Até onde se tem o direito de quebrar a privacidade do cidadão em nome da segurança ou da saúde? Essa discussão trouxe a público a nossa lei, LGPD
Por Enio Klein

A pandemia deixará marcas indeléveis em nossas atitudes, nossos comportamentos e até na forma em que vemos o futuro. Sob diversos cenários e perspectivas. Pessoalmente e profissionalmente.
A pretensa dicotomia entre privacidade e saúde veio à tona, a exemplo do que já vinha acontecendo em relação à segurança pública.
Até onde se tem o direito de quebrar a privacidade do cidadão em nome da segurança ou da saúde? Essa discussão trouxe a público a LGPD, a nossa legislação que trata de privacidade e proteção de dados.
E, a partir da lei, se vê a conscientização e preocupação da sociedade com o assunto. O passo seguinte, e já se percebe isso no dia a dia, mesmo que ainda de forma tímida, será cobrar dos fornecedores de bens e serviços (inclusive públicos) um posicionamento mais claro sobre a legitimidade, finalidade e a forma como protegem os dados pessoais que coletam.
Principalmente as sensíveis, como biometria, de saúde, entre outros. Contudo, considero como preocupação o fato de ainda percebermos no mercado uma polarização da propriedade do assunto entre as áreas jurídicas (ou conformidade) e a de tecnologia da informação.
Nos primeiros tempos, essa polaridade era compreensível, já que, como lei, é natural que os profissionais de direito estejam envolvidos. Passados quase dois anos de discussão, desde que a lei original foi promulgada, é preocupante a falta da percepção de que o cumprimento da lei passa necessariamente pelas áreas de negócio.
O que tenho notado pelos comentários em empresas que visito ou em lives que faço ou assisto, é que existe um hiato entre a perspectiva legal e a operação do negócio. As áreas de tecnologia têm tido grande dificuldade de saber o que precisam fazer para apoiar a empresa nesse sentido.
O resultado é que uma parte relevante dos projetos de adequação patinam por falta de engajamento adequado das áreas de negócio.
A quem cabe cumprir a lei
Certamente, não é a área de TI e nem a jurídica que irão cumprir a lei. O processo deve ser feito juntamente com RH, facilitadores e patrocinadores. O negócio em suas operações do dia a dia é que precisarão cuidar disso.
Campanhas de marketing, coleta de informações no ponto de venda, compartilhamento de informações com planos de saúde, biometria (inclusive a facial) para controle de frequência, por exemplo, são tratamentos realizados pelas áreas de negócio ou apoio.
E é sobre elas que recairão os maiores impactos para que a lei seja cumprida. Inclusive as sanções. Como deixa-las de fora? Elas não são coadjuvantes. São protagonistas e responsáveis pelo sucesso.
LGPD e a Covid-19: Os riscos do adiamento da lei para os negócios brasileiros
LGPD: por que os Serviços Gerenciados em SI devem estar na sua estratégia?
- LGPD e assinaturas digitais: como evitar multas em 2025?
- Semana do Consumidor: Proteção de Dados, Direitos e Prevenção a fraudes
- Roubo de dados bancários em smartphones triplicou em 2024, segundo Kaspersky
- Governança de Identidade e Acesso: Segurança e Conformidade na LGPD
- Proteção de Dados na LGPD: Obrigações para as Empresas
- Direito cibernético: proteção jurídica no ambiente digital
- Navegando pelas regulamentações de proteção de dados e privacidade
- LGPD: A Urgência da Conformidade e a Centralidade do Encarregado de Dados
- Segurança de dados: como PMEs podem se proteger no ambiente digital
- Dia Internacional da Proteção de Dados: DPODay 2025 celebra a data com especialistas no tema
- Dia Internacional de Proteção de Dados – Check Point Software ressalta a privacidade como prioridade estratégica às organizações
- 28 de Janeiro: Dia Internacional da Proteção de Dados Pessoais reforça a necessidade de proteger as informações de ameaças digitais crescentes
- Governo Proíbe Pagamentos em Troca de Coleta de Íris
- Dia Internacional da Proteção de Dados: a Privacidade 5.0 e o desafio de proteger dados pessoais em um mundo conectado
- Ordem Executiva de Biden fortalece a segurança cibernética dos EUA com foco em identidade digital, IA e proteção da privacidade
- O que é SecOps
- Fiscalização da ANPD: A importância da conformidade com a LGPD para a proteção de dados pessoais
- Empresas que utilizam cartões de crédito têm até março para implementar novas medidas de segurança digital
- Tecnologia alinhada à LGPD garante inclusão no mercado financeiro
- A Revolução da IA Emocional: Potencial, Desafios e o Papel da Regulamentação