitos: segurança da votação, proteção ao sigilo do voto e eficiência.
No primeiro turno das Eleições Municipais de 2020, as cidades de Curitiba (PR), Valparaíso de Goiás (GO) e São Paulo (SP) foram palco de demonstrações de propostas de inovações para o sistema eletrônico de votação adotado no Brasil desde 1996.
Com o projeto, o Tribunal espera conhecer o que as empresas têm a oferecer em conhecimento e tecnologia. A ideia será transmitida aos ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes, que serão os responsáveis por organizar e conduzir as Eleições de 2022.
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Certisign apresenta solução de votação à distância neste domingo. Ouça